Com crescimento em 11 de 14 atividades, produção estadual
aumentou 7% em 2011, o melhor resultado do país. Maior estímulo veio do setor
automotivo, que cresceu quase 30%
No embalo
de um desempenho excepcional nos últimos três meses do ano, a indústria
paranaense encerrou 2011 com o maior crescimento entre os 14 estados monitorados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção
local aumentou 7% em relação a 2010, em contraste com o pífio resultado da média
nacional, que subiu apenas 0,3%.
Divulgada
ontem, a pesquisa do IBGE reforçou o quadro positivo desenhado na semana passada
por uma sondagem da Fiep, segundo a qual o faturamento do setor cresceu 5,8% em
2011, impulsionado pelo crescimento econômico do próprio estado.
Além de
ocorrer em meio a um cenário desfavorável para indústria brasileira, a expansão
paranaense se deu sobre uma forte base de comparação: em 2010, a produção
estadual havia dado um salto de 14,2%, depois de sofrer uma queda de 2,1% em
2009, sob os efeitos da crise internacional.
A
expansão da indústria do Paraná foi bastante disseminada: 11 dos 14 ramos
pesquisados produziram mais no ano passado. Mas nenhum se destacou tanto quanto
o polo automobilístico de Curitiba e região. De acordo com o IBGE, a produção
de veículos automotores aumentou 29,9% e foi responsável por 6 pontos
porcentuais (o equivalente a 86%) do crescimento médio de 7% da indústria
estadual – na média nacional, a produção de veículos subiu apenas 2,4%.
Em seu
relatório, o IBGE mencionou a produção de caminhões como principal destaque da
indústria automotiva paranaense em 2011. A Volvo, que tem fábrica na Cidade
Industrial de Curitiba, vendeu pouco mais de 19 mil caminhões no mercado
brasileiro, 25% a mais que em 2010 – resultado atribuído, em parte, à
antecipação de compras motivada por uma mudança na legislação ambiental, que
deve encarecer os caminhões neste ano.
A
produção de veículos leves também cresceu. Exemplo disso é o desempenho da
Renault, que compartilha um complexo fabril com a Nissan em São José dos
Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No ano passado, a empresa –
que abriu um terceiro turno de trabalho pela primeira vez – montou 256,2 mil
automóveis e utilitários, 34% a mais que em 2010.
Retomada
Outra
atividade com crescimento relevante foi a produção de combustíveis, que
aumentou 12,1% e se recuperou de dois anos de retração. A retomada se deve
essencialmente à produção de gasolina e óleo diesel na Refinaria Presidente
Getúlio Vargas (Repar), de Araucária, na RMC, uma vez que as usinas de etanol
do interior diminuíram o ritmo, prejudicadas por problemas climáticos e pelo
envelhecimento dos canaviais.
Também
cresceram a taxas expressivas as indústrias de madeira (8,8%), produtos de
metal (10,1%) e máquinas e materiais elétricos (13,9%) – e, nos três casos, com
índices muito superiores aos da média de todos os estados.
Retração
Na parte
inferior da tabela aparecem a indústria mobiliária e os segmentos de edição e
impressão e máquinas e equipamentos, com retrações entre 4,2% e 5,4%. Os dois
últimos, segundo o IBGE, foram afetados por quedas nas encomendas de livros didáticos,
máquinas agrícolas e máquinas para a indústria de panificação.
Ipardes
elogia resistência do setor e ações do governo
O
presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
(Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, atribui a expansão da produção industrial
paranaense a três fatores: “a enorme capacidade de resistência do setor
privado” à alta das taxas de juros entre outubro de 2010 e julho de 2011; o
“forte poder de resposta” do segmento produtivo regional às medidas de estímulo
ao crédito adotadas pelo Banco Central a partir de agosto; e “à flagrante
melhoria do clima de negócios no Paraná, resultado de um arranjo institucional
celebrado entre o governo e os demais atores sociais”. A análise consta de um
comunicado enviado à imprensa.
Subordinado
ao governo do estado, o economista deu como exemplo o anúncio de projetos
industriais de R$ 9 bilhões protocolados no programa governamental Paraná
Competitivo. No entanto, a grande maioria desses anúncios não teve influência
sobre as estatísticas de produção industrial de 2011, uma vez que vários desses
projetos ainda não foram executados ou construídos.
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