No Maranhão, deputados recebem 18 salários de R$ 20 mil
por ano.
Congresso Nacional estuda limitar pagamento a 13 salários anuais.
Congresso Nacional estuda limitar pagamento a 13 salários anuais.
Foto Reprodução da TV Globo.
Um levantamento feito pelo Fantástico mostra que pelo
menos nove estados pagam hoje 15 salários por ano aos deputados estaduais. No
caso do Maranhão, são 18 salários por ano, de R$ 20 mil cada. Em alguns
estados, o destaque é o valor da chamada verba indenizatória, que chega aos
milhões de reais.
O pagamento de mais salários que o trabalhador comum
recebe por ano não é exclusividade dos estados. Isso começa já no Congresso
Nacional, onde deputados federais e senadores recebem 15 salários por ano, o
que dá mais de R$ 400 mil. Esse quadro pode mudar, já que um projeto aprovado
em comissão do Senado Federal – e que ainda aguarda votação – reduz de 15 para
13 o número de salários pagos anualmente.
Se aprovado no Congresso, o corte do 14° e do 15°
salários deverá se estender a todas as assembleias estaduais. “Não é justo que
um parlamentar tenha vantagens salariais maiores do que os normais, do cidadão
comum”, defende o conselheiro da ONG Transparência Brasil, David Fleisher.
Hoje, algumas assembleias já começaram a reduzir o número
de salários para 13, como no Paraná. Já em Goiás, o Ministério Público
questionou os pagamentos na Justiça. “Se a Constituição não previu esse
pagamento, na forma de ajuda de custo, chamado também de 'auxílio-paletó',
então não pode ser efetuado”, explica o procurador geral de Justiça de Goiás,
Benedito Torres Neto. O caso ainda está sendo julgado.
Na Assembleia Legislativa do Maranhão, tem deputado que
reclama do salário de cerca de R$ 20 mil por mês – e que é pago não 12, mas 18
vezes por ano. "Muitas vezes nós tiramos do nosso próprio salário para
servir à população", diz a deputada estadual Graça Melo.
Segundo a presidência da assembleia, os deputados
maranhenses aguardam a decisão dos cortes no Congresso Nacional para reduzir os
próprios salários. Os deputados estaduais maranhenses recebem ainda R$ 1.050,00
por mês de complemento para o plano de saúde - que são pagos também para quem
deixa o cargo. No ano passado, foram mais de R$ 428 mil em gastos com os
ex-parlamentares.
Verba indenizatória
Outra questão polêmica dos gastos públicos com o Congresso e as assembleias é a verba indenizatória, ou seja, o dinheiro a que o parlamentar tem direito para pagar despesas como alimentação, propaganda e aluguel de carros, entre outras, além do salário. No Congresso Nacional, o valor mais alto é pago aos senadores, quase R$ 42 mil por mês, por parlamentar, incluindo passagens aéreas. Na Câmara dos Deputados, esse valor fica próximo de R$ 33 mil.
Outra questão polêmica dos gastos públicos com o Congresso e as assembleias é a verba indenizatória, ou seja, o dinheiro a que o parlamentar tem direito para pagar despesas como alimentação, propaganda e aluguel de carros, entre outras, além do salário. No Congresso Nacional, o valor mais alto é pago aos senadores, quase R$ 42 mil por mês, por parlamentar, incluindo passagens aéreas. Na Câmara dos Deputados, esse valor fica próximo de R$ 33 mil.
No Piauí, a verba indenizatória dos deputados estaduais,
que era de R$ 50 mil, passou este ano para R$ 80 mil, quase o dobro do que
recebem os senadores. Segundo Fleischer, ter acesso a tanta verba desgasta a
imagem dos parlamentares. “Ele passa a imagem de que é impune e de que pode
fazer praticamente qualquer coisa e que na verba indenizatória ele pode
pendurar qualquer recibo”, afirma ele.
Na Assembleia Legislativa do Amapá, os 24 deputados
recebem, por ano, 15 salários de R$ 20.042,00. Segundo o IBGE, o estado é um
dos que menos contribuem na soma do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,
apenas 0,2%. Mesmo assim, em menos de um ano, os deputados do Amapá subiram a
verba indenizatória de R$ 30 mil para R$ 100 mil mensais, ou seja, cada
deputado tem à disposição R$ 1,2 milhão por ano para cobrir gastos extras. Para
receber o dinheiro, basta apresentar notas fiscais e pedir reembolso.
A Polícia Federal e o Ministério Público estão
investigando o uso dessas verbas. "Como as verbas ainda não têm a
comprovação de seus gastos, nós não podemos dizer que elas são regulares, que
elas são legais. Nós achamos que é muito alto o valor para uma comunidade como
a nossa, num estado como o nosso", diz a procuradora-geral da Justiça,
Ivana Lúcia Cei.
Em um dos postos de combustíveis que presta serviços à
Assembleia Legislativa do AP, foram emitidos, em apenas um ano e meio, mais de
R$ 500 mil em notas fiscais para os deputados que pediram reembolso com a verba
indenizatória. Entre os sócios da empresa está um deputado, Michel Houat Harb,
conhecido como Michel JK. Ele aparece no contrato social do posto, mas o
gerente nega que ele seja sócio do estabelecimento.
Já o deputado Edinho Duarte apresentou notas fiscais para
pedir reembolso com despesas de divulgação em vídeo e em um jornal local.
Segundo relatório da Polícia Federal, a produtora de vídeo pertence à esposa do
deputado, e o jornal, ao filho dele – e as duas empresas ficam no mesmo
endereço. A equipe do Fantástico tentou falar com os deputados Edinho Duarte e
Michel JK, mas eles não ligaram de volta.
Segundo o Ministério Público, os deputados amapaenses têm
ainda o direito à maior diária do país durante as viagens. São até R$ 2.600 por
dia, se a viagem for dentro do próprio estado. Segundo a Polícia Federal, em um
ano, os deputados chegaram a receber quase R$ 4,5 milhões nas viagens pelo estado.
Globo.com
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