Vendas no Paraná e no Brasil aumentaram no ano passado, mas em
ritmo menor que em 2010. Para o IBGE, estímulos ao consumo devem ter efeito nos
próximos meses

As
medidas adotadas pelo governo para esfriar a economia tiveram reflexo no
comércio em 2011. Segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada
ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas do
varejo no Paraná cresceram 7% no ano passado, depois de avançar 9,2% no ano
anterior. Em todo o Brasil, as vendas aumentaram 6,7% em 2011, ante uma alta de
10,9% um ano antes. A receita nominal do comércio no estado avançou 13,7%.
As
medidas macroprudenciais que entraram em vigor no fim de 2010 – como restrições
ao crédito e redução de prazos de financiamento de veículos, por exemplo –
contribuíram para que o comércio tivesse um desempenho menos vigoroso em 2011, segundo Reinaldo Pereira, gerente de
coordenação de serviços e comércio do IBGE.
O
objetivo do governo, na época, era evitar a disparada do crédito e da inflação.
Com o agravamento da crise internacional e a expectativa de que a inflação
fique mais perto do centro da meta em 2012, as medidas de restrição foram
retiradas e novos incentivos para estimular o consumo – como a redução do IPI
para a linha branca – entraram em vigor no fim de 2011. “Mas ainda não deu
tempo de essas medidas surtirem efeito nas vendas de maneira mais expressiva.
Acreditamos que isso vai se dar em 2012”, afirma Pereira.
Para ele,
há chance de as vendas do varejo voltarem a crescer, neste ano, nos mesmos
patamares de 2010. O resultado de 2011 só não foi pior porque o setor de móveis
e eletrodomésticos registrou um crescimento acima da média, puxado pelo
incentivo tributário aos produtos da linha branca, pelo boom imobiliário e
pelos preços comportados. “Em alguns segmentos houve deflação, como eletroeletrônicos,
o que ajudou a estimular as vendas”, recorda Pereira.
A
inflação dos alimentos, por outro lado, prejudicou o resultado dos
supermercados e hipermercados, que tradicionalmente ajudam a puxar para cima o
desempenho do comércio. “Os aumentos de preços ocorreram por causa de
commodities mais caras no primeiro semestre, aliados a problemas climáticos que
originaram choques de oferta”, diz o técnico do IBGE.
Comportamento
O
resultado de 2011 também pode ser atribuído a uma mudança de comportamento da
classe C, que, com o aumento da renda, deixou de considerar os alimentos como
principal item do orçamento e passou a diversificar as compras.
No
chamado varejo ampliado – que inclui vendas de automóveis, motos e autopeças e
material de construção –, as vendas cresceram 8,8% no estado e 6,6% no Brasil.
Para Gilmar Mendes Lourenço, presidente do Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), setores como móveis e
eletrodomésticos; produtos farmacêuticos e de perfumaria; materiais de construção;
e veículos, motos, partes e peças responderam bem ao aumento do emprego e dos
rendimentos, ao crédito para consumo e aos incentivos à construção civil.
Thadeu de
Freitas, economista-chefe da Franklin Templeton, porém, acredita que o comércio
está se sustentando em “bases frágeis”. As vendas amparadas em incentivos e no
crédito podem não se sustentar no longo prazo, avalia. “Dado que o crédito em
dezembro caiu um pouco para pessoa física, isso pode não perdurar nos próximos
meses”, diz.

Por Cristina Rios, com agências
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