Escolhido por 25 colegas como novo presidente da Câmara
de Curitiba, vereador tucano se compromete a ampliar a transparência da Casa
João do Suco assina sua posse como presidente da
Câmara:
compromisso de demissões de comissionados;
manutenção da
“chamada” dos vereadores;
publicação de atos administrativos em Diário
Oficial;
e de divulgação de notas fiscais de gastos
Apoiado por 25 parlamentares da base do prefeito, João do
Suco (PSDB) foi eleito e empossado como novo presidente da Câmara de Curitiba
na sessão de ontem. Paulo Salamuni (PV) recebeu 11 votos e houve duas abstenções.
Embora o mandato seja curto – apenas 11 meses –, João do Suco assumiu o
compromisso de aumentar a transparência da Câmara para recuperar a imagem da
Casa, desgastada após as denúncias de irregularidades envolvendo o
ex-presidente João Cláudio Derosso (PSDB), que permaneceu no comando do
Legislativo por 15 anos. Uma das promessas do novo presidente foi promover uma
auditoria sobre o período em que Derosso permaneceu na presidência.
O compromisso de auditar as contas foi feito à Gazeta do
Povo, que questionou o vereador sobre uma série de medidas que poderiam ampliar
a transparência na Casa. As medidas foram publicadas na edição de ontem. O
tucano disse que concordava com todas elas.
As medidas incluem ainda a demissão do excesso de
servidores comissionados, conforme determinação do Ministério Público. Esse é
outro compromisso firmado por João do Suco. O MP pede que o número de cargos de
indicação política não seja maior do que as vagas de concursados. Ele também
prometeu atualizar o Diário Oficial da Casa, que hoje publica temas
legislativos, mas não assuntos administrativos – como contratações, exonerações
e licitações.
O presidente ainda se comprometeu a manter a atual
chamada de presença, que obriga os vereadores a estarem no início e no fim das
sessões para não terem computadas faltas e, consequentemente, salário
descontado. Outra promessa foi adequar a Câmara à Lei da Transparência,
publicando gastos na internet e com notas fiscais.
Na avaliação de João do Suco, o maior desafio é o pouco
tempo de gestão. “Tenho que analisar os dados antes de agir. A partir daí,
apresentarei o planejamento”, disse o novo presidente, sem estabelecer prazos
para a divulgação do relatório. “Vou iniciar o processo de transparência por
meio de um trabalho muito intenso. Tenho responsabilidade muito grande”, diz.
Apesar de o comando da Casa permanecer com o PSDB, o parlamentar garante não
ter sido escolhido por Derosso para sucedê-lo. “Tive votos de toda a bancada do
PSDB, não foi só o apoio do Derosso.”
A sessão
Logo após a abertura da sessão da Câmara, foram dados
cinco minutos para os candidatos se inscreverem. Além de João do Suco, Paulo
Salamuni e Caíque Ferrante pleiteavam a vaga. Cada um teve dez minutos para
apresentar suas propostas.
Ferrante foi o primeiro: criticou as influências
partidárias nas articulações e acabou retirando sua candidatura. Salamuni
apresentou quadro de propostas baseado em cinco premissas: autonomia, ética,
participação popular, transparência e reestruturação administrativa. João do
Suco contou sua história e apostou na fé.
Apesar do tempo na tribuna, a votação de ontem serviu
apenas como mera formalização da vitória de João do Suco. Na semana passada,
quando Sabino Picolo (DEM), que ocupava o cargo de presidente interino,
desistiu de concorrer ao cargo, o vereador tucano assegurou a presidência. O
apoio de PSDB, PSB, DEM e PSD garantia a maioria absoluta da Casa. Para a
oposição, fica a comemoração por ter conquistado apoio de quase um terço dos
vereadores. “Às vezes, se perde ganhando. Antes, havia desproporção
extraordinária na Casa, por isso foi uma vitória inestimável”, afirmou Paulo
Salamuni.
De acordo com ele, é preciso esperar o início da gestão
de João do Suco antes de afirmar que a nova presidência será a continuidade de
um processo. “Em princípio, não houve interesse em mudar, porque João do Suco é
do mesmo partido de Derosso. Mas ele vai mostrar se há interesse em transformar
a Casa em suas ações. Vou entregar minhas sugestões a ele”, disse Salamuni.
Desistentes reclamam de “rolo
compressor”
Os vereadores Caíque Ferrante (PRP) e Juliano Borghetti
(PP), que pretendiam concorrer à presidência da Câmara mas desistiram,
criticaram a intervenção partidária e da prefeitura nas articulações da eleição
interna. De acordo com eles, os vereadores se submeteram ao “rolo compressor”
dos partidos em vez de votarem conforme suas posições individuais. Originalmente,
havia sete pré-candidatos ao cargo, mas apenas dois acabaram concorrendo.
“Alguns vereadores relataram a pressão que sofreram de
seus partidos e até mesmo do prefeito [Luciano Ducci]. Eu optei por sair do
pleito e não prejudicar ninguém”, afirmou Ferrante. A afirmação do vereador
contradiz o posicionamento do prefeito, que, em entrevista à Rádio CBN, disse
não ter candidato. Nos bastidores, vereadores comentavam que João do Suco era
o candidato de Ducci.
Borghetti, que se declarava candidato até a semana
passada, disse que a crítica se estende a todos, inclusive à oposição. “Isso [a
pressão] aconteceu tanto na situação quanto na oposição. Eu tinha quatro ou
cinco votos e, de repente, fiquei com dois. Não tinha como sair candidato”,
afirmou.
Para Ferrante, a oposição escolheu marcar posição em vez
de buscar articulações de forma a efetivamente incomodar o candidato da base de
apoio. “Eu teria mais chance de vitória, com certeza, se pudesse contar com o
apoio deles”, afirmou.
Os dois vereadores disseram ainda que a influência dos
partidos sobre os parlamentares atrapalha o bom trabalho da Câmara. “É preciso
ter autonomia para que se possa legislar e fiscalizar, cumprir as atribuições
dessa Casa”, critica Ferrante. “Pede-se mais ética e transparência, mas a Casa
vai continuar a ter 80% da pauta ligada a homenagens ou nomenclatura de
logradouros públicos. Esse é mais um dos motivos que a casa está em baixa”,
disse Ferrante.
Por Vinicius Boreki

Nenhum comentário:
Postar um comentário