Proposta é transformar o BPTran em um
departamento da Polícia Militar. Junção reduziria gastos, mas diminuiria o foco
dos policiais

Curitiba é a única cidade do Paraná que apresenta um batalhão específico de trânsito
O Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) de
Curitiba poderá ser transformado em um departamento ou uma diretoria estadual
da Polícia Militar (PM). Dessa forma, frações de policiamento de trânsito
poderiam ser implantadas nos batalhões de áreas – no caso, o 12.°, o 13.º e o
20.º – e ficariam subordinadas ao novo órgão. As possibilidades estão sendo
estudadas pela PM, que poderá adotar um sistema semelhante ao do interior do
Paraná. Somente a capital conta com um batalhão específico de trânsito no
estado.
A PM não fornece mais detalhes nem prazos e
revela que neste momento está sendo estudada a viabilidade técnica da proposta.
Para especialistas, a ideia é interpretada como uma junção de atividades e uma
possível diminuição na especialização e no foco dos policiais.
O presidente da Associação de Defesa dos
Direitos dos Policiais Militares (Amai), coronel Eliseu Furquim, é contra a
retirada de uma unidade especializada e explica que boa parte da experiência
acumulada acaba desaparecendo no fracionamento. “Não vai ter uma uniformidade
de tratamento e uma doutrina única, que poderiam trazer melhores resultados”,
avalia. Segundo ele, a medida funciona no interior porque as cidades e os
efetivos são menores.
Para o professor de Direito Administrativo
Rodrigo Pironti, a especialização do agente público é uma característica que
deve ser considerada. “Policiais especializados apresentam melhor preparação
para atender as suas funções”.
Eduardo Ratton, professor titular de
transporte da Universidade Federal do Paraná, considera válida a mudança no
policiamento de trânsito desde que exista formação e treinamento dos
profissionais que passariam a atuar nos batalhões de áreas, voltados à
conscientização dos motoristas.
Já para o professor universitário Denis
Alcides Rezende, pós-doutor em Administração Municipal, uma possível
reestruturação é um avanço caso permita ao policial exercer várias atividades.
“Hoje a polícia é fracionada em atividades e tem orçamentos fracionados”, diz.
Ele defende o planejamento integrado das atividades, treinamento dos policiais
e uma remuneração adequada.
A assessoria de imprensa da polícia informa
que, para trabalhar na área, é preciso haver uma especialização, mas que não
debaterá nesse momento as opiniões. Com relação à qualificação dos agentes, a
assessoria explica que o trânsito é tema de uma disciplina nos cursos de
formação de policiais militares. Aos que atuam no BPTran são oferecidos ainda
cursos de atualização de 15 dias, incluindo teoria e estágios dentro do
batalhão.
Custos
Com relação aos aspectos financeiros, uma
possível junção de órgãos resultaria em diminuição de gastos, aponta o doutor
em Economia José Guilherme Vieira. “Vão diminuir os custos, mas não posso dizer
se a medida vai ter consequências boas ou ruins”, diz. O ex-secretário estadual
de Segurança Pública Luiz Fernando Delazari afirma também não ter ideia da
dimensão da possível mudança. “Acho que é uma questão de readequação
funcional.”
Por Bruna Maestri
Walter
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