Demanda de famílias com renda de mais de três salários
mínimos fez financiamento à moradia no estado crescer bem acima da média
nacional no ano passado
No Paraná, crédito à habitação é voltado a faixas de renda mais altas,
o que eleva o total financiado
A Caixa Econômica financiou 75.897 imóveis no Paraná em
2011, no total de R$ 5,95 bilhões, valor 22% mais alto que o registrado no ano
anterior. Essa taxa de expansão, estimulada pelo aumento do nível de emprego e
da massa salarial no estado, foi equivalente a mais de quatro vezes a
registrada em todo o território nacional, onde o crédito imobiliário cresceu 5%
e atingiu a marca de R$ 80,1 bilhões, que financiaram a compra de 1,097 milhão
de imóveis. Em Curitiba, o crescimento sobre o ano anterior foi ainda mais
forte, de 24%, em decorrência do financiamento de 27.305 imóveis no valor de R$
2,12 bilhões.
Segundo a
Caixa, em todo o país o principal impulso aos financiamentos veio da segunda
fase do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que começou em 2011. Além do
aquecimento econômico – segundo estimativas, a economia estadual cresceu acima
da média nacional em 2011 –, o crescimento acentuado no Paraná é atribuído ao
valor mais alto dos imóveis financiados. Em outros estados, onde o déficit
habitacional é mais alto, os financiamentos em geral têm valores menores, com a
maioria das contratações de imóveis por famílias com renda mensal de até três
salários mínimos. No Paraná, grande parte dos financiamentos se encaixa na
faixa de mais de três salários, o que puxa para cima o total financiado.
“O
desemprego está em baixa em todo o estado. A Região Metropolitana de
Curitiba vive uma situação de pleno emprego e, com isso, os rendimentos estão
em alta”, disse o superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Hermínio
Basso. “Além disso, o déficit habitacional no estado é menor, o que faz com que
o número de contratações na primeira faixa do programa Minha Casa, Minha Vida
seja menor aqui. A maioria dos financiamentos é para famílias com mais de três
salários mínimos”, completou.
Inadimplência
De acordo
com o superintendente, o aumento de crédito habitacional em todo o país foi
facilitado pela estabilidade da taxa de inadimplência na área de habitação –
que fechou o ano em 1,7% da carteira de clientes do banco, acima da marca de
dezembro de 2010 (1,6%) mas abaixo do índice do fim de 2009 (1,8%). “O índice é
bastante saudável. Mostra que o aprimoramento do sistema, em que se libera
crédito de acordo com as condições de pagamento do consumidor, está dando
certo. As análises rigorosas de crédito controlam o índice de inadimplência”,
diz o superintendente regional.
Círculo
virtuoso
Segundo o
diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, o crescimento da economia paranaense
gera um círculo virtuoso também sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), uma das principais fontes do financiamento de imóveis.
“O
aquecimento do mercado faz com que haja maior geração de emprego formal e mais
renda. Com isso, há uma contribuição maior para o fundo, o que se reverte em
recursos para a oferta de crédito à habitação”, diz Lourenço. Do crédito de R$
80,1 bilhões que a Caixa liberou para imóveis em todo o Brasil no ano passado,
R$ 31,3 bilhões – 39% – vieram do FGTS.
Carteira
total
Com a ajuda
do crédito habitacional, o saldo da carteira de crédito da Caixa aumentou 42%
na passagem de 2010 para 2011, totalizando R$ 249,5 bilhões. No Paraná, o saldo
aumentou 38%, para R$ 15,7 bilhões.
Gazeta do Povo
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