Com briga judicial iminente, diretoria do Corinthians se
apega ao histórico do Imperador no clube para fazer a defesa da demissão por
justa causa
De acordo com a cúpula do Timão, Adriano sequer justificava as faltas
(Foto: Ag. Estado)
Prestes a voltar a treinar no Flamengo, Adriano ainda deve ter pela frente
uma disputa judicial com o Corinthians para fazer o acerto financeiro de sua
rescisão contratual. Depois do anúncio que a demissão foi feita por justa
causa, o Timão se apega ao histórico do Imperador para se defender nos
tribunais. Em quase um ano no clube, o jogador acumulou nada menos que 67
faltas, além de ter se apresentado, algumas vezes, embriagado isso de acordo
com integrantes da cúpula do futebol corintiano.
O número corresponde às ausências em sessões (uma ou duas
por dia) de recuperação física no departamento médico pela cirurgia no tendão
do pé esquerdo e treinos com o elenco profissional. Em algumas delas houve
multa com o recolhimento de parte dos salários e o próprio jogador as
assinou. Todas fazem parte de um relatório elaborado pela comissão técnica e
encaminhado ao departamento jurídico.
Adriano não procurava justificativas para as faltas. Com
telefonemas para membros da direção ou para integrantes do corpo clínico, o
jogador simplesmente informava que não poderia comparecer ao trabalho. Por
diversas oportunidades ele chegou a enviar mensagens de celular durante a
madrugada já avisando que não estaria no CT Joaquim Grava pela manhã.
Quando foi ao clube, o Imperador nem sempre treinou. O
Corinthians tem registrado também os dias em que o centroavante chegou
embriagado ou aparentando ter consumido muito álcool poucas horas antes. Em
certas ocasiões, foi obrigado a voltar para casa. Já em outras, permanecia no
departamento médico sem conseguir realizar os trabalhos determinados.
A evolução física e técnica só apareceu depois que
Adriano ficou longe da agitada vida social. No início de fevereiro, o Timão
optou por trancá-lo na concentração para seguir à risca o plano alimentar e os
treinamentos. O resultado foi bom e chegou a animar: o jogador perdeu peso,
ganhou mais mobilidade no campo e convenceu o técnico Tite de que poderia ser
inscrito na Taça Libertadores.
A empolgação, porém, começou a acabar no sábado em que
ele foi liberado a voltar para casa. Adriano apareceu em fotos e vídeos que
caíram na internet em um samba no Capão Redondo, periferia de São Paulo, ao
lado do meio-campista Vitor Júnior. Não por coincidência, enquanto o grupo
estava na Venezuela (para jogar contra o Táchira), o Corinthians determinou um
novo período de confinamento.
O início da Libertadores também foi decisivo para o fim
do amor entre clube e jogador. Ele tinha esperança de enfrentar o Cruz Azul,
dia 7 de março, no México, mas exagerou nos deslizes na semana anterior. Por
três dias seguidos (terça, quarta e quinta) se apresentou para treinar com
sinais de embriaguez e irritou Tite. Na sexta, não quis participar da pesagem
de rotina e fez a direção decidir pelo encerramento do contrato.
Como consta na nota oficial divulgada na última
sexta-feira, o Corinthians “permanece aberto ao diálogo”para fazer um acordo
com Adriano. O valor oferecido pelo clube, contudo, não agrada o Imperador, que
quer o montante integral ao que teria direito até o fim do contrato, em 30 de
junho. O anúncio da demissão por justa causa nada mais foi que um recado de que
o Timão usará o histórico de Adriano para, se for necessário, brigar
judicialmente.
De volta ao Rio de Janeiro, Adriano prometeu, via
assessoria, pronunciar-se sobre o caso nos próximos dias. Em contato com amigos
que deixou no Corinthians, o Imperador teria dito que não questionará o
tratamento recebido pelos médicos. Entretanto, é especulado que ele poderá
passar por uma nova cirurgia no pé esquerdo.
– Se o Adriano falar tudo o que aconteceu no Corinthians,
vão fazer um busto nosso (diretoria). Se nós pecamos, foi por ajudá-lo demais –
disse o diretor de futebol Roberto de Andrade.
Por Carlos Augusto Ferrari

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