A presidente Dilma Rousseff leva na segunda-feira uma
longa lista de anseios à Casa Branca, mas há um objetivo que se destaca sobre
os demais: jantar com Barack Obama.
Reprodução da TV
Dificilmente irá
acontecer. A decisão do presidente norte-americano de não estender totalmente o
tapete vermelho a Dilma em Washington simboliza que a relação entre as duas
democracias gigantes, que para todos os efeitos desejam se tornar aliados
melhores, ainda não encontrou uma causa comum - ou um momento mágico pessoal entre
seus líderes - que leve a uma maior aproximação.
Tópicos de maior peso,
como a Síria, a política monetária dos EUA, acordos multibilionários de defesa
e a exploração de petróleo no pré-sal brasileiro, também devem estar na pauta
da reunião bilateral.
Mas o verdadeiro rumor diz
respeito ao que as autoridades brasileiras percebem como uma afronta ao
protocolo e que, segundo elas, representa incapacidade norte-americana de
reconhecer plenamente a recente ascensão econômica do Brasil e sua crescente
influência sobre os assuntos globais.
Embaixador dos EUA no Brasil,
Thomas Shannon
A agenda de Dilma na
segunda-feira - que consiste em uma reunião com Obama na Casa Branca, um almoço
de trabalho e uma conferência com líderes empresariais - contrasta com a
recepção oferecida no mês passado ao primeiro-ministro britânico, David
Cameron.
O britânico recebeu um
jantar de gala, embora a viagem não configurasse uma visita de Estado plena.
Obama também levou Cameron a um jogo de basquete universitário em Ohio, onde os
dois líderes foram fotografados rindo, comendo cachorro-quente e conversando
com torcedores.
Dilma deve participar de
um jantar formal na segunda-feira na embaixada brasileira em Washington.
Questionada sobre essa
agenda, Erin Pelton, porta-voz da Casa Branca, disse que a reunião de
segunda-feira será o terceiro encontro bilateral entre Obama e Dilma desde a
posse dela, em janeiro de 2011. A reunião, acrescentou Pelton, "vai
aprofundar uma parceria que nunca foi tão forte".
Dilma e Obama em declaração à imprensa durante
a visita do presidente norte-americano ao Brasil
em março de 2011 (Foto: Roberto Stuckert Filho /
Divulgação / PR)
a visita do presidente norte-americano ao Brasil
em março de 2011 (Foto: Roberto Stuckert Filho /
Divulgação / PR)
Visitas de Estado
geralmente são evitadas em ano de eleição presidencial nos EUA, disse outra
fonte oficial norte-americana. Líderes de aliados estratégicos dos EUA, como
Japão, Canadá, Austrália, Turquia e Coreia do Sul, estiveram nos últimos anos
em Washington sem receber uma visita de Estado completa.
Mas os EUA devem oferecer
pelo menos um gesto que irá agradar ao Brasil. Washington vai anunciar novos
passos para facilitar a concessão de vistos para visitas de brasileiros ao
país, segundo relato de outra fonte oficial à Reuters, sem entrar em detalhes.
A questão é prioridade na
pauta de Dilma por causa do seu valor simbólico, e também porque facilitará o
intercâmbio turístico e comercial entre os dois países.
O restante da agenda será
mais complicada, com áreas de possível cooperação afetadas por recentes
incidentes negativos.
O governo Obama pretende,
por exemplo, discutir como os EUA poderiam ter um maior papel na exploração de
petróleo na costa brasileira. Mas o assunto passou a gerar atritos devido a
recentes vazamentos de óleo em instalações da empresa Chevron na costa brasileira,
que resultaram em ações judiciais no valor de até 22 bilhões de dólares, além
de ações penais contra executivos da companhia e da empresa de perfuração
Transocean.
Por Brian Winter;
reportagem adicional de Laura MacInnis
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