PARIS, 28 Mar
(Reuters) - A França está em negociações com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha
sobre uma possível liberação de reservas estratégicas de petróleo para rebaixar
os preços dos combustíveis, disseram ministros franceses nesta quarta-feira,
quatro semanas antes das eleições presidenciais do país.
No início de março, fontes
britânicas disseram que Londres estava disposta a cooperar com Washington em
uma liberação de reservas estratégicas que era esperada dentro de meses, em uma
tentativa de evitar que os preços dos combustíveis sufocassem o crescimento
econômico, no que é também um ano eleitoral nos EUA.
O ministro da Energia da
França, Eric Besson, disse a jornalistas após a reunião semanal de ministros,
que os Estados Unidos haviam pedido à França que se juntasse em uma possível
liberação emergencial.
Essa liberação poderia
acontecer "em questão de semanas", disse o jornal diário Le Monde
nesta quarta-feira, citando fontes presidenciais.
"Os Estados Unidos
que pediram e a França acolheu favoravelmente esta hipótese", disse
Besson. Ele também disse que os países estavam aguardando conclusões da Agência
Internacional de Energia (AIE), que coordena os lançamentos emergenciais de
estoques em caso de severa interrupção da oferta do petróleo.
A ministra do orçamento
francês e a porta-voz do governo, Valérie Pécresse, também disse a jornalistas
que a França se juntou aos Estados Unidos e ao Reino Unido em consultas à AIE,
para receber autorização para retirar estoques estratégicos.
Os preços do petróleo se
tornaram uma grande dor de cabeça para políticos em todo o mundo, incluindo o
presidente norte-americano, Barack Obama, que visa a reeleição em novembro e
que enfrenta a indignação pública sobre o aumento dos preços da gasolina nos
EUA.
Os preços dos combustíveis
na França atingiram níveis recordes, estimulando um intenso debate entre os
candidatos presidenciais antes da eleição nacional.
As liberações de reservas
de petróleo são normalmente coordenadas pela AIE, que representa 28 países
industrializados em política energética.
Mas a chefe da AIE, Maria
van der Hoeven, disse em diversas ocasiões que uma liberação coordenada não se
justifica, pois não há interrupção de oferta significativa nos mercados
mundiais de petróleo. Alemanha e Itália dizem que se opõem.
Van der Hoeven disse no
início deste mês que os países podem escolher unilateralmente liberar estoques,
em consulta com a agência. A AIE não quis fazer mais comentários nesta
quarta-feira.
A agência, sediada em
Paris, autorizou apenas três lançamentos coordenados desde que foi fundada em
1974, com o último em junho de 2011, após a perda da produção líbia, durante
sua guerra civil.
Agregadas, as interrupções
de fornecimento global de petróleo estão operando em mais de um milhão de
barris por dia, segundo constatou uma pesquisa da Reuters, ajudando a fornecer
uma justificativa caso os EUA, Inglaterra e França decidam liberar reservas
estratégicas. Perdas adicionais de oferta são esperadas, uma vez que as sanções
sobre o Irã afetam suas exportações da commodity.
"O uso de reservas
estratégicas pode ser justificado pois está relacionado à tensão
geopolítica", disse uma fonte do gabinete presidencial, citada no jornal
Le Monde.
Por volta das 12h55
(horário de Brasília), o contrato maio do petróleo perdia 2,20 dólares, ou 2,05
por cento, cotado a 105,13 dólares o barril. Enquanto isso, o Brent recuava
1,62 dólar, a 123,92 dólares o barril.
Por
Yann Le Guernigou e Muriel Boselli
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