Ban Ki-moon condenou a violência da ação governamental na
cidade.
Ativistas e moradores relataram centenas de mortos na última semana.
Foto Reprodução da TV.
Forças
sírias lançaram nesta quinta-feira (9) foguetes e morteiros contra redutos
oposicionistas na cidade de Homs, disseram ativistas, enquanto as potências
mundiais tentam superar suas divisões e encontrar uma saída para a crise na Síria.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a violência da ação
governamental em Homs, epicentro de uma revolta contra o presidente Bashar al
Assad que começou há quase um ano e se torna mais sangrenta a cada dia.
"Temo que a apavorante brutalidade que estamos testemunhando em Homs, com
disparos de armas pesadas contra bairros civis, seja um sombrio prenúncio do
que está por vir", disse Ban a jornalistas.
Ativistas
e moradores relataram centenas de mortos na última semana em Homs, e, no
alvorecer da quinta-feira, uma nova chuva de foguetes e morteiros caiu sobre
Baba Amro, Khalidiya e outros bairros. Veículos blindados chegaram para reforçar
as posições do governo no leste da cidade.
Há
crescente preocupação com a situação dos civis, e os Estados Unidos disseram
estar estudando formas de levar alimentos e remédios a eles - o que
aprofundaria o envolvimento internacional em um conflito com amplas
repercussões geopolíticas, e que divide as principais potências.
A
Turquia, ex-aliada de Assad que agora deseja vê-lo pelas costas, disse que vai
promover uma conferência internacional para discutir o envio de ajuda e
possíveis soluções para a crise.
"Não
basta ser um observador", disse à agência de notícias Reuters o chanceler
turco Ahmet Davutoglu, antes de embarcar para Washington, onde discutiria a
situação.
Mas
Rússia e China, que no domingo vetaram uma resolução do Conselho de Segurança
contra Assad, alertaram contra qualquer "interferência" estrangeira.
Pequim, no entanto, informou ter recebido nos últimos quatro dias uma delegação
da oposição síria, num inédito contato desse tipo.
A Liga
Árabe também contribui para o isolamento do regime sírio, e seus ministros
devem se reunir no domingo para discutir seus próximos passos - o que pode
incluir a retomada da missão de monitoramento que foi suspensa no mês passado
por causa da violência.
A ONU
estima que mais de 5.000 pessoas, a maioria civis, tenham sido mortas em 11
meses de repressão aos protestos pró-democracia na Síria. Nos últimos meses, a
situação se aproxima de uma guerra civil, com a entrada em cena de militares
desertores e de outros insurgentes armados. O governo diz estar enfrentando "terroristas"
patrocinados pelo exterior.
A
Comissão de Coordenação da Revolução Síria disse que pelo menos mais 30 civis
foram mortos na manhã de quinta-feira em bairros sunitas de Homs, principais
focos dos ataques das forças governamentais, dominadas por membros da seita
minoritária alauíta, à qual Assad pertence.
Um vídeo
no YouTube mostrou a rua principal de Baba Amro cheia de detritos, e pelo menos
uma casa destruída. Ativistas locais disseram que soldados usaram um canhão
antiaéreo para demolir o imóvel.
O vídeo
também mostra um jovem colocando em um caminhão dois cadáveres envoltos em
cobertores. Dentro da casa, surgem o que parecem ser partes de corpos.
A
Organização Síria de Direitos Humanos (Sawasiah) disse em nota nesta semana que
a ofensiva em Homs já deixou pelo menos 300 mortos e mil feridos. Ativistas
disseram que vários bairros da cidade estão sem água e luz, e que há escassez
de mantimentos.
É difícil
confirmar os relatos feitos pela oposição síria, porque o governo expulsou do
país a maioria dos correspondentes estrangeiros.
Globo.com