Perdas na soja foram maiores no início
da colheita. Com área ampliada, milho terá leve aumento na produção

Em ano de lamentações, Manfred Becker segue com mais de 4 mil quilos
por hectare de soja e 12 mil quilos por hectare de milho
Soja e milho vão render 17,84 milhões de toneladas nesta safra de
verão no Paraná, apesar do impacto das duas estiagens registradas desde
novembro. As perdas são de 15,8% (3,35 milhões de toneladas) na comparação com
a safra recorde do ano passado, quando a oleaginosa e o cereal atingiram 21,19
milhões de toneladas. O balanço acaba de ser finalizado pela Expedição Safra
Gazeta do Povo, que fez duas viagens pelo interior do estado nesta colheita.
Proporcionalmente, as perdas são maiores na soja do que no milho, apesar de uma das principais regiões produtoras do cereal, o Sudoeste, ter sido atingida em cheio pela escassez de chuvas registrada na fase de desenvolvimento das plantas – entre a última semana de novembro e a primeira de janeiro. O milho dos Campos Gerais, também forte nessa cultura, limitou o impacto da falta de umidade.
Proporcionalmente, as perdas são maiores na soja do que no milho, apesar de uma das principais regiões produtoras do cereal, o Sudoeste, ter sido atingida em cheio pela escassez de chuvas registrada na fase de desenvolvimento das plantas – entre a última semana de novembro e a primeira de janeiro. O milho dos Campos Gerais, também forte nessa cultura, limitou o impacto da falta de umidade.
A produção da oleaginosa foi largamente prejudicada, primeiro do
Sudoeste ao Oeste, com registros de perda total na região de Toledo. Entre 28
de janeiro e 18 de fevereiro, voltou a faltar chuva. Dessa vez, a estiagem
prejudicou principalmente municípios do Centro-Oeste, onde a soja estava
enchendo as vagens.
As chuvas chegaram tarde para muitos produtores, mas estancaram as
perdas a tempo de o estado sustentar produtividade de 2,53 mil quilos por
hectare de soja e de 6,4 mil quilos por hectare de milho, relatou o agrônomo
Robson Mafioletti, analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar)
que integra a equipe técnica da Expedição. “A primeira estiagem durou 50 dias
em muitas lavouras. Diante disso, os resultados que estão sendo alcançados são
melhores do que se imaginava”, afirmou.
O Centro e o Centro-Sul, incluindo os Campos Gerais, estão
confirmando bom desempenho, com raros registros de quebra, acrescentou. A
colheita foi concluída em mais da metade na soja e no milho nos últimos dias.
No cereal, o que garantiu estabilidade na produção – apesar da
queda de 18,3% na produtividade, a colheita deve ser 2,8% maior – foi
justamente o aumento de 25,9% na área plantada. O bom momento dos preços
registrado na época do plantio estimulou a retomada do cultivo, que vinha
caindo há dois anos.

Perdas fazem produtor pensar duas vezes antes de reduzir
o trigo, diz Vilson Munaretto
A safra de verão foi negativa para Valdir Sass, de Nova Aurora
(Oeste), que cultiva 130 hectares de soja. No início da colheita, o rendimento
era de 800 quilos por hectare. No final, melhorou cerca de 50%, mas o suficiente
apenas para cobrir os custos dessas áreas. A saída foi acionar o seguro e
começar a pensar nas próximas temporadas.
Por outro lado, muitos produtores apresentaram suas lavouras com
orgulho. Caso de Manfred Becker, de Guarapuava. Ele colhe 4,2 mil quilos por
hectare de soja e 12 mil quilos por hectare de milho. Numa região de clima
privilegiado, vem investindo cada vez mais em tecnologia para driblar as
oscilações das chuvas e elevar o rendimento dos 230 hectares que cultiva.
O levantamento de dados da Expedição Safra abrange dois terços dos
5,6 milhões de hectares cultivados com soja e milho no Paraná. Além dos dados
de produtores, técnicos, pesquisadores e profissionais do agronegócio, foram
analisados os relatórios das cooperativas, que originam a maior parte da
produção.
La Niña permite recuperação parcial no inverno
Quando ainda faziam avaliações sobre as perdas da safra de verão,
os produtores começaram a planejar o plantio de inverno. A meta era deixar a quebra
climática para trás e recuperar renda com o cultivo contínuo da terra. A
segunda safra de milho e feijão, no entanto, também sentiram um pouco a falta
de chuva registrada em fevereiro. Um terço das lavouras já semeadas mostra-se
regular e dois terços apresentam bom estado, conforme avaliação do Departamento
de Economia Rural (Deral) do Paraná. O impacto do clima nessas lavouras começa
a ser medido.
“A falta de chuva levou embora a margem de lucro que o produtor
teria no verão. Quem paga arrendamento e teve perdas, empatou ou ficou no
prejuízo. A saída é continuar plantando”, disse Vilson Munaretto, de Bom
Sucesso do Sul, Sudoeste do Paraná. As perdas chegaram a 30% no milho de verão
e a 20% na soja em sua microrregião, apontada como uma das mais produtivas do
estado.
Em Bom Sucesso do Sul, ao contrário do que ocorre do Oeste ao
Norte do estado, os produtores não apostam no milho de inverno. Seguindo o
histórico agroclimático, plantam feijão e, até maio, definem área para o trigo.
A quebra climática pressiona os agricultores das redondezas a seguirem na
contratendência estadual e investirem no cereal de inverno, relata Munaretto.
Isso apesar de a região ainda não ter vendido um terço do trigo colhido no ano
passado e das reclamações sobre as cotações oferecidas pelo mercado, entre R$
23 e R$ 25 por saca de 60 quilos de trigo.
Segundo os produtores, o problema para as culturas plantadas
durante o período seco foram as precipitações esparsas. Se não tivesse chovido
nada, as sementes ficariam guardadas no solo. Mesmo fraca, a umidade
desencadeia o processo de germinação. Em seguida, as plantas passam a depender
de uma sequência de chuvas para se desenvolver, mas os registros não foram
regulares. Até sexta-feira, o tempo não foge à regra das últimas semanas, com
céu parcialmente nublado e pancadas de chuva nas principais regiões agrícolas
do estado, conforme o Simepar.
Por José
Rocher | Gazeta do Povo
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