Rebeldes tuaregues
do norte do Mali avançaram para o sul, ocupando posições abandonadas por forças
do governo, enquanto amotinados na distante capital, Bamako, caçam o presidente
para tentar completar o golpe de Estado iniciado nesta semana, segundo fontes.
Os rebeldes do Movimento
Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) estão se aproximando de cidades no
desértico norte malinês (região conhecida como Azawad), aproveitando-se da
confusão criada pela tentativa de golpe empreendida em Bamako por militares de
baixa patente, disse uma fonte militar à Reuters.
Os soldados amotinados,
que acusam o governo de não lhes dar condições adequadas para enfrentar a
rebelião tuaregue, percorrem as ruas da capital depois de invadirem o palácio
presidencial e assumirem o controle da TV estatal.
Um porta-voz dos
amotinados sugeriu, em conversa com jornalistas, que os soldados estão tentando
prender o presidente Amadou Toumani Touré, cujo paradeiro é desconhecido. Há
relatos não confirmados de que ele está sendo protegido na capital por forças
leais ao governo.
Tiroteios esporádicos
foram ouvidos na capital nas primeiras horas desta sexta-feira, segundo um
repórter da Reuters.
O Mali recebeu um grande
afluxo de combatentes e armas depois da guerra civil de 2011 na Líbia. Mesmo
antes disso, o país já enfrentava uma rebelião de tuaregues, uma crescente
ameaça islâmica e uma crise alimentar. Na quarta-feira, começou o motim.
Um oficial em Kidal, no
norte, disse que os rebeldes ocuparam um quartel abandonado pelas forças
oficiais em Anefis, 100 quilômetros a sudoeste.
"O Exército recuou
para Gao", disse uma fonte em Timbuktu, outra cidade do norte, pedindo
anonimato. "Não há mais nenhuma liderança militar. (Os rebeldes) vão tomar
as cidades no norte."
O MNLA afirmou em seu site
que tomou a rodovia Gao-Kidal depois que as tropas malinesas abandonaram suas
posições e se retiraram para Gao.
Os rebeldes do MNLA, cujo
contingente cresceu por causa da volta de tuaregues malineses que antes serviam
ao Exército líbio, lutam desde meados de janeiro para tornar o norte do Mali
independente. Eles expulsaram as forças do governo de localidades remotas, mas
ainda não ameaçam as três capitais regionais -Kidal, Timbuktu e Gao.
Na quinta-feira, os
rebeldes disseram que tentariam se aproveitar do caos decorrente da tentativa
de golpe. Soldados amotinados já detiveram vários oficiais militares e pelo
menos uma importante autoridade civil no norte do Mali.
Os soldados amotinados
disseram também que planejam atacar um regimento de paraquedistas onde
acreditam que Touré esteja refugiado.
Ex-comandante dos
paraquedistas, Touré chegou ao poder pela primeira vez em 1991, graças a um
golpe. Apelidado de "Soldado da Democracia", ele deixou o governo no
ano seguinte, e voltou à presidência em 2002, pelo voto popular. Desde então, a
ex-colônia francesa vivia um período de relativa estabilidade.
Por David Lewis e Adama Diarra
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