sábado, 21 de abril de 2012

Duplo assassinato que teria sido cometido por grupo neonazista continua impune

O casal foi morto ao sair de uma festa do grupo em Quatro Barras, região metropolitana

Arquivo Pessoal /
Renata Waechter Ferreira, 21 anos, e Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos.
(Foto: Aquivo Pessoal)

Três anos após o assassinato do casal Renata Waechter Ferreira, 21 anos, e Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, o caso aguarda decisão da justiça. Os seis acusados de terem cometido o crime, Ricardo Barollo, de São Paulo (SP), Jairo Maciel Fischer, de Teotônia (RS), João Guilherme Correa, de Pato Branco (PR) e Rodrigo Motta, Gustavo Wendler, Rosana Almeida, todos de Curitiba, continuam soltos.

Amadeu Ferreira Junior, pai de Renata, disse que a situação é inconcebível. “É uma injustiça. Eu como pai da vítima sou punido, enquanto eles (os suspeitos) estão vivendo suas vidas como se nada tivesse acontecido”. Ferreira Junior afirma que o parte do grupo confessou o crime, mas mesmo assim não há punição.

Renata namorava Pedroso há pouco mais de um ano, relata o pai. Para ele, o estudante de Direito nunca causou desconfiança e a família nunca desconfiou da participação do rapaz em um grupo neonazista. Ferreira Junior conta que nenhum grupo neonazista admite mulheres, e por isso, que em depoimentos dos acusados que o alvo era apenas Pedroso.
“Sinto-me impotente diante das brechas da justiça que acabam evitando o julgamento”, desabafa Ferreira Júnior. Em duas ocasiões, no ano passado, o julgamento foi adiado pela falta da presença dos réus.

Investigação
Segundo policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (COPE), Barollo e Dayrell – uma das vítimas – estariam disputando poder dentro de organizações neonazistas em Curitiba e São Paulo. A festa foi realizada em homenagem aos 120 anos de nascimento do ditador alemão
Adolph Hitler.

O promotor de justiça Octacilio Sacerdote informou que o Tribunal de Justiça solicitou um novo interrogatório de Ricardo Barollo. O julgamento deverá ocorrer até o fim do mês de maio, em Campina Grande do Sul.

O crime
O duplo assassinato ocorreu em Quatro Barras (RMC) quando os dois universitários foram atraídos por uma emboscada. Conforme as investigações, os dois universitários foram atraídos para uma emboscada criada por Rosana, que estaria passando mal e pediu carona para voltar para Curitiba. Correa, Motta e Fischer teriam seguido o casal em outro veículo. 

Wendler, que estava no carro das vítimas, pediu que parassem no acostamento. Renata e Pedroso desceram do carro e foram assassinados com tiros na cabeça por Correa e Fischer, que seguiam o carro. Após o assassinato, os acusados teriam ligado para Barollo, que estava em São Paulo, para informar que a “missão” havia sido cumprida.

Entenda o caso
Dia 20 de abril de 2009 - Renata Waechter Ferreira, 21 anos, e Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, são mortos em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, ao saírem de uma festa em homenagem ao ditador alemão Adolf Hitler.
Dia 2 de maio de 2009 – Após denúncia de que havia uma disputa de poder dentro do movimento neonazista, a polícia apresenta seis suspeitos de terem planejado e executado o crime contra o casal.
Dia 12 de maio de 2009 – O Ministério Público do Paraná indicia os seis acusados por homicídio e apologia ao nazismo.
Dia 2 de julho de 2009 – O Tribunal de Justiça acata o pedido de habeas-corpus a Ricardo Barollo, de São Paulo (SP), suspeito de ser o mandante.
Dia 8 de abril de 2011 – Quatro acusados, Ricardo Barollo, Jairo Maciel Fischer, Rodrigo Motta e João Guilherme Correa prestam depoimento no Fórum de Campina Grande do Sul, na região metropolitana. Fischer, Motta e Correa confirmam que Barollo seria o mandante do crime. Gustavo Wendler e Rosana Almeida foram ouvidos no dia 5 e negaram o envolvimento na morte do casal.
Dia 9 de julho de 2011 – A audiência foi suspensa, novamente. A do dia 11 de junho também não teve a presença das seis testemunhas. 



Por Aline Peres

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