Homem acusado de
assassinar rapaz após uma briga por causa de barulho no Água Verde está
desaparecido
Familiares e amigos da vítima fizeram um protesto ontem no local do crime
O delegado Rubens
Recalcatti, titular da Delegacia de Homicídios de Curitiba, informou ontem
que deve pedir a prisão preventiva de Aldeildo Fonguer, suspeito de ter
assassinado a tiros Andersandio Soares Franco, de 22 anos, ao lado do Shopping
Água Verde, na última terça-feira. Fonguer está desaparecido desde o dia do
crime.
“Os indícios
mostram que ele é o autor”, disse o delegado. Até agora, 12 pessoas foram
ouvidas no inquérito que investiga a morte de Franco. “Algumas delas são muito
importantes para esclarecer realmente a verdade dos fatos”, completou. Ontem à
noite, familiares e amigos da vítima fizeram um protesto no local do crime para
pedir Justiça.
Mais cedo, em
coletiva, o delegado confirmou que a motivação do crime tem relação com o
incômodo que um grupo de jovens – do qual Franco participava – causava aos
moradores da região. Entre eles Fonguer, que é construtor autônomo. Segundo
Recalcatti, o grupo reunia-se no calçadão na lateral do shopping e fazia
algazarra, enquanto andavam de skate e consumiam bebida alcoólica. “Há relatos
até de consumo de drogas. Eles perturbavam os moradores e quem passava por
ali”, disse.
Na semana passada,
Fonguer teria se envolvido em uma briga com o grupo. Na ocasião, um adolescente
foi levado para a delegacia pela Polícia Militar após a confusão. Na
terça-feira, o construtor teria ido conversar com Franco sobre a confusão da
semana anterior, que foi gravada pelo rapaz e divulgada na internet. Depois de
alguns minutos de diálogo, os dois teriam iniciado uma nova briga, quando
Fonguer teria sacado uma arma e disparado dez vezes contra o rapaz. “O menino
que morreu estava com as mãos feridas. Há indícios de que ele tenha batido no
Aldeildo”, disse o delegado.
Polêmica
A demora da polícia
em abrir o inquérito e pedir a prisão do suspeito chegou a levantar polêmica
ontem. Mas, segundo Mário Soltoski Júnior, professor de Direito Criminal, a
conduta policial no caso até agora é acertada. Ele explica que o procedimento
de instaurar o inquérito é apenas uma formalidade e que isso pode ser feito a
qualquer momento. Sobre o fato de a prisão do assassino não ter sido pedida, Soltoski
pondera que só em algumas situações o acusado deve ficar preso. “A regra é a
liberdade”, resume.
A prisão pode
acontecer em flagrante ou por ordem judicial (nestes casos, em caráter
preventivo ou temporário, ou ainda para execução de uma pena definida em
sentença). Quando o caso ainda está em investigação e não houve julgamento, o
acusado só é preso quando há clara evidência de que ele pode continuar
cometendo crimes, quando há indícios fortes de que está destruindo provas ou
ameaçando testemunhas ou ainda quando há risco concreto de fuga. Como o
homicídio é de autoria conhecida, Recalcatti poderia até remeter o caso para o
distrito policial da região.
Por Heliberton Cesca, Mariana Scoz e Katia Brembatti
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