Disposto a recomeçar a carreira no Alto da
Glória, Keirrison terá de acertar com o time espanhol uma redução no salário
para defender o Coxa a partir de julho
A redução do salário que ganha do Barcelona, dono
de seus direitos federativos, é o último empecilho para que o atacante Keirrison
volte a jogar no Coritiba em julho, quando estará recuperado de uma lesão no
joelho direito. Determinado a voltar o quanto antes para deixar para trás a má
fase, o K9 não deve se opor a esse ajuste nos vencimentos. Ele e o clube já se
entenderam, falta apenas o aval espanhol.
Então prata da casa, ele deixou o Coxa em 2009 com
a artilharia do Brasileiro do ano anterior no currículo. Passou rapidamente
pelo Palmeiras e seguiu para a Europa, contratado pelo clube mais badalado do
mundo. No time catalão, nem chegou a jogar. Começou ali uma série de
empréstimos malsucedidos – primeiro pelo Velho Mundo; depois, de volta ao país
natal.
Pelo Benfica, Keirrison disputou apenas sete
partidas e não fez jus à fama de goleador. Passou em branco. Na Fiorentina, em
12 jogos, fez apenas dois gols. Na sequência, acabou emprestado para o Santos
de Neymar e Ganso, onde também fracassou, sem conquistar espaço no time
titular. Tentou então o Cruzeiro, mas foi brecado pela contusão que o mantém
longe dos gramados.
No total, em quase três anos, balançou as redes
apenas 13 vezes.
Pelo telefone, o jogador admitiu que precisa
recomeçar. O Alto da Glória seria o lugar ideal para isso, como ele mesmo faz
questão de frisar. “Eu discuto quando alguém fala mal do Coritiba. Quero
voltar para a minha casa. Vou ficar muito contente”, garantiu, reiterando que é
coxa-branca de coração. “Não só joguei no Coritiba; virei um torcedor de
verdade”, revelou.
Recentemente, ao responder a perguntas enviadas por
torcedores coxas-brancas à Gazeta do Povo, o presidente do Coxa, Vilson
Ribeiro de Andrade, confessou que gostaria de ter Keirrison de volta. Porém
enfatizou que dependia não apenas do Coritiba ou do K9, mas também de um acordo
com o Barcelona, com quem o atacante tem contrato até 2014.
O superintendente de futebol alviverde, Felipe Ximenes,
disse varias vezes que as “portas estão abertas” para o atacante.
O que ninguém fala abertamente é que o problema é
exclusivamente salarial. Keirrison recebe do Barça um valor mensal distante
do padrão brasileiro, comparado aos salários de técnicos como Muricy Ramalho e
Vanderlei Luxemburgo. Quando foi emprestado pelo Santos, por exemplo, o time
paulista pagava uma parte e os espanhóis completavam o montante. Algo que o
Coritiba não tem condições de repetir. A única solução é o jogador aceitar uma
redução dos salários.
Keirrison foge do assunto, mas para defender o
Alviverde – e reencontrar o rumo da carreira – não tem outra saída. “Eu sou
novo, estou com 23 anos, ainda tem muita coisa para acontecer. O meu melhor
momento não foi no passado. O melhor está por vir. O que eu fiz foi muito bom,
mas ainda não cheguei no meu auge”, disse o jogador.
O atacante sofreu em dezembro, em um treino no
Cruzeiro, a mesma lesão ocorrida no Coritiba, há seis anos – no ligamento
cruzado anterior.
Após ser operado pelo médico alviverde Lúcio
Ernlund, que garante que a coincidência da lesão é só azar, o K9 se
recupera na Toca da Raposa. Isolado e sentindo o desinteresse da cúpula da
Raposa, tem mínimas chances de ficar em Minas Gerais. O fato de sua família
morar em Curitiba e a carência do clube por jogadores de sua posição ajudam a
compor o cenário para o retorno.
Keirrison garante que só quer voltar quando estiver
100% fisicamente. “Toda semana pergunto para o médico e o fisioterapeuta como
estou. Eu sou chato, peço que sejam sinceros, que não queiram me proteger. Preciso
me recuperar bem, não quero voltar mais ou menos, quero voltar superbem”,
garante o prata da casa, deixando a esperança para os torcedores coxas-brancas.
Por Robson Martins e
Lara Mota