Na última década, o avanço salarial na
capital e na região metropolitana foi de 36,4%, o maior das sete regiões
pesquisadas pelo IBGE

O aumento na renda fez o metalúrgico Djalma Batista Soares
conquistar sonhos como ver a casa quitada e os filhos graduados
Ajudar a pagar a faculdade dos filhos e vê-los formados. Talvez
essa seja uma das maiores conquistas do metalúrgico Djalma Batista Soares, que
trabalhou durante 42 anos na área para criar os três filhos. Ele se aposentou
no fim de 2011, mas foram nos últimos dez anos que alcançou objetivos que, no
passado, não sonhava conquistar: casa quitada, carro na garagem e filhos
graduados – ele próprio não tem ensino superior.
O caso de Djalma é um retrato do que o aumento de renda tem feito
nos lares brasileiros: acesso a diferentes bens de consumo e educação
continuada. Assim como Soares, milhares de trabalhadores de todo o país tiveram
ganho de renda, mas foi na região metropolitana de Curitiba que esse aumento
foi mais expressivo.
O trabalhador da Grande Curitiba teve o maior avanço salarial na
última década, quando comparada a remuneração média das sete localidades
pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
crescimento de 36,4% na renda dos trabalhadores da Grande Curitiba foi o maior
do país, o que coloca o salário médio da região, de R$ 1.853,50 em janeiro
deste ano, na ponta das mais altas remunerações. Os dados locais são do Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
A alta é resultado da década de crescimento industrial do estado,
bastante concentrado na Grande Curitiba, da baixa taxa de desemprego da região
e da desaceleração do processo de aumento de renda na Grande São Paulo, que
tinha, em janeiro de 2003, o maior salário médio do país. O crescimento de
apenas 6,6% fez com que a região metropolitana de São Paulo fosse ultrapassada
pela de Curitiba e com que a do Rio de Janeiro encostasse na capital paulista
(veja no gráfico).
Os economistas são unânimes em dizer que o aumento do rendimento
em todo o país, com média na década de 19,6%, é consequência do crescimento
econômico brasileiro e da descentralização da produção, bastante concentrada,
até então, no entorno de São Paulo. Com o deslocamento da atividade econômica
para outros polos, o aumento da renda foi um processo natural, segundo a
professora e pesquisadora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Regina
Madalozzo.
“Quando dentro do país há regiões muito distantes uma das outras e
há crescimento econômico, é natural que se acelere o crescimento de quem está
na ponta de baixo. A tendência é de aproximação”, analisa a especialista.
A qualificação da mão de obra, voltada em grande parte para a
produção industrial, é outro fator que eleva a renda média na região de
Curitiba. O diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, lembra que,
entre 2003 e 2010, a indústria paranaense cresceu 5,2% ao ano, contra a média
nacional de 3,2% – o destaque local fica, principalmente, para a cadeia
automotiva e de máquinas e equipamentos.
“Os setores que deram dinamismo à região metropolitana de Curitiba
são exigentes quanto aos trabalhadores qualificados. Os salários pagos a eles
puxam a média para a cima. Já o fato de passar São Paulo pode ser explicado,
também, pela fadiga do crescimento industrial da região da capital paulista”,
explica o economista.
Por João
Pedro Schonarth
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