Iniciativa foi
apresentada na Câmara Municipal de Londrina, norte do estado.
Comissão considerou proposta inconstitucional, mas vereador deve recorrer.
Comissão considerou proposta inconstitucional, mas vereador deve recorrer.
Um projeto que
tramita na Câmara de Londrina, no norte do Paraná, prevê que os filhos de
agentes públicos do município sejam obrigados por lei a estudar em escolas
públicas. A determinação vale para os chefes do Executivo, vereadores,
secretários de governo, e presidentes e diretores dos órgãos da administração
direta e indireta.
A proposta foi
apresentada pelo vereador Tito Valle (PMDB) em fevereiro, mas recebeu parecer
contrário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. A justificativa
da assessoria jurídica pela inconstitucionalidade foi baseada na consideração
que a decisão pela matrícula ou não dos dependentes encontra-se na esfera
privada dos agente públicos em questão. "A matéria afronta ao princípio da
isonomia, insculpido no art. 5º da Constituição Federal, que afirma que 'Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza ...'.", diz
parte do texto.
“O plenário pode derrubar esse parecer
contrário caso haja interesse político”, contou ao G1 o autor da proposta.
Valle afirmou que vem conversando diretamente com os parlamentares para
conquistar apoios. “Já temos alguns vereadores que estão sensíveis ao projeto,
alguns se dispuseram a serem coautores. É um processo politico de
convencimento”, disse. Ele planeja levar a proposta para votação quando
conquistar mais apoios.
Contudo, o
vereador admite que a proposta pode esbarrar na falta de interesse dos
políticos na matéria, já que a mesma influi diretamente nas vidas pessoais dos
mesmos. “É difícil, a classe dirigente nunca se preocupou com maioria da
população, com a educação, a saúde. Quando ele consegue uma condição um pouco
melhor já tira o filho da escola pública e coloca na particular”, lamentou.
Se os agentes
matriculassem os filhos na escola pública veriam a falta de estrutura das
escolas"
Tito Valle,
vereador
A saída para
esse “desinteresse”, na opinião de Valle, seria justamente o envolvimento,
ainda que forçado dos agentes públicos. “Se os agentes matriculassem os filhos
na escola pública, eles poderiam participar da Associação de Pais e mestres
(APM), veriam a falta de estrutura das escolas”, justificou. Ele conta que
possui quatro filhos, e que todos estudaram em escolas públicas durante toda a
vida. “Eu mesmo sempre estudei”, garantiu.
A proposta
apresentada é baseada em uma iniciativa semelhante apresentada pelo senador Cristovam
Buarque (PDT), que também recebeu parecer contrário da comissão do Senado.
“Estou em contato com a assessoria do Cristovam para que ele possa ajudar na
adaptação do projeto ao município de Londrina”, explicou.
Por Fernando
Castro
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