A economia da China vacilou inesperadamente em abril, com
dados industriais abaixo do esperado, desaceleração nas vendas no varejo e
queda nos preços sugerindo que os ventos contrários à economia podem ser mais
fortes do que o imaginado, exigindo medidas mais robustos para contê-los.
A produção industrial
expandiu no ritmo anual mais lento em abril em quase três anos, enquanto o
crescimento de investimentos em ativos fixos caiu para o menor nível em quase
uma década.
O fraco crescimento em
investimentos de ativos fixos sinalizou que o prolongado impacto da crise de
crédito no setor imobiliário e a fraca demanda dos mercados internacionais
foram mais severos do que o inicialmente imaginado.
De fato, os novos
empréstimos em abril ficaram bem abaixo do que a maioria dos observadores de
mercado esperava, ajudando a explicar as contínuas condições apertadas para
empresários, apesar do afrouxamento promovido por Pequim.
"Os dados sugerem
mais desaceleração da economia no início do segundo trimestre, com todos os
segmentos com fraca demanda privada", disse o economista do Credit
Agricole-CIB em Hong Kong, Dariusz Kowalczyk.
"Isso aumenta a
pressão por estímulo político, tanto fiscal como monetário. Em particular, dada
a baixa inflação, nós acreditamos que há espaço e necessidade para tais
políticas de afrouxamento."
Os bancos chineses deram
681,8 bilhões de iuans em novos empréstimos em abril, bem abaixo da previsão do
mercado de 800 bilhões de iuans.
A produção industrial
subiu 9,3 por cento em abril, o menor nível desde maio de 2009, enquanto o
crescimento das vendas do varejo desacelerou para 14,1 por cento, o mais fraco
em 14 meses.
Os investimentos em ativos
fixos cresceram 20,2 por cento nos primeiros quatro meses do ano, o nível mais
lento desde dezembro de 2002.
ESCOPO PARA AFROUXAR A
POLÍTICA
A longa batalha de dois
anos da China com a inflação e com uma bolha imobiliária são os efeitos
posteriores do programa de estímulo implementado para manter o crescimento na
onda da crise financeira global de 2008 e 2009.
A queda na inflação
potencialmente dá a Pequim mais escopo para afrouxar a política a fim de ajudar
a economia a se recuperar da desaceleração do crescimento vista no primeiro
trimestre.
A inflação anual ao
consumidor caiu para 3,4 por cento em abril, ante 3,6 por cento em março,
embora o preço de alimentos -que é a maior preocupação para o povo e os
formuladores de política econômica da China- tenha subido 7 por cento,
comparado com a alta de 7,5 por cento registrada em março.
A inflação de alimentos
diminuiu consideravelmente este ano e continua com tendência de queda, mas a
inflação que exclui esse setor pode se mostrar um risco, o qual o banco central
não pode ignorar apesar de seu viés político de apoio à economia, afirmou o
economista do Nomura em Hong Kong, Zhang Zhiwei.
A inflação da China tem
caído de forma estável desde o pico de três anos de 6,5 por cento em julho de
2011, em resposta a uma série de passos políticos de aperto e enfraquecimento
da atividade econômica.
A desaceleração do
crescimento pesou sobre a demanda do setor manufatureiro da China, que sofre
com supercapacidade em muitos setores. O índice de preços ao produtor de abril
caiu 0,7 por cento, após uma queda de 0,3 por cento em março, superando
expectativas.
Por Lucy Hornby e Langi Chiang
(Reportagem adicional de Koh Gui Qing, Nick Edwards and
Aileen Wang)
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