Vou sentir dor? Meu leite pode ser fraco para o bebê? Silicone nos seios
atrapalha na produção de leite? Logo depois que uma criança nasce, é comum as
mães começarem a se preocupar em como amamentar de maneira correta. Pensando
nisso, o caderno Saúde apresenta respostas às principais dúvidas sobre o
assunto. Confira como esse momento pode ser ainda mais saudável e especial na
relação entre mãe e filho:
“A cada dia mais apaixonada”: A administradora
Leila de Boni não esconde:
seu maior receio durante a gravidez era a
amamentação.
1 - Faz bem para a saúde do bebê.
Verdade. Por ser rico em água, proteínas e sais minerais, o leite
materno contém todos os nutrientes que o bebê precisa consumir até o sexto mês
de vida. Ele ainda ajuda a desenvolver o sistema imunológico da criança e é o
recurso mais eficiente para protegê-la de alergias e infecções nos primeiros
meses. Além disso, o ato de sugar trabalha toda a musculatura facial, o que
facilita o desenvolvimento correto da arcada dentária. Já está comprovado que
crianças que mamam regularmente até os seis meses falam, respiram e mastigam
melhor que as demais, além de sofrerem menos com cólicas e de seu intestino
funcionar de forma mais regular. Pesquisas também mostram que amamentar faz muito
bem para a saúde da mãe e diminui as chances de ela ter câncer de mama ou de
ovário.
2 - Meu leite é fraco.
Mito. Cada mãe produz o leite adequado para as necessidades de seu
bebê, então, se a criança mama regularmente e está ganhando peso, a mãe pode ficar
tranquila. O que acontece é uma confusão, já que o leite materno é menos
encorpado e mais claro que o leite de vaca, mas isso não impede que seja rico
em nutrientes.
3 - Estresse e nervosismo atrapalham a produção de leite.
Verdade. Mães que estão passando por situações de estresse ou
muita tensão produzem uma quantidade anormal de adrenalina, que bloqueia a
oxitocina, um dos hormônios que influenciam na amamentação. Por isso, elas
tendem a produzir leite em quantidade insuficiente. Nesse caso, vale a pena
consultar o pediatra sobre a possibilidade de usar complementação.
4 - Amamentar dói.
Nem mito, nem verdade. Isso varia conforme a sensibilidade da mãe,
mas grande parte não sente nada. Nos primeiros dias, é comum a mama ficar
inchada, o que deixa a região dolorida. Fora esse período, normalmente a mulher
não sente dor. Caso haja incômodo nos seios, é bom procurar orientação
profissional porque provavelmente o bebê não está mamando de maneira correta, o
que deve ser corrigido para acabar com a dor.
5 - É um ótimo anticoncepcional.
Nem mito, nem verdade. A amamentação aumenta a produção de
prolactina, hormônio que inibe a ovulação. Mas vale uma ressalva: o efeito
anticoncepcional só vale nos casos em que o bebê mama regularmente – sempre a
cada duas ou três horas, todos os dias, inclusive de madrugada. Quando a
criança começa a espaçar os horários, a mãe precisa voltar a tomar
anticoncepcionais. Hoje, há produtos compatíveis com a amamentação, que podem
ser receitados pelo ginecologista.
6 - Silicone atrapalha a amamentação.
Mito. Nem implante de silicone nem mamoplastia comprometem a
produção de leite ou costumam interferir na amamentação. Mesmo assim é bom
avisar ao cirurgião plástico, antes da cirurgia, que você ainda pretende ter
filhos. Assim, ele pode escolher a técnica de colocação dos implantes que afete
menos a amamentação. Também é bom alertar o pediatra sobre a cirurgia, o que o
ajuda a ter cuidado redobrado no acompanhamento do peso do bebê.
7 - Pegar sol nos seios ajuda.
Verdade. O contato com os raios solares aumenta a produção de
vitamina D no corpo, o que fortalece a pele do seio e ajuda a evitar e a
cicatrizar rachaduras nos mamilos. O ideal é começar a tomar sol ainda durante
a gestação e manter o hábito durante o período de amamentação, por dez minutos,
duas vezes ao dia, antes das 10 horas ou depois das 16 h.
8 - Exige uma série de adaptações no cardápio da mãe.
Mito. A recomendação é que a mãe siga um cardápio variado, rico em
verduras, legumes, frutas, cereais integrais e carnes magras e pobre em
produtos industrializados, gorduras, açúcares, sódio e condimentos. A única
ressalva vai para leite e derivados e chocolate. O ideal é não abusar, já que
eles geram cólicas no bebê.
9 - O tipo de parto interfere na amamentação.
Mito. Tanto mulheres que fizeram cesariana quanto as que tiveram
parto normal podem amamentar, e a anestesia não influencia no processo de
produção de leite. O que pode influenciar é que, no caso de mães que estão
sentindo muita dor – devido a problemas de cicatrização, por exemplo –, há uma
demora maior na descida do leite para os seios. Mas, na maioria dos casos,
entre o terceiro e quarto dia após o parto, a mulher já tem leite suficiente
para amamentar o bebê normalmente.
10 - Acelera a perda de peso da mãe.
Verdade. Mantendo uma dieta rica e balanceada, a mãe que amamenta
de maneira exclusiva nos primeiros meses volta mais rapidamente ao seu peso
normal, já que o corpo gasta cerca de 700 calorias todos os dias somente para
produzir leite para o bebê. Mas vale uma ressalva: não adianta comer demais ou
errado. A amamentação ajuda, mas não faz milagres, e é preciso seguir uma dieta
balanceada. A mãe ainda tem menos risco de hemorragia pós-parto e sofre menos com
cólicas, já que, durante a amamentação, o útero se contrai e vai voltando ao
normal.
11 - A criança deve mamar a cada duas ou três horas.
Mito. Não há uma regra e a periodicidade varia conforme o bebê. A
única recomendação é que a mãe ofereça o leite em “livre demanda”, ou seja,
toda vez em que o bebê sentir fome. Algumas crianças, com o passar das semanas,
vão criando seu próprio horário e é comum quererem mamar a cada duas ou três
horas, mas é importante que a mãe não restrinja a amamentação caso o bebê
prefira mamar em um intervalo maior ou menor de tempo. De qualquer forma, é bom
ficar de olho: se ele quer mamar a cada hora, é provável que esteja ingerindo
pouco leite e é bom pedir orientação a um profissional para identificar o
problema. Outra ressalva é que bebês que dormem demais devem ser acordados a
cada quatro horas para mamar. Isso evita casos de desidratação, icterícia e
hipoglicemia.
12 - É preciso revezar os dois seios para amamentar.
Mito. O ideal é que a mãe não interrompa e deixe o bebê mamar à
vontade no primeiro seio. Isso é importante porque somente depois de alguns
minutos o bebê consegue atingir o leite posterior, uma porção rica em açúcar e
gordura que ajuda a criança a se saciar mais rápido e a ganhar peso. Se ele não
chega a essa parte, acaba sentindo fome mais rapidamente e tende a acordar
várias vezes ao longo do dia para mamar de novo. Caso ele se sacie com somente
um seio, ela pode fazer a retirada do leite da outra mama, para não sentir dor,
e fazer a doação desse material.
13 - Amamentar aumenta os seios, mas os deixa caídos e flácidos.
Nem mito, nem verdade. Isso varia conforme o corpo da mulher, mas
existe uma tendência de os seios ficarem flácidos não pela amamentação, mas
pelo próprio processo de mudança do corpo que acontece durante a gravidez, pois
a mulher ganha peso durante a gestação e, quando volta ao peso normal, é comum
a pele apresentar flacidez. Também não é regra que os seios vão ficar maiores
do que antes da gestação. Há casos de mulheres que chegam a ganhar dois ou três
números na medida do sutiã depois de amamentar, mas também é comum o inverso e
os seios ficarem menores do que antes.
14 - Produzo leite demais (ou de menos).
Nem mito, nem verdade. Na maioria dos casos, a quantidade de leite
produzida pela mãe é a ideal para satisfazer o bebê. Porém, algumas mulheres
produzem um pouco a mais, e esse excedente deve ser sempre retirado da mama
para evitar dor e desconforto. Uma opção é doá-lo para bancos de leite. Em
Curitiba, um dos principais é o do Hospital de Clínicas (HC). O oposto também
pode acontecer. Cerca de 2% das mulheres produzem menos leite que o ideal, ou
por situações de estresse, por problemas de saúde ou devido a uma combinação de
alimentação errada e de falta de repouso.
15 - Amamentar é fácil.
Mito. Amamentar é cansativo e exige muita paciência,
principalmente no início, até que a mãe se recupere do parto e ela e a criança
se adaptem ao processo, mas vale a pena. Uma dica para tornar esse momento mais
fácil é participar de um curso para gestantes, ainda durante a gravidez, para
tirar dúvidas e aprender detalhes que ajudam na rotina com o bebê.
16 - Fortalece o vínculo de mãe e bebê.
Verdade. Quem já amamentou sabe: esse momento rende uma troca de
carinho grande entre mãe e bebê e fortalece os laços entre os dois. Segundo as
especialistas, mesmo mulheres que passaram por gestações difíceis – inclusive
as que estavam frustradas com uma gravidez não-planejada –, tendem a se apegar
ao bebê quando começam a amamentar.
17 - Canjica e cerveja preta aumentam a produção de leite.
Mito. Não existe relação entre a ingestão de alimentos e o aumento
ou diminuição da produção de leite. O que aumenta a quantidade de leite é a
sucção regular da criança, portanto quanto mais ela mamar, mais leite a mãe vai
produzir. Como o estado psicológico da mãe também influencia, vale a pena ficar
calma e aproveitar a hora de amamentar para ouvir uma música, ler e ficar em um
ambiente arejado e tranquilo.
18 - Quem volta ao trabalho após a licença-maternidade precisa
parar de amamentar.
Mito. Isso é relativo. A lei garante que a mãe pode sair uma hora
antes do trabalho ou realizar um intervalo especial para amamentar até o sexto
mês. Outra opção é retirar o leite anteriormente, armazená-lo em recipientes
higienizados e refrigerá-lo. Ele pode ficar guardado por 12 horas na geladeira
e até 15 dias congelado no freezer. Para descongelar, basta deixá-lo em
temperatura ambiente por algumas horas ou usar banho-maria.
19 - Amamentação deve ser exclusiva até os seis meses.
Verdade. O ideal é que a criança seja amamentada de maneira
exclusiva até os seis e passe a mamar de maneira esporádica até os dois anos.
Nesse período, a mãe deve intercalar a oferta de alimentos pastosos, sólidos e
outros líquidos – é bom pedir orientação ao pediatra sobre as melhores opções
–, e deixar o leite materno para períodos específicos, como só pela manhã ou
antes de dormir.
20 - Existe uma posição ideal para amamentar.
Mito. A posição ideal é aquela em que a mãe e o bebê se sentem
confortáveis, mas algumas dicas ajudam nesse momento. O melhor é que a mãe
amamente sentada, segure sempre o bebê com a cabeça em seu cotovelo, leve a
criança até a altura da mama e a mantenha bem próxima do seio, com a boca de
frente para o mamilo. Note se a criança está com a boca bem aberta, com os
lábios virados para fora e abocanhando a auréola, e não só o bico do seio, o
que ajuda a tirar a quantidade de leite adequada.
Por Rafaela Bortolin

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