Walkíria Benites trabalhou como gari
enquanto fazia cursinho pré-vestibular.
Ela passou em 29º lugar para faculdade de Biologia, em Dourados.
Ela passou em 29º lugar para faculdade de Biologia, em Dourados.
Walkíria acordava às 5 h e percorria 40 quarteirões para limpar as ruas
em Campo Grande
(Foto: Felipe Bastos / G1MS)
(Foto: Felipe Bastos / G1MS)
Sábado (10) foi o último dia como gari para
Walkíria Aparecida Benites, de 36 anos. Ela foi até a sede da empresa onde
trabalhava no setor de limpeza urbana em Campo Grande para encerrar o contrato
mantido por sete meses, e com isso dedicar-se exclusivamente à vida acadêmica.
Walkíria começou a frequentar aulas no curso de Biologia da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados, a 225 km de Campo Grande.
O supervisor da empresa, Zezito Sales de Amaral,
disse que uma mistura de sentimentos tomou conta dos colegas de trabalho quando
ela passou no vestibular. “Por um lado, ficamos um pouco tristes, pois perdemos
uma de nossas melhores funcionárias. Mas, por outro, ficamos muito felizes em
vê-la ir atrás de seu sonho, ela merece”, afirmou.
Walkíria pensa em fazer mestrado e doutorado
(Foto: Felipe Bastos / G1MS)
(Foto: Felipe Bastos / G1MS)
Antes de ser gari, Walkíria trabalhou como
faxineira, diarista e babá para se manter. A mudança na vida de Walkíria
começou há dois anos. Ela havia concluído o Ensino Médio 12 anos atrás e se
sentiu instigada quando a sobrinha terminou o 2º grau. “Percebi que estava
ficando para trás, já tinha perdido muito tempo e precisava voltar a estudar”,
disse ao G1.
Walkíria matriculou-se no cursinho do Instituto
Luther King, entidade que oferece cursos preparatórios gratuitos para
vestibular e de informática básica. O fundador e presidente do instituto,
Aleixo Paraguassu, disse que ela serviu de exemplo para professores e alunos.
“Durante dois anos, ela teve 100% de presença, é uma pessoa humilde, com uma
garra e uma força de vontade incríveis, tenho a maior admiração por essa
mulher”, disse.
Depois que iniciou o cursinho pré-vestibular, teve que aliar os estudos à rotina do trabalho de gari. Diariamente, acordava às 5 horas, percorria aproximadamente 40 quarteirões para fazer a limpeza das ruas em Campo Grande. “Era muito cansativo, eu só chegava em casa depois do cursinho, quase à meia-noite”, lembra.
Depois que iniciou o cursinho pré-vestibular, teve que aliar os estudos à rotina do trabalho de gari. Diariamente, acordava às 5 horas, percorria aproximadamente 40 quarteirões para fazer a limpeza das ruas em Campo Grande. “Era muito cansativo, eu só chegava em casa depois do cursinho, quase à meia-noite”, lembra.
Após dois anos de estudo, o esforço foi
recompensado. No dia 17 de janeiro deste ano, foi divulgado o resultado do
vestibular da UFGD. Walkíria passou na primeira chamada, em 29º na colocação
geral e 9º pela cota social, destinada a egressos do ensino público, sistema de
reserva existente na universidade em Dourados. Foram oferecidas 60 vagas para o
curso, com aulas em tempo integral.
“Descobri que tinha mesmo capacidade, fiquei muito
emocionada, parece que saí de uma caverna e vim para a vida real. Até ontem era
gari e, agora, sou universitária”, disse Walkíria.
Dificuldades
Walkíria mudou-se para Dourados, alugou uma casa pequena e trabalha como diarista para pagar as contas. A maior dificuldade, segundo ela, é aprender a lidar com informática, já que a maior parte das pesquisas é feita com ajuda de dados da internet. “Para quem superou o que eu superei, aprender a mexer em um computador é fácil, fácil”, brinca.
Walkíria mudou-se para Dourados, alugou uma casa pequena e trabalha como diarista para pagar as contas. A maior dificuldade, segundo ela, é aprender a lidar com informática, já que a maior parte das pesquisas é feita com ajuda de dados da internet. “Para quem superou o que eu superei, aprender a mexer em um computador é fácil, fácil”, brinca.
A ex-gari mal começou o curso de Biologia e já
traça metas para os próximos anos. “Sei que ainda é o começo, ainda tenho um
longo caminho pela frente. Mas, depois que terminar a faculdade, quero fazer
mestrado e doutorado”, disse. “Eu vou ser doutora”.
Do
G1 MS

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