quarta-feira, 21 de março de 2012

Estação das folhas secas enlouquece os termômetros

Temperaturas costumam oscilar mais no outono, principalmente em Curitiba. Dias amanhecem frios, mas terminam bem quentes

Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / As variações térmicas são um fenômeno comum no outono
As variações térmicas são um fenômeno comum no outono

Com a chegada do outono, as temperaturas tendem a oscilar com mais frequência. Ontem, a variação térmica na Região Metropolitana de Curitiba foi de 17 graus. Pela manhã, os termômetros marcaram 10ºC. À tarde, a temperatura máxima atingiu 27ºC. No interior do Paraná, a diferença ficou na média de 15 graus. 

Em todo o estado, a região da capital é uma das que mais apresentam amplitude térmica em razão das condições geográficas – cerca mil metros de altitude – e a presença de serras no entorno. As variações em Curitiba podem oscilar de 4 a 15 graus em um mesmo dia. 

Segundo os meteorologistas, as variações – chamadas de gradientes térmicos – não são as mesmas em todas as regiões do estado. No Noroeste e Norte, a diferença entre a temperatura mínima e a temperatura máxima é menor se comparada a outras áreas. Isso porque há uma área plana e um clima ameno, que não muda muito em um só dia. As frentes frias e massas de ar frio, que em geral entram no estado pela Região Oeste, também não causam tanto impacto quando chegam no Noroeste e Norte.

Outro lugar com pouca mudança de temperaturas é o Litoral. O oceano mantém a temperatura estável, evitando as diferenças térmicas em um mesmo dia.
Em contrapartida, as Regiões Oeste e Sudoeste costumam apresentar variação porque são pontos de entrada das frentes frias e massas de ar, o que pode provocar quedas repentinas da temperatura. 

O meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar Paulo Bar­bieri explica que as mudanças de temperatura em um só dia devem-se à chegada de frentes frias, massas de ar frio e pancadas de chuva. No caso de Curitiba, soma-se a influência da circulação de ar. O vento, que às vezes está na direção Norte, pode virar para o Sul, Sudeste ou Leste e isso diminuiu a temperatura, segundo Barbieri. 

A estação do outono é mais propícia para a ocorrência dos gradientes térmicos porque a massa de ar fica mais seca e há calor acumulado durante o dia que se perde facilmente à noite em situações de céu claro, quando não há nebulosidade. Neste período também é comum a formação de nevoeiros. 

Saúde
A bronquite é a doença que mais aparece quando a pessoa se submete às variações térmicas. O pneumologista Luiz Henrique Zaions explica que a mudança brusca de temperatura faz com que o brônquio sofra uma contração (broncoespasmo) e apresente aumento da secreção de muco. Isso ocorre quando o ar frio entra pela via respiratória. Crianças e idosos são os mais suscetíveis ao problema por não terem o sistema imunológico bem preparado para suportar as mudanças. 

Para evitar as complicações da doença, Zaions recomenda uma boa alimentação, prática regular de exercícios físicos – para manter o sistema imunológico protegido – e a ingestão de bastante líquido. Também é preciso evitar as mudanças bruscas de temperatura, entre um ambiente e outro, e se proteger em temperaturas frias.

Previsão
Tempo seco deve se prolongar
O primeiro fim de semana do outono deve ser marcado pela chuva em todo o estado, segundo os meteorologistas. No entanto, o clima seco tende a se prolongar até a metade da estação. “É uma preocupação, principalmente para a agricultura e o abastecimento”, diz o meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar, Lizandro Jacóbsen. A chuva prevista para começar na sexta-feira e se prolongar até segunda-feira será irregular e não resolverá o problema das regiões afetadas pela estiagem.

Mesmo que chova dentro da média neste outono, não será possível recuperar o prejuízo deixado pela seca do verão. Os problemas extrapolam a agricultura. Na cidade de Barracão (Sudoeste), por exemplo, a falta de chuva fez com que as aulas da rede pública fossem suspensas. 




Por Denise Paro

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