segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Com eficiência de campeã, Beija-Flor revive carro de Joãozinho

A Beija-Flor honrou o título de campeã ao passar pela Sapucaí na madrugada de segunda-feira, com um tributo a São Luís do Maranhão e uma homenagem a Joãozinho Trinta, que morreu em dezembro do ano passado. A escola de Nilópolis reeditou, com desfecho inesperado, uma polêmica alegoria que o carnavalesco criou em 1989.

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A azul e branca, campeã do Carnaval carioca em 2011, representou na avenida a cobiça de França, Holanda e Portugal pelas terras maranhenses, a angústia dos escravos trazidos da África para São Luís, o folclore, a famosa festa do Bumba-Meu-Boi e seus filhos ilustres, como Joãozinho.

Para o carnavalesco Laíla, a escola fez um grande desfile. "É o que todo mundo está falando, agora é esperar o resultado", afirmou. "Para mim, é muito bom saber que a gente está no páreo, disputando o título", acrescentou ao deixar a avenida.

Laíla admitiu que tinha preocupação em terminar o desfile no tempo regulamentar, por causa do tamanho da escola, que veio com 50 alas e 7 carros.

O acabamento e eficiência das fantasias e alegorias, uma marca da escola, estiveram presentes do início ao fim do desfile, além da sinergia dos integrantes com o samba-enredo.  A escola, no entanto, não saiu da Sapucaí celebrada pelo público com o grito ‘'é campeã", como em outros Carnavais.

As homenagens a Joãozinho Trinta fecharam o desfile da escola de Nilópolis. No carro alegórico que encerrou o desfile representando São Luís, um trono vazio foi destinado ao carnavalesco e foi feita uma releitura do polêmico "Cristo Mendigo" de 1989. Na época, Joãozinho foi proibido de representar Cristo no carro e o trouxe coberto.

Uma escultura que entrou na avenida também coberta por um plástico preto, lembrando o episódio do passado, desta vez era a imagem do carnavalesco.
De braços abertos, numa posição característica de suas passagens pela avenida, ele estava no meio dos mendigos também do enredo "Ratos e Urubus", o vice-campeão daquele ano. Atrás do carro, uma faixa de agradecimento: "Valeu João, Valeu”.

"Nós pensávamos prestar essa homenagem a ele com vida. Infelizmente, ele fez a passagem e aí a gente resolveu trazer o Cristo mendigo e acredito que tenha sido bem representado", afirmou Laíla.

Para o puxador Neguinho da Beija-flor, se estivesse vivo, Joãozinho se faria presente no desfile da escola. "Tenho certeza que espiritualmente (Joãozinho) está conosco", afirmou. Joãozinho liderou os títulos da Beija-flor em 1976, 1977, 1978, 1980 e 1983, período em que revolucionou o Carnaval carioca, na opinião de críticos.




(Por Maria Pia Palermo, com reportagem de Pedro Fonseca)
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