Maquinário que jamais foi usado no estádio
gera discórdia e leva empresa a cobrar dívida do Atlético. Clube rechaça o
débito

Perfuratriz hidráulica, estrutura usada para
perfurar o solo, encostada (à esquerda)
no pátio do Joaquim Américo:
aparelho gerou uma cobrança de quase R$ 500 mil
A Geotesc, empresa catarinense que realizaria as
fundações da reforma da Arena para a Copa do Mundo, decidiu abandonar a obra na
noite de ontem. Motivo: falta de pagamento.
De acordo com o advogado da companhia, Diego
Alexandre Pereira, a diretoria do Atlético ainda não honrou nada pelo aluguel
do uso da perfuratriz hidráulica – estrutura usada para perfurar o solo.
O equipamento chegou ao antigo estacionamento do
estádio no início de outubro, quando do lançamento da nova fase da edificação
rubro-negra, evento com a presença de autoridades políticas do estado. Nenhum
buraco foi feito, pois o clube foi sempre adiando o início das perfurações.
A companhia não quis confirmar o valor, mas a
dívida atleticana giraria em torno de R$ 500 mil. Este montante compreenderia
as diárias de locação da máquina (R$ 4 mil), testes e a produção de armaduras
para serem utilizadas quando as perfurações fossem iniciadas.
“Prefiro não entrar nesses detalhes, mas enviamos
quinzenalmente ao clube as faturas do aluguel”, garante Pereira.
Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o
Furacão não reconhece o acerto com a Geotesc e afirma que não vai pagar nada.
“Não assinamos contrato nenhum. Não existe nada
devido. Se quiserem cobrar, que façam isso judicialmente. O Atlético não vai
pagar nenhum tostão”, declara José Cid Campêlo Filho, conselheiro jurídico da
CAP/SA, sociedade anônima responsável por tocar a obra de conclusão da Baixada.
Campêlo complementa: “Eles colocaram a máquina
antes do tempo. Faltaram os ajustes finais do contrato. Não se trata de falta
de dinheiro ou de qualquer outro problema, mas qualquer situação com essa
empresa vai ser resolvida no âmbito jurídico, não há dívida alguma”.
A companhia rebate as afirmações do dirigente do Atlético:
“Temos a contratação. Foi dado aceite em propostas. Temos documentação de
contratação da obra. Representantes da empresa participaram de diversas
reuniões do projeto”, afirma Pereira.
Ele vai além, afirmando que a associação tentou um
acerto financeiro para se livrar do débito. “O presidente [do Atlético, Mario
Celso Petraglia] veio até a sede da nossa empresa [em Balneário Camboriú, Santa
Catarina], só que nos ofereceu um valor irrisório”.
Diante desse quadro, a Geotesc estava
providenciando a retirada da perfuratriz na noite de ontem, após ter entregado
uma notificação extrajudicial na sede administrativa do clube.
O imbróglio, porém, não afeta os trabalhos que
estão sendo realizados atualmente na praça esportiva, como a retirada da
cobertura metálica.
Entre diversas obras pelo Brasil inteiro, a
companhia catarinense participou da construção da Arena Pantanal, em Cuiabá,
outro estádio que servirá de sede para o Mundial de 2014.
Polêmica
Maquinário custa cargo de arquiteto
A perfuratriz hidráulica da Geotesc chegou à
Arena pouco antes do evento de lançamento das obras do estádio, no dia 4 de
outubro do ano passado. Marco inicial que ganhou forte contorno político, ao
contar com a presença do governador Beto Richa e do prefeito Luciano Ducci,
além dos representantes do Atlético, todos posando para fotos na futura sede do
estado para a Copa do Mundo do Brasil.
Mais tarde, a máquina acabaria envolvida numa
polêmica. Em janeiro deste ano, Mario Celso Petraglia, já na condição de
presidente do Rubro-Negro, decidiu demitir o engenheiro Flávio Vaz, responsável
pela reformulação da Baixada e funcionário do clube desde 2006. O motivo do
desligamento seria, justamente, o aparecimento da dívida com o aluguel da
Geotesc. O Atlético não confirma o motivo.
Câmara vota Lei Geral na terça
O projeto da Lei Geral da Copa deve finalmente
ser discutido e votado pela comissão especial da Câmara dos Deputados na
próxima terça-feira, após alterações feitas pelo relator, o deputado Vicente
Cândido (PT-SP), em itens que desagradavam ao governo federal.
Na nova versão do projeto, durante o Mundial –
e também na Copa das Confederações – os estudantes deixam de ter direito à
meia-entrada. Mas poderão adquirir bilhetes na faixa de US$ 25 (R$ 42,75), assim
como idosos e beneficiários do Bolsa Família e grupos sociais como os
indígenas.
A Fifa tem a expectativa de que a Lei Geral
seja sancionada no mês de março, mas é possível que demore mais do que isso.
Colaborou Cícero Bittencourt.
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