Para a maioria das pessoas, o Facebook é uma forma de se
conectar a amigos e parentes em todo o mundo. Já para o Itaú BBA, o Facebook
pode ajudar na criação de conexões com os bancos de elite responsáveis pelas
maiores operações financeiras no mundo.
Na semana passada, o banco
de investimentos brasileiro conquistou uma cobiçada posição entre os
coordenadores da oferta pública inicial (IPO, em inglês) do Facebook, ficando
entre os 33 bancos que irão subscrever uma das mais aguardadas estreias no
mercado de ações.
O acordo dá à companhia
sediada em São Paulo maior visibilidade mundial e reflete a crescente confiança
no Brasil e em seu mercado de capitais, ainda que a disposição de aceitar
riscos esteja em queda devido à fraca recuperação na economia mundial.
Para o Facebook, o
relacionamento com o Itaú BBA pode fazer mais que atrair investidores
latino-americanos ao seu IPO de 10,6 bilhões de dólares.
O banco também pode ajudar
a identificar potenciais alvos de aquisição no Brasil, país superado apenas
pelos Estados Unidos em termos de usuários ativos do Facebook.
Nos últimos meses, os
fundos de capital para empreendimentos vêm investindo em diversas companhias
brasileiras iniciantes, do site de viagens ViajaNet à Connectparts, que vende
autopeças online.
O controlador do Itaú BBA,
Itaú Unibanco, é o maior financiador do setor privado brasileiro e tem
importante papel na gestão de patrimônios no país.
"Trata-se de um banco
moldado numa das casas mais tradicionais, que vem conseguindo direcionar
investimento para os setores de mais rápido crescimento no Brasil. Eles têm se
apresentado a investidores estrangeiros como a instituição de referência para
investimento no Brasil", disse José González, diretor executivo da
administradora de fundos SG Asset Management.
"O Facebook se vê
como companhia mundial. Esse é o momento para que construa relacionamentos nos
lugares em que vê crescimento, como o Brasil", disse González,
ex-executivo do ING Bank e da corretora japonesa Nomura. "É uma decisão
inteligente".
Os usuários do Facebook
quase triplicaram no Brasil, chegando a 36 milhões no ano passado, o que levou
a empresa a superar o Orkut, do Google, no posto de maior rede social no país.
DERROTANDO RIVAIS
Ao contrário de seus
concorrentes em outros mercados emergentes, os bancos brasileiros vêm
derrotando rivais estrangeiros no financiamento de operações, criando elos mais
fortes com os clientes e estabelecendo redes de distribuição semelhantes às dos
bancos mundiais.
O Itaú BBA é o maior banco
brasileiro em fusões e aquisições e emissões de títulos, de acordo com dados da
Thomson Reuters deste ano. Goldman Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan Chase -que
lideram a abertura de capital do Facebook- ocupam, respectivamente, 11a, 14a e
17a posições no mercado brasileiro de fusões e aquisições.
À medida que um número
maior de companhias brasileiras abre capital e emite títulos de dívida, os
bancos sediados no país ganham importância no cenário internacional, disse
Kevin Kelley, sócio que comanda as operações latino-americanas do escritório de
advocacia Gibson, Dunn & Crutcher.
Além do Facebook, o Itaú
BBA ajudou a coordenar o IPO do grupo de private equity Carlyle. O Bradesco BBI,
divisão de investimento do banco Bradesco, o segundo maior banco privado do
país, em janeiro foi selecionado para co-administrar a emissão de títulos de
dívida de cinco anos pela financeira da Ford Motor.
Itaú BBA, BTG Pactual e BR
Partners, banco de investimento especializado que ocupa a quinta posição no
ranking brasileiro de fusões e aquisições em 2012, participaram de 35 das 64
transações conduzidas pelos dez maiores consultores financeiros do mercado.
"Os clientes estão
cientes disso e é por isso que estão cortejando o Itaú para que assuma esse
papel secundário", disse um executivo de banco de investimento em São
Paulo, que pediu anonimato, sobre a decisão do Facebook de contratar o Itaú
BBA.
O Facebook está pagando
comissões de subscrição muito baixas, mas, ainda assim, os bancos estão ávidos
por participar da operação pelo prestígio de integrar o maior IPO do Vale do
Silício desde o Google.
Por
Guillermo Parra-Bernal e Olivia Oran
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