As forças do presidente sírio, Bashar al-Assad,
tentando forçar a submissão da cidade de Homs, mataram nesta quarta-feira mais
19 pessoas, incluindo dois jornalistas ocidentais, em um ataque que provocou
clamor internacional a favor de uma intervenção que acabe com o derramamento de
sangue.
Centenas de pessoas foram assassinadas em
bombardeios diários contra Homs pelas forças de Assad que cercam a cidade e que
usam artilharia, foguetes e tanques T-72 de fabricação soviética, aumentando os
temores de que Assad submeta Homs à mesma devastação infligida por seu pai à
cidade rebelde de Hama 30 anos atrás, que deixou mais de 10.000 mortos.
Com a paralisação da diplomacia que tinha o
objetivo de parar o derramamento de sangue na Síria, e as forças de Assad intensificando
as ofensivas para exterminar os rebeldes, os Estados Unidos deram a entender
que poderiam armar a oposição síria.
O bairro de Baba Amro em Homs, onde foram relatadas
as 19 mortes, está sendo bombardeado desde 3 de fevereiro, levando o conflito
para uma nova dimensão que deve dominar as conversas "Amigos da
Síria" em Túnis na sexta-feira, onde a secretária de Estado dos EUA,
Hillary Clinton, se reúne com autoridades e grupos de 70 países.
Em um sinal de que a carnificina está piorando na
Síria, ativistas disseram que as tropas e milícias leais a Assad capturaram e
mataram 27 jovens na terça-feira em vilarejos no norte do país. A insurreição
contra o governo autocrático de Assad já dura 11 meses.
A Rússia, um dos poucos aliados de Assad e que pode
ter alguma influência sobre ele, disse na quarta-feira que estava buscando uma
passagem segura de comboios com ajuda para civis sírios presos na violência
disseminada.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores,
Alexander Lukashevich, disse que a Rússia, que é um fornecedor de armas para a
Síria, pediu ao secretário-geral da ONU que enviasse um representante para
entrar em contato com todos os lados envolvidos no conflito sírio pelo tráfego
seguro de comboios humanitários.
"Nossa iniciativa visa fornecer segurança para
os transportes de cargas humanitárias, estamos trabalhando de forma ativa com a
Síria e com (os países) em volta", disse Lukashevich a jornalistas.
"Estamos trabalhando nessa área com a
liderança síria e com representantes da oposição, com a Cruz Vermelha
Internacional", disse.
A Cruz Vermelha pediu cessar-fogo diários para
permitir que a ajuda chegasse a cidades como Homs, onde os moradores estão
perto da inanição, sobrevivendo de água recolhida da chuva, vendo os feridos
morrerem e amedrontados demais para sair de suas casas e abrigos.
A França instou a Síria na quarta-feira a suspender
os ataques contra Homs e a permitir o acesso seguro para trabalhadores
humanitários cuidarem dos feridos.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), da oposição, disse
na quarta-feira que estava chegando à conclusão de que a intervenção militar
era a única resposta para a crise.
"Estamos realmente perto de ver essa
intervenção militar como a única solução. Há dois males, a intervenção militar
ou a guerra civil prolongada", disse Basma Kodmani, uma autoridade da CNS,
em uma coletiva de imprensa em Paris.
JORNALISTAS MORTOS
Dois jornalistas ocidentais foram mortos quando
bombas atingiram as casas em que estavam em Homs na quarta-feira, afirmaram
ativistas de oposição e testemunhas à Reuters.
Os repórteres eram Marie Colvin, jornalista
norte-americana que trabalhava para o jornal britânico Sunday Times, e o
fotógrafo francês Remi Ochlik.
Uma testemunha disse à Reuters por telefone que
bombas atingiram a casa onde eles estavam e um foguete os atingiu enquanto
tentavam escapar.
Ambos eram repórteres veteranos de guerras no
Oriente Médio e outros locais.
Por Khaled Yacoub Oweis e
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