Grupos de voluntários dedicam tempo e
recursos na preparação das encenações; paróquia e locais públicos recebem
espetáculos
A via-crúcis de um intérprete de Jesus
O produtor cênico Rafael
Bloom e Adrian Esposito: voluntários na encenação no
Orleans
Esta época do ano já se tornou uma
verdadeira cruz para mim, mas minha peregrinação é diferente da de Jesus: em
vez de encarar 40 dias no deserto, tenho que dividir meu tempo entre faculdade,
trabalho e ensaios nos fins de semana. O texto é decorado no ônibus, o único
tempo que me sobra. Apesar disso, a vivência da Paixão de Cristo é uma
experiência de crescimento pessoal.
Encenação da Paixão de Cristo chega a bairros de Curitiba
(Foto:
Divulgação/Prefeitura de Curitiba)
Na minha primeira participação, em
2008, atuei como soldado, sem falas. Um ano depois, fui convocado para ser o
protagonista, isso com apenas 17 anos. Passados três anos, estou novamente atuando
como o Mestre. A cada ensaio me dedico ao máximo, tentando sentir a intensidade
daquele sofrimento, mas sabendo que tudo dará certo. Afinal, se Ele me incumbiu
de vivê-lo mais uma vez, é porque a cruz pode ser carregada.
Júlio Boll,
programador de internet trainee do Gaz+, da Gazeta do Povo, que interpreta
Jesus na Paróquia Santo Antônio, Órleans.
Perto de casa
Veja onde
ocorrem as apresentações:
Alto Boqueirão: Praça Cabo Nácar (final
da Rua Francisco Derosso) – 19h
Bairro Alto:Paróquia Maria Mãe da Igreja
(Rua Gastão Cruls, 2.235) – 19 h
Barreirinha:Paróquia Nossa Senhora das
Graças e Santa Gema Galgani (Rua Carmelina Cavassin, 90) – 18 h
Órleans: Paróquia Santo Antônio (Rua
João Falarz, 220) – 20 h
Pilarzinho:Pedreira Paulo Leminski
(Rua João Gava, s/n°) – 19 h
Portão:Paróquia São Jorge (Rua
Itacolomí, 1.840) – após a celebração das 19h30
Santa Quitéria: Estádio de Futebol
Maurício Fruet (Rua Brasílio Ovídio da Costa, 1830) – 19h30
São Braz: Capela Nossa Senhora das
Graças (Rua Carmela Tosato, 11 – São Braz) – 20 h
Sítio Cercado:Rua da Cidadania do
Bairro Novo (R. Tijucas do Sul, 1.700) – 20 h
Uberaba: Seminário João Paulo II (Rua
Augusto Steembock, 51) – 19 h
Na noite de hoje, grupos de teatro
amador vão levar as cenas da Paixão de Cristo às paróquias e praças de toda a
cidade. Motivados pelo desejo de evangelizar ou apenas levando adiante uma
antiga tradição popular, os grupos formados quase exclusivamente por voluntários
doam tempo, recursos e muito esforço para contar todos os anos a história das
últimas horas de Jesus.
Nas igrejas, a iniciativa é geralmente
liderada por grupos de jovens, que dão um jeito de encaixar na rotina corrida
um horário para ensaios. “Todos têm faculdade, trabalho, cursinho, então a
gente dedica os sábados e domingos à preparação”, conta Rafael Bloom, 20 anos,
produtor cênico da apresentação que ocorre há oito anos no pátio da Paróquia
Santo Antônio, no bairro Orleans.
Conseguir elenco o suficiente não
parece ser problema para quem leva o projeto adiante. “Anunciamos que
precisamos de gente nas missas, convidamos pessoas de outras pastorais e no fim
sempre conseguimos uma boa equipe”, diz Eliana Domingos de Jesus, 29, que
participará da encenação promovida pela Paróquia Maria Mãe da Igreja, no Bairro
Alto. Pela primeira vez, a comunidade vai sair da igreja às 19 h acompanhando a
Via-Sacra e se reunir no Centro Cultural Vilinha, próximo da paróquia, onde
ocorrerá a apresentação.
Roteiro
A maioria dos grupos usa como roteiro
ou a sequência de fatos narrados pelos evangelhos, ou copia os modelos adotados
por grupos de maior destaque, como o Lanteri, que se apresenta na Pedreira
Paulo Leminski. O grupo Stellum, no entanto, aproveita a oportunidade para dar
explicações catequéticas no decorrer da peça. “Em alguns momentos congelamos a
cena e um de nós explica para o público o que significa algum ato ou fala”, diz
Rafael Jauch, 27, que faz o papel de Jesus há dez anos. O Stellum fará a
apresentação dividida em três dias – de sexta a domingo – na Paróquia São
Jorge, no Portão.
Doações e editais financiam eventos
Apesar do entusiasmo com a
apresentação, bancar os gastos com figurino, cenário, som e iluminação é o
maior desafio para os voluntários.
No Uberaba, todos os anos o Grupo
Teatral Ágora usa o salão da Paróquia Nossa Senhora Aparecida para promover
algum evento e levantar fundos. “Dessa vez fizemos uma festa do pastel e
conseguimos bancar o figurino”, diz Anderson Luiz Alves, 38, coordenador do
grupo.
A alternativa mais desejada pelos
grupos teatrais, no entanto, são os fundos liberados pela Fundação Cultural de
Curitiba, que financiam seis propostas. Um dos grupos que participou do edital
e obteve R$ 15 mil foi o Jubac, vinculado à Capela Sagrado Coração de Jesus, no
Alto Boqueirão. O grupo existe há 22 anos, tem um elenco de 200 pessoas e se
apresenta na Praça Cabo Nácar. No ano passado cerca de 3 mil pessoas assistiram
à encenação.
No Sítio Cercado, o espetáculo montado
pelo Grupo de Teatro Arte e Vida, da Paróquia Profeta Elias, também conseguiu o
financiamento da FCC e escolheu a Rua da Cidadania do Bairro Novo como palco.
Além da ajuda da FCC, o grupo conta com contribuições de pequenas empresas
locais.
Por Jônatas Dias
Lima


Nenhum comentário:
Postar um comentário