Em vídeo, Ênio Silva contradiz
entrevista gravada à Gazeta e diz que pré-candidato do PSDB à prefeitura de
Paranaguá não ofereceu vagas na Appa em troca de apoio eleitoral
“Eu trabalhei na campanha do deputado Alfredo Kaefer
e o deputado, na época,
(...) disse que ia tentar ver a possibilidade
de nos ajudar aqui em Paranaguá.
” Ênio Campos Silva, presidente
do PSL de Paranaguá. Em vídeo,
ele diz ter um requerimento de Kaefer
pedindo para que
a Appa e a Casa Civil o indicassem para um cargo
Em um vídeo postado na internet, o
presidente do diretório municipal do PSL de Paranaguá, Ênio Campos Silva, apresentou
nova versão sobre a acusação de que teria vendido por R$ 22 mil um cargo
comissionado a que teria direito na administração do porto da cidade. Na
gravação, Silva nega que o pré-candidato do PSDB à prefeitura de Paranaguá,
Alceu Maron Filho, tenha ofertado dois cargos no porto em troca de apoio
político na campanha eleitoral deste ano. “O Alceuzinho nunca assumiu
compromisso conosco, nunca teve nenhuma ligação com a gente”, diz o dirigente
partidário no vídeo, divulgado no sábado.
Antes disso, porém, Silva havia dito em
entrevista gravada à Gazeta do Povo que recebeu de Alceu a oferta de dois
cargos no porto em troca de uma coligação de seu partido com o PSDB para a
eleição de outubro. Alceu Maron não é dirigente ou funcionário da Administração
dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), autarquia do governo estadual. Mas
seu primo, Airton Maron, era superintendente da Appa até o último dia 16,
quando foi demitido pelo governador Beto Richa (PSDB).
O presidente do PSL diz ainda na
gravação que a denúncia envolvendo Alceu Maron “é uma tremenda de uma montagem;
uma organização da oposição, que não tem interesse na vitória do Alceuzinho
porque ele é o candidato do governador, que vai apoiá-lo nesta eleição de
2012”.
No vídeo, o presidente do PSL diz ainda
que, como trabalhou nas campanhas de Beto Richa e do deputado federal Alfredo
Kaefer (PSDB) em 2010, tinha a “expectativa” de ganhar um cargo na Appa.
Kaefer, segundo Silva, ficou de ver a “possibilidade” de ajudá-lo na obtenção
da vaga no porto. Ele diz ainda que tem um requerimento do deputado pedindo
para que a Appa e a Casa Civil o atendessem com a indicação para um cargo no
porto o que não ocorreu.
Silva afirma ainda que prometeu indicar
o comerciante que fez a denúncia para a vaga como retribuição. O dirigente do
PSL alega que tinha uma dívida de R$ 22 mil com a pessoa que fez a denúncia e
que, como o denunciante estaria desempregado e precisando do dinheiro, chegou a
propor a indicação dele à Appa, caso a vaga fosse liberada. O comerciante que
faz a acusação conta outra história: alega que Silva vendeu o cargo por R$ 22
mil e não o entregou.
Deputado surpreso
Procurado pela Gazeta do Povo, o
deputado Alfredo Kaefer demonstrou surpresa com a nova versão do presidente do
PSL de Paranaguá. Kaefer disse que vai apurar o uso de seu nome. O parlamentar
disse que não tem nenhuma influência no porto. Mas confirmou que Silva
trabalhou em sua campanha em Paranaguá em 2010 e admitiu que pode ter até
assinado algum documento indicando-o a um cargo em meio a outros nomes. “Isto é
uma prática normal. Depois da eleição, eles trabalharam também para o
governador e pedem para ser nomeados. Mas só recomendação, não uma indicação
para ocupar o cargo”, falou.
Todo o caso está sendo investigado pelo
Ministério Público Estadual (MP). Na última sexta-feira, a Polícia Federal, a
pedido do MP e com autorização da Justiça, cumpriu mandado de busca e apreensão
na Appa para recolher imagens do circuito interno de segurança do porto,
computadores e documentos para embasar a investigação de venda de cargos no
porto. Um áudio da negociação do presidente do PSL com o denunciante está de
posse do MP, bem como os comprovantes dos depósitos bancários, no valor total
de R$ 22 mil, que ele fez para Ênio Campos Silva.
Ex-chefe da Appa diz que não existe esquema
Da Redação
O ex-superintendente da Administração
dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) Airton Maron, demitido no último dia
16, falou ontem pela primeira vez à imprensa após as denúncias de venda de
cargos no porto. Ele negou que haja o suposto esquema. “Não existe compra de
cargo no porto”, disse ele em entrevista coletiva.
Airton Maron ainda atribuiu a denúncia,
que está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual (MP), a uma suposta
tentativa de desestabilizar a candidatura de seu primo, Alceu Maron Filho
(PSDB), à prefeitura de Paranaguá. “Certamente o que querem é ‘embaçar’ a
campanha do Alceu Maron à prefeitura”, disse Airton.
Alem do ex-superintendente da Appa,
também participaram da coletiva Alceu Maron e o secretário geral do PSDB em
Paranaguá, Maurício Vitor Leone. Foi apresentado à imprensa o vídeo em que o
presidente do PSL na cidade, Ênio Campos da Silva, dá uma nova versão sobre o
caso (leia mais na reportagem principal da página).
“Confiamos nos órgãos de investigação.
Quem acusou prova [a acusação] ou vai ter que provar na Justiça”, disse o
pré-candidato tucano.
Por Carlos Ohara
Nenhum comentário:
Postar um comentário