Estudante do Povoado de Poxim (AL) ficou quatro anos fora da
escola.
'A matemática é muito importante para mim', diz jovem com nome de herói.
'A matemática é muito importante para mim', diz jovem com nome de herói.

Indiana Jhones, de 19
anos, filho de pescador, mora no povoado de Poxim, na região de Coruripe (AL);
ele foi campeão da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e
vai receber a medalha de ouro em uma cerimônia no Rio de Janeiro (Foto: Vanessa
Fajardo/ G1)
Assim como o famoso personagem do cinema, o estudante Indiana
Jhones dos Santos, de 19 anos, gosta de decifrar enigmas. Nas telas, o
professor de arqueologia interpretado por Harrison Ford se aventura em busca de
relíquias e tesouros. Na vida real, o garoto que mora no Povoado de Poxim, em Coruripe,
em Alagoas, tenta reescrever a história de sua família por meio dos problemas
da matemática. Indiana ganhou medalha de ouro na última edição da Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep).
George Lucas, diretor da saga, teve um cão com o nome que inspirou o
personagem. Fã da série de filmes criada por Lucas e por Steven Spielberg, a
dona de casa Angelita Maria dos Santos Silva, de 42 anos, não titubeou na
escolha ao batizar seu primogênito. “Assisti aos filmes e achei tão lindo, tão
bonito que quis que meu filho tivesse esse nome", afirma. Indiana diz que
gosta da homenagem, não se incomoda com a curiosidade alheia, mas preferiria
ter um nome mais comum.
Indiana mora com a mãe e o padrasto José João Batista, de 64 anos, a
quem Indiana Jhones considera um pai, em uma casa simples de um dos povoados de
Coruripe, a cerca de 90 km de Maceió. São três cômodos e uma cortina colorida
pendurada, dividindo a sala da cozinha. Na parede, imagens religiosas. Está
próxima à praia de Poxim, no litoral sul alagoano, um paraíso de águas claras,
com coqueiros, muito visitado pelos turistas.

Angelita, Indiana e o
padrasto pescador José João
Batista (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Batista (Foto: Vanessa Fajardo/ G1)
Mãe e padrasto estão desempregados. Batista pesca “para a família não
passar necessidade.” A única renda da casa vem do benefício do Bolsa Família.
Indiana não trabalha, mas pensa em dar aulas de matemática para reforçar o
orçamento. Prefere os números à pescaria. O garoto diz que não vê o pai
biológico há 7 anos.
O prêmio de campeão na Obmep é inédito, mas Indiana já garantiu medalhas
de bronze nas edições de 2009 e 2010. Em 2007, na estreia da competição, levou
menção honrosa. Além das medalhas dos anos anteriores, ganhou uma bolsa de R$
100 por mês do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ), mas perdeu o benefício por falta de acessos ao site, o que garantia a
permanência da bolsa. O jovem não tem computador em casa.
A medalha de ouro será entregue no Rio de Janeiro. Indiana, que só
conhece a capital do estado onde nasceu, está ansioso com a viagem de avião e
com a expectativa de fazer amigos e conhecer novos cenários.
Por Vanessa Fajardo
Nenhum comentário:
Postar um comentário