Açúcar é o principal ponto de conflito entre agência e indústria.
Se aprovada, proibição vigora 18 meses após publicação.
Se aprovada, proibição vigora 18 meses após publicação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decide nesta
terça-feira (13) se proíbe a inclusão de aditivos como açúcar e mentol nos
cigarros comercializados no Brasil. Em fevereiro, a Diretoria Colegiada da
agência já havia chegado a um consenso de que essas substâncias deveriam ser
proibidas, mas a decisão final foi adiada para a reunião desta terça.
Se os aditivos forem proibidos, os fabricantes terão até 18 meses
a partir da publicação da norma para tirar do mercado nacional todos os
cigarros com essas substâncias.
O julgamento envolve aditivos de sabor, que deixam o sabor e o cheiro do
tabaco mais agradáveis, como açúcar, mentol, chocolate, morango, cereja, canela
e cravo. Na avaliação dos especialistas técnicos da ANVISA, baseados em estudos
científicos, os aditivos não fazem mais mal ao organismo que um cigarro sem
eles, mas são usados para “atrair” novos fumantes -- principalmente os mais
jovens.
“A resolução terá impacto direto em uma das principais estratégias da
indústria para incentivar que jovens comecem a fumar, já que a adição de
substâncias, como mentol, cravo e canela, mascara o gosto ruim da nicotina e
torna o tabaco um produto mais atraente para esse público”, afirmou, em nota, o
diretor da ANVISA Agenor Álvares após a reunião de fevereiro.
Em manifesto divulgado em jornais do país, representantes da indústria
de tabaco e de cidades onde a planta é cultivada, criticaram a norma da ANVISA.
Segundo eles, "as medidas propostas são muito mais restritivas do que o
objetivo declarado".
De acordo com o texto, as entidades não têm problema com a proibição dos
cigarros com sabor. "Se esse, de fato, fosse o conteúdo da proposta
apresentada, não haveria qualquer objeção por parte da cadeia produtiva do
tabaco", dizem os fabricantes. "A proibição abrange praticamente
todos os ingredientes usados no processo produtivo, inviabilizando a fabricação
de 99% dos cigarros atualmente comercializados legalmente no Brasil,"
continua a nota.
Açúcar
Entre esses ingredientes, o principal ponto de discórdia é o açúcar.
Entre esses ingredientes, o principal ponto de discórdia é o açúcar.
A técnica usada para produção de cigarros no Brasil envolve uma
combinação de folhas de tabaco que tem um sabor muito ruim e é impossível de
ser usada em cigarros sem o auxílio do açúcar, segundo Iro Schünke, presidente
do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), uma das
entidades que assina a carta.
“Sem o açúcar, esse tabaco não tem condições de ser usado”, apontou
Schünke em entrevista ao G1.
“Não estamos falando de sabores atrativos. Aqui é sabor de tabaco”, esclareceu.
Segundo a primeira proposta da Anvisa, que seria votada em fevereiro, o
açúcar não seria proibido imediatamente e poderia continuar sendo usado como
aditivo por pelo menos um ano. O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano,
no entanto, quis mais detalhes sobre o uso do açúcar e, por isso, a decisão foi
adiada.
Impacto
Segundo a Anvisa, o número de marcas de cigarro com sabor disponíveis no mercado quase dobrou entre 2007 e 2010, de 21 para 40. Cerca de 600 aditivos são usados na fabricação de cigarros – 10% da massa de um cigarro é, na verdade, composta por aditivos.
Segundo a Anvisa, o número de marcas de cigarro com sabor disponíveis no mercado quase dobrou entre 2007 e 2010, de 21 para 40. Cerca de 600 aditivos são usados na fabricação de cigarros – 10% da massa de um cigarro é, na verdade, composta por aditivos.
Os produtores afirmam que 2,5 milhões de empregos estão ligados à cadeia
produtiva do cigarro, especialmente na região Sul. Cerca de 15% do tabaco
produzido no Brasil é voltado para o mercado interno. Os principais compradores
são os países da União Europeia e do Extremo Oriente.
G1 de SP
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