domingo, 12 de fevereiro de 2012

Redes de cinema investem R$ 30 milhões em Curitiba

Em 2011, o faturamento total das salas cresceu apenas 2,5%, e a cidade caiu uma posição no ranking nacional. Especialistas apontam falta de salas

 Marcelo Elias/Gazeta do Povo / Sala da Cinesystem no Shopping Curitiba: rede negocia a construção de 16 salas em dois nos empreendimentos. “Queremos ampliar a participação no Paraná”, diz diretor
 Sala da Cinesystem no Shopping Curitiba:
rede negocia a construção de 16 salas 
em dois nos empreendimentos. 
“Queremos ampliar a participação no Paraná”, diz diretor

As redes de cinema que atuam e vão atuar em Curitiba devem investir cerca de R$ 30 milhões em reformas, ampliação ou construção de novas salas neste ano, entre investimentos já empenhados e previstos. Os investimentos se consolidam ao mesmo tempo em que a cidade perde posição no ranking de faturamento do país, o que reflete limitação na quantidade de salas na cidade, segundo especialistas.

Dados do Filme B, portal que monitora o mercado cinematográfico do país, mostram que os cinemas de Curitiba têm o quinto maior faturamento do país, com renda de quase R$ 45 milhões ao ano. Antes no quarto lugar, a capital paranaense foi ultrapassada por Brasília em 2011, o que refletiu o baixo crescimento na receita dos cinemas, de apenas 2,5% em relação a 2010 – em todo o país, o faturamento cresceu 12%, de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,4 bilhão.

A limitação física de shoppings é uma das razões para o baixo crescimento verificado no ano passado, na opinião de Milton Durski, diretor geral da rede paranaense Cineplus, que tem quatro cinemas na Grande Curitiba. A aposta das redes é aproveitar a ampliação e construção de novos empreendimentos na cidade – em três anos a capital deve ganhar quatro novos shoppings.

“O mercado de cinema em Curitiba está bastante competitivo e vemos uma estagnação na quantidade de novas salas na cidade. A ampliação de shoppings vai dar espaço para a expansão de salas”, diz o executivo do Cineplus, que está abrindo um cinema no supermercado Condor, em Castro, nos Campos Gerais – há intenção de negociar com a rede de supermercados para a abertura de outras salas no interior do estado.

A construção de novos empreendimentos acirra também a busca por parcerias. De acordo com Eduardo Vaz, sócio-diretor da também paranaense Cinesystem, que tem cinemas em três shoppings na capital e no supermercado Condor de Paranaguá, há negociações para a construção de 16 salas de cinemas em dois futuros empreendimentos. “Estamos reformando cinemas em Curitiba e queremos ampliar a participação da rede no Paraná. A expectativa é continuar crescendo em 2012”, afirma Vaz.

Apesar da queda no ranking de faturamento, Curitiba segue um mercado lucrativo para as redes. A gerente de marketing do Shopping Palladium, Maria Aparecida de Oliveira, diz que o cinema da capital paranaense é campeão de bilheteria na Amé­­rica Latina em diversos filmes, entre eles Avatar e Piratas do Caribe, por exemplo.

Consumidor vê falhas na prestação de serviço
A Gazeta do Povo realizou uma enquete para saber dos leitores quais são os principais problemas quando o assunto é cinema: 75% das pessoas que participaram da pesquisa apontaram questões relacionadas à prestação de serviços. Nesse quesito, 20% reclamaram da falta de conforto das poltronas e 17%, das filas para comprar ingressos.
O recado às redes de cinema vem em um momento de expansão no número de espectadores: a quantidade de pessoas que assistiram filmes em cinemas do país passou de 134,9 milhões para 141,6 milhões no ano passado, uma alta de 5%.

“Esses números mostram que as redes precisam acordar para acompanhar o público, pois elas estão assistindo passivamente a esse aumento no número de espectadores. Percebo como consumidora que há filas para ingresso e para a bomboniére, por isso acredito serem necessários mais investimentos para melhorar a prestação de serviços”, ressalta a gerente de marketing do Shopping Palladium, Maria Aparecida de Oliveira.

O item que liderou sozinho e respondeu por um quarto das reclamações dos leitores foi o preço do ingresso. Na Grande Curitiba, o valor dos bilhetes varia de R$ 6 a R$ 30. Em 2011, ainda, o preço do ingresso subiu 7,92% na Região Metropolitana de Curitiba, segundo o IPCA – a inflação geral foi menor, de 7,13%.

Apesar da sensação de pagar por ingressos caros, o sócio-diretor do Cinesystem, Eduardo Vaz, afirma que o cinema ainda é um entretenimento barato, em comparação com outras opções, como restaurantes, por exemplo. Ele lembra ainda que o preço médio do ingresso no Brasil é de R$ 10, em decorrência das isenções dadas a estudantes e outros grupos.

“Uns 75% dos clientes do cinema hoje pagam meia entrada, e os valores aumentam por causa da tecnologia aplicada. Vale lembrar que para o exibidor sobra pouco, já que é preciso repassar uma parte para a distribuidora, além de ter de pagar aluguel de shopping e outros impostos”, destaca Vaz.



João Pedro Schonarth | Gazeta do Povo

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