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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Material reciclado que une pessoas

Paraná começa a desenvolver redes para melhorar a vida dos catadores de lixo. Há iniciativas em Foz do Iguaçu, Londrina e Pinhais 

Antônio More/ Gazeta do Povo / Se cooperativas de catadores de material reciclado se associarem a uma rede, o lucro mensal aumenta de 20% para 40% porque acaba com figura do atravessador
Se cooperativas de catadores de material reciclado se associarem a uma rede, 
o lucro mensal aumenta de 20% para 40% porque acaba com figura do atravessador

Eliminar a figura do atravessador, fortalecer a categoria dos catadores de materiais recicláveis, aumentar o lucro de suas famílias e erradicar o trabalho infantil. Com objetivos bem claros, as redes de cooperativas e de associações surgem da necessidade de aperfeiçoamento do trabalho diário de buscar nas ruas da cidade o lixo que pode ser reciclado e sustentar famílias.

Ainda iniciante no assunto, o Paraná conta hoje com uma dessas redes em implantação em Foz do Iguaçu, outra em Londrina e uma em construção em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Além dessas, organizações do Litoral e da própria RMC compõem a primeira rede de empreendimentos de catadores voltada para a logística reversa, a Rede Carta Paraná.

A procuradora do trabalho e coordenadora do Fórum Estadual Lixo e Cidadania, Margaret Matos de Carvalho, defende a criação de redes de cooperativas como essas. “São de extrema importância, considerando a fragilidade dessas organizações”, afirma. Segunda ela, o estado só não tem um número maior de redes devido à falta de organização da categoria.

Segundo os registros da Procuradoria Regional do Trabalho, cerca de cem cooperativas e associações estão localizadas no Paraná: 60 só na RMC. Criadas a partir de 2001 por uma necessidade do mercado de materiais recicláveis, as cooperativas garantem um lucro de 20% a 30% maior do que ganhariam os catadores se não fossem cooperados. Com a implantação de uma rede de cooperativas, esse valor pode subir para 40% ou mais.

Custos
Coordenador da Rede Car­­ta Paraná, Carlos Alencastro Cavalcanti conta que a venda direta à indústria (feita pelas redes) elimina custos do processo, o que um catador sozinho não tem condições de conseguir. “Essa faixa de lucro que ficava pelo caminho fará parte da renda do catador”, assegura Cavalcanti. 

A Carta Paraná é formada por 30 cooperativas e associações e envolve cerca de 3 mil famílias. Cada uma recebe de acordo com o volume de material reciclável coletado. Em uma dessas cooperativas, a Catamare, são 50 famílias de diversas regiões de Curitiba que chegam a ganhar R$ 700 por mês, além do pagamento do INSS, uma garantia que o catador que não é cooperado não dispõe. 

É o caso de Lia Oliveira, de 39 anos, que trabalha com material reciclável desde os 10 anos. “Minha roupa, meu brinquedo, tudo era do lixo” lembra a catadora, que sustenta uma casa com seis pessoas com o que ela e a filha de 22 anos ganham na cooperativa. Cooperada há cinco anos, Lia fala que o que lucrava com a venda para depósitos particulares não dava para pagar suas contas. “Se aqui dá R$ 40 lá [no depósito] dava só R$ 15.” 

Com menos idade e experiência, porém o mesmo empenho, Cleiton Rodrigues Elias divide o barracão da cooperativa com Lia há 4 meses. Com 22 anos, Cleiton veio a pé e de bicicleta do Piauí, estado onde nasceu e que carrega no apelido. Sua primeira morada foi a Casa dos Pobres São João Batista, no Rebouças, de onde um dia saiu para procurar emprego e encontrou a cooperativa. “Só sei que hoje estou aqui”, fala o rapaz, que em poucos dias com o que ganhou na cooperativa conseguiu alugar um quarto para morar.

Convivência
Lucros e experiências precisam ser compartilhados
Está em processo de formação na região de Curitiba a Coopersol, cooperativa solidária de reciclagem que conta com instituições de Almirante Tamandaré, Piraquara e dos bairros da capital paranaense Fazendinha e Bairro Novo. São cinco associações que constituem uma rede. Segundo a educadora popular do Projeto Mutirão e do Cefuria Magda Mascarello, a rede de cooperativas deve trabalhar com dois objetivos: a comercialização dos materiais sem um atravessador; e a socialização, que permitirá um maior conhecimento de leis, projetos e ações do Ministério Público voltadas a esses trabalhadores. “A discussão já acontece na Coopersol. Percebemos um processo de solidariedade entre os grupos por não terem acesso à moradia e creche”, conta. 



Por Ellen Miecoanskia

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