Proposta do Ministério da Justiça pretende criar
mecanismos de segurança para informações de pessoas físicas
Bancos de dados em sistemas informatizados, como os
de lojas,
não poderão ser comercializados, se proposta do Ministério da
Justiça for aprovada
Nem positivo, nem negativo. Antes de mais nada, os cadastros que reúnem
informações pessoais dos consumidores devem ser seguros e transparentes. Essa é
a principal reivindicação dos órgãos de defesa do consumidor, no momento em que
o país discute a criação de um marco regulatório sobre a proteção de dados
pessoais armazenados por entidades públicas e privadas.
O Brasil ainda não tem nenhum tipo de regulamentação para
esses cadastros, mas o Ministério da Justiça trabalha em um anteprojeto de lei,
que passou por consulta pública, para proteger informações preciosas de pessoas
físicas como nome, endereço físico e eletrônico, telefone e dados bancários e
fiscais armazenados em sistemas. O objetivo é reduzir a vulnerabilidade do uso
indevido desses dados no comércio eletrônico, publicidade comportamental e na
internet.
De acordo
com a proposta, informações pessoais poderão ser repassadas apenas com o
consentimento prévio do seu titular e somente para a finalidade específica
indicada no momento da coleta dos dados. Também fica expressamente vedado o
comércio de bancos de dados. A proposta garante ainda livre acesso e a
possibilidade de consulta gratuita, pelo titular, de seus dados pessoais
armazenado em qualquer sistema público ou privado.
Confiança
Para o
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a lei deverá garantir a
proteção dos dados dos consumidores observando o direito à privacidade
garantido pela Constituição e os princípios do Código de Defesa do Consumidor
(CDC). Um levantamento feito pela entidade no fim do ano passado mostrou que
95% dos internautas não confiam na forma como atualmente seus dados pessoais
são armazenados ou usados. A entidade considera a proposta positiva, por suprir
um vácuo em uma área essencial à proteção dos consumidores.
Em sua
análise sobre o projeto, o escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados,
especializado em Direito Digital, considera a proposta legal brasileira
avançada na comparação com textos já vigentes em países como Chile, Argentina e
Uruguai, ou mesmo a diretiva europeia de proteção de dados pessoais. Segundo os
advogados, além de dar garantias aos cidadãos, a lei de proteção das
informações pessoais também poderá servir para reduzir a burocracia entre a
comunicação interna de órgãos e instituições governamentais, viabilizando maior
agilidade no trâmite de informação entre os três poderes.
Poder
público
Já o
Grupo de Pesquisas em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da
Universidade de São Paulo (USP) lembra que os princípios da transparência, da
finalidade e da proporcionalidade também devem ser estendidos, por força de
lei, ao Poder Público.
“Nossa
sugestão é que isso aconteça de maneira coletiva, com a criação de um
procedimento pelo qual toda comunicação ou interconexão de dados entre entes
públicos tenha de ser aprovada pela Autoridade de Garantia que tem a obrigação
de publicizar essa autorização”, aponta o grupo, em sua contribuição à consulta
pública.
A ideia é
criar um mecanismo para que o cidadão possa saber que tipo de informação
tramita nas diferentes esferas do Estado. O grupo sugere ainda um mecanismo de
revisão ao qual entidades representativas dos cidadãos e consumidores possam
recorrer para impedir ou restringir autorizações concedidas que sejam
consideradas excessivamente amplas.
Google
está na mira de comissão do Congresso
A
Comissão de Defesa do Consumidor aprovou, no dia 14, o Requerimento 93/2012,
de autoria do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), para discutir as novas regras de
privacidade de políticas do Google e os impactos dessas novas mudanças, à luz
do Código de Defesa do Consumidor e da legislação brasileira de maneira geral.
Serão convidados para o evento o presidente do Google no Brasil, Fábio Coelho;
o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir
Filgueiras Cavalcante Junior; a diretora do Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor, Juliana Pereira da Silva; o advogado e perito
especializado em segurança da informação José Milagre; a advogada e mestre em
direito das relações de consumo Fabíola Meira de Almeida Santos; e o
representante do Facebook no Brasil, Alexandre Hohagen.
A audiência ainda
será marcada.
A
Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados também aprovou, na
mesma ocasião, uma audiência para discutir regras de privacidade da empresa. A
ideia da audiência é avaliar se os termos de serviço da empresa contrariam o
Código de Defesa do Consumidor. Em nota, o Google garantiu que “a nova política
não altera nenhuma configuração existente de privacidade ou o modo como suas
informações pessoais são compartilhadas fora do Google”. A empresa afirmou
ainda que não coleta informações adicionais sobre os usuários. “Não venderemos
seus dados pessoais. E continuaremos a utilizar a melhor segurança do mercado
para manter suas informações a salvo”, disse a empresa. (ACN)
Por Alexandre
Costa Nascimento

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