A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira o fracasso
do tão aguardado lançamento de um foguete, numa admissão rara e constrangedora
para o Estado recluso e seu jovem líder. Diante do fracasso, acredita-se que o
país tentará agora realizar seu terceiro teste com armas nucleares.
O regime comunista dizia
que pretendia colocar um satélite em órbita para celebrar o centenário do
fundador da nação, Kim Il-sung, e marcar a ascensão ao poder do neto dele, Kim
Jong-un.
"A possibilidade de
um lançamento adicional de um foguete de longo alcance ou de um teste nuclear,
além de uma provocação militar para fortalecer a solidariedade interna, é muito
alta", disse um funcionário de alto escalão do ministério sul-coreano da
Defesa numa audiência parlamentar.
EUA e Japão, que viam o
lançamento do foguete como o teste disfarçado de um míssil balístico, disseram
que ele caiu no mar após percorrer uma distância muito inferior à de um
lançamento norte-coreano anterior.
A falha gera
questionamentos sobre o governo da Coreia do Norte, que tem um dos maiores
exércitos permanentes do mundo, mas não é capaz de alimentar seu povo sem ajuda
externa, principalmente da aliada China.
"Sem dúvida o
lançamento fracassado leva especulações para as ramificações da liderança em
Pyongyang: um show de fogos de artifício deu errado no maior dia do ano",
disse Scott Snyder, do Conselho de Relações Internacionais, dos EUA.
Num fato altamente
excepcional, a Coreia do Norte admitiu pela TV estatal que seu novo satélite
não entrou em órbita. Em 2009, o país disse ter tido sucesso num lançamento
semelhante, enquanto outros países apontavam o fracasso.
A queda do foguete logo
após o lançamento é um constrangimento para o terceiro membro da dinastia Kim a
assumir o poder. Jong-un, que supostamente nem completou 30 anos de idade,
assumiu o poder após a morte do pai, Kim Jong-il, vítima de um infarto em
dezembro.
Para Baek Seung-joo, do
Instituto de Análises de Defesa da Coreia, ligado ao ministério sul-coreano da
Defesa, o anúncio pode ser a "indicação de uma mudança sutil na liderança
norte-coreana", que estaria agora agindo com mais transparência.
"A decisão de vir a
público com a admissão precisa ter partido de Kim Jong-un", disse.
O foguete voou poucos
minutos, percorrendo pouco mais de cem quilômetros antes de explodir sobre o
trecho de mar que separa a Coreia da China. O último foguete norte-coreano, em
2009, chegou a percorrer 3.800 quilômetros, causando alarme ao sobrevoar o
Japão.
O lançamento viola sanções
do Conselho de Segurança da ONU, mas o país deve evitar novas sanções, porque
Rússia, China e Índia concluíram numa reunião que isso de nada serviria para
melhorar a situação.
Potências regionais temem
que a Coreia do Norte faça os lançamentos para aperfeiçoar sua tecnologia, com
o objetivo de construir um míssil capaz de conduzir uma ogiva nuclear para os
EUA. A Coreia do Norte insiste no caráter pacífico dos lançamentos.
Por Maxim Duncan e Ju-min Park
(Reportagem adicional de
Yoko Kubota e Nobuhiro Kubo em Tóquio, Jack Kim em Seul, Jeff Mason e Paul
Eckert em Washington, Michael Martina em Pequim)
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