Cinco dos 12 estádios da Copa do Mundo de 2014 estão com
mais de 50 por cento das obras concluídas a pouco mais de dois anos do início
da competição, segundo levantamento do governo federal divulgado nesta
terça-feira. Porto Alegre, com apenas 20 por cento das obras executadas, é a
sede mais atrasada.
O andamento de todas as
obras é considerado "dentro do cronograma de trabalho estabelecido"
pelo governo federal, apesar dos problemas enfrentados pelo Beira-Rio, que teve
as obras retomadas apenas no mês passado após nove meses de paralisação por um
problema entre o Internacional, dono do estádio, e a construtora responsável.
Além da capital gaúcha,
Natal é a outra cidade-sede com mais trabalho a fazer pela frente. A Arena das
Dunas tem 20,56 por cento de suas obras realizadas e a previsão de conclusão é
dezembro de 2013, apenas seis meses antes do início do Mundial.
Fortaleza (60,44 por
cento), Belo Horizonte (55 por cento), Salvador (55 por cento) Brasília (54 por
cento) e Curitiba (52 por cento) são as cidades que já concluíram ao menos
metade das obras de reforma ou construção para a Copa de 2014, segundo dados
fornecidos por autoridades das cidades ao governo federal.
O Maracanã, palco da final
da Copa e que passa por uma reforma completa, está com 39 por cento da obra
concluída, enquanto o estádio do Corinthians, que receberá o jogo de abertura
do Mundial em São Paulo no dia 12 de junho de 2014, tem 30 por cento das obras
executadas.
Se o governo considera as
obras dos estádios dentro do cronograma -ao contrário do que se vê nas obras de
infraestrutura-, o custo total das construções das arenas mais do que triplicou
em relação a previsão inicial de 2007, quando o Brasil foi oficializado como
sede.
A estimativa oficial atual
de 6,7 bilhões de reais (3,68 bilhões de dólares) está bem acima dos 1,4 bilhão
de euros (1,87 bilhão de dólares) gastos pela Alemanha em seus 12 estádios para
a Copa de 2006 e é mais que o dobro que o 1,48 bilhão de dólares que a África
do Sul gastou em 10 arenas dois anos atrás.
"Não entendo como um
estádio no Brasil precisa custar 500 milhões de reais enquanto há exemplos de
estádios construídos em outras partes do mundo com 40.000 ou 50.000 lugares que
custaram menos da metade", disse Amir Somoggi, diretor da área de
consultoria esportiva da BDO Brazil, uma empresa de auditoria.
Só a reforma do Maracanã
vai custar mais de 1 bilhão de reais ao governo do Rio de Janeiro, num estádios
que já tinha passado por reformas para o Mundial de Clubes da Fifa de 2000 e os
Jogos Pan-Americanos de 2007.
A necessidade detectada
somente durante as obras de construir uma nova cobertura para o estádio
aumentou ainda mais os custos previstos para a reforma.
Outro problema é a
utilização de alguns estádios após a Copa. Em Cuiabá, por exemplo, que não tem
nenhum clube de expressão no futebol nacional, o novo estádio vai custar 520
milhões de reais para receber apenas quatro jogos da primeira fase da Copa.
Manaus está gastando mais
de 533 milhões de reais numa nova arena, apesar de seu melhor clube estar
apenas na quarta divisão do Campeonato Brasileiro.
As obras dos estádios tem
financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
com taxa de juros subsidiadas, de até 400 milhões de reais ou o limite de 75
por cento do valor total da arena. O restante do valor é de responsabilidade
dos donos dos estádios - em nove deles os governos estaduais.
Por Andrew Downie em São
Paulo e Pedro Fonseca no Rio de Janeiro
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