Prefeitura diz que
intenção é usar estruturas e programas já existentes, mas que estavam
subutilizados por causa da violência no bairro

Forças de segurança mantiveram o policiamento
ostensivo no segundo dia de ocupação no Uberaba:
população seguiu sua
rotina normalmente
A fase de “congelamento” do crime nas 12
comunidades do bairro Uberaba, em Curitiba, ocupadas pelas forças de segurança
anteontem, vai terminar na próxima terça-feira, informou ontem o secretário de
Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César. No dia seguinte, a
operação de implantação da primeira Unidade do Paraná Seguro (UPS) passa a uma
nova fase.
O primeiro passo é a construção de dois
imóveis para abrigar os policiais permanentemente, segundo o secretário. As
sedes ficarão em pontos distantes entre si e devem servir de base para os
trabalhos de segurança, além de prestar apoio às ações comunitárias. “Nossa
ideia é fazer uma edificação simples, com um projeto padrão, que depois possa
ser usado em outros locais. É um espaço para abrigar as forças policiais e ser
usado pela comunidade”, garantiu Almeida César. Por enquanto, os policiais
estão usando unidades móveis (furgões) e banheiros químicos no Uberaba.
Ele esclareceu que a operação iniciada na
quarta-feira, batizada internamente de “Paraná Segurança Total”, é prévia à
instalação efetiva da UPS. “Primeiro procuramos o congelamento das ações de
violência para permitir a implantação das políticas públicas de Estado”, disse.
Com a construção física da UPS, cerca de 60 policiais permanecerão na
comunidade.
Ação cidadã
Os equipamentos e programas a ser instalados
na área ocupada ainda não foram detalhados pelo governo, que declarou apenas
que a UPS vai levar serviços públicos para áreas carentes e o conceito de
policiamento comunitário. À Gazeta do Povo, o secretário municipal de Planejamento
e Gestão, Carlos Homero Giacomini, declarou que a intenção é usar estruturas e
programas já existentes no bairro, mas combalidos pelo medo da violência entre
os moradores. A prefeitura é parceira do governo na implantação da UPS.
“Temos 20 equipamentos públicos naquela área,
entre escolas, faróis do saber, unidades de saúde e outros serviços. A
prefeitura não está ausente”, rebate. “Podemos agora ampliar a atividade nesses
locais. Costumava acontecer que, por causa da violência, aulas noturnas no
Liceu de Ofícios ou atividades esportivas nas escolas não podiam ocorrer”,
ressalta.
Para dar conta da demanda extra, Giacomini
afirma que os coordenadores da Administração Regional do Cajuru, que atende ao
Uberaba, foram orientados a priorizar a região nas decisões sobre destinação
orçamentária. O secretário também acredita que, após a pacificação, a
iniciativa privada se sentirá confortável para investir em ações sociais.
Entre 20 e 25 cidades terão UPSs até 2014, diz secretário
Entre 20 e 25 cidades do interior do estado
deverão receber uma Unidade do Paraná Seguro (UPS) até 2014, garantiu ontem o
secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César.
Mas, sem citar nomes de municípios, destacou
que a iniciativa depende da predisposição das prefeituras em estabelecer uma
parceria e acatar algumas obrigações. Em Curitiba, outras 9 UPSs estão em
estudo em bairros identificados como violentos.
No Uberaba, 300 policiais militares e 90
guardas municipais seguiam na ocupação ontem. Durante a coletiva de imprensa, o
secretário e os comandantes das polícias foram questionados sobre a presença de
policiamento à noite. Jornalistas que estiveram no bairro durante a madrugada
afirmaram não ter encontrado as forças de segurança.
“À noite, somente os policiais do Bope
permanecem na área, com um efetivo de 30 pessoas. Como a cor da farda e da
viatura é preta, acabam não sendo tão vistos pela população”, justificou o
coronel César Alberto Souza, subcomandante-geral da Polícia Militar do Paraná.
Balanço
“Antecipamos prisões para evitar o confronto”
A Secretaria de Estado da Segurança Pública
(Sesp) evitou ontem divulgar um balanço da operação de ocupação do Uberaba. Os
números entregues aos jornalistas contabilizam ações realizadas pelas Polícias
Militar e Civil desde setembro do ano passado – data apontada pelo governo como
início do cerco aos criminosos. “A intenção foi antecipar as prisões para
evitar o confronto armado durante a ocupação”, argumentou o secretário Reinaldo
de Almeida César.
O governo aponta um número de 17 prisões nesse
período, das quais apenas três ocorreram no dia da ocupação. Foram 34 mandados
de busca e apreensão cumpridos, mas o teor dos objetos recolhidos não foi
divulgado. Almeida César refuta a possibilidade de que os planos da polícia
tenham vazado e chegado aos ouvidos dos criminosos. “Foi uma ação que atingiu
plenamente seu objetivo. Como escolhemos fazer um trabalho prévio, não se pode
medir a qualidade pelas prisões feitas na hora”, avalia.
Por Osny Tavares
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