Levantamento preliminar da Anatel aponta que o rompimento de um
cabo de fibra óptica teria sido a causa do problema, mas não foi informado qual
é a empresa dona do cabeamento afetado nem quantas pessoas ficaram sem serviço

Ainda sem explicação oficial por parte da Anatel, o “caladão” que afetou os
serviços de internet e telefonia na tarde de ontem causou transtornos para os
moradores de Curitiba e região. Levantamento preliminar da agência reguladora
aponta que o rompimento de um cabo de fibra óptica próximo a Campina Grande do
Sul, na região metropolitana, teria sido a causa do problema, mas não foi
informado qual é a empresa dona do cabeamento afetado nem quantas pessoas
ficaram sem serviço.
TIM, Vivo, Claro e GVT confirmaram problemas de instabilidade em
suas redes. A Oi informou que não foi afetada. O apagão também teria atingido
conexões em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com a Anatel, e
algumas operadoras.
Nas ruas, os orelhões da cidade há anos não eram tão requisitados.
“Fazia uns seis anos que não usava um”, disse o empresário Eduardo Araújo de
Souza, que tentava fazer uma ligação de um telefone público, sem sucesso. “Com
o apagão a gente não consegue falar com ninguém.” Comerciantes de bancas do
Centro contaram que as vendas de cartões para uso em orelhões dobraram durante
a tarde. O pane teve início por volta das 13h e os serviços foram retomados,
lentamente, a partir das 16h.
O comércio também sofreu com a instabilidade da conexão. Lojas e
restaurantes perderam vendas com a queda nas conexões das máquinas de cartão de
débito e crédito. “Não consegui acessar o SPC e não posso arriscar abrir
crediário para clientes sem saber o histórico deles. Tive que pedir para uma
cliente voltar mais tarde, quando a internet já estivesse novamente no ar”,
disse Carmem Fernandes, que trabalha como caixa numa loja de calçados.
Tereza Freitas, do mercado e panificadora Abage, conta que um cliente,
sem dinheiro em espécie, teve de deixar as compras no estabelecimento. “Por uma
hora as máquinas de cartões deixaram de operar, além das oscilações ao longo de
todo o dia.”
Na corretora Omar Camargo Investimentos, num caso raro na história
da empresa, a mesa de operações parou antes do fim do pregão. “O timing é
fundamental nesses casos, porque o operador pode estar se protegendo de alguma
perda ou prestes a realizar algum lucro. Sem internet, não tem como fechar o
negócio”, diz Nastassia Romanó Leite de Castro, economista da corretora.
A Companhia Paranaense de Energia (Copel) precisou se comunicar
via rádio com a equipe de campo, que normalmente trabalha com um palmtop e
recebe atualizações de tarefas pela rede de internet móvel. A empresa também
informou que os clientes do seu serviço de internet rápida foram afetados –
cerca de 1,5 mil clientes corporativos usam a Copel como provedora. Na Magic
Web Design, especializada em desenvolvimento e hospedagem de sites, a procura
dos clientes por uma explicação foi grande. “Como prestamos serviços de
hospedagem de sites, temos de explicar para os clientes que o problema foi com
um cabo, e não aqui”, diz Antônio Borba, diretor-executivo da companhia.
Outro lado
A TIM informou, por nota, que os clientes da região Sul “podem ter
encontrado dificuldades para utilizar os serviços de voz e dados da operadora,
devido a um triplo rompimento de fibra óptica da rede de transmissão que
interliga os sistemas desses estados com o restante do Brasil”. Segundo a TIM, o
sistema voltou ao normal às 16h30. Em nota, a Telefônica/Vivo explicou que, por
volta das 13h, alguns clientes de Paraná e Santa Catarina “podem ter encontrado
dificuldades na utilização dos serviços de voz e dados da empresa, devido a
rompimentos de cabos de fibra óptica contratados de terceiros”. Segundo a
operadora, a situação foi normalizada às 15h40. Em nota, a GVT informou que o
serviço de banda larga dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul apresentou lentidão desde o início da tarde e que o sistema foi normalizado
às 16h30. A GVT recomendou aos usuários que ainda encontravam dificuldades de
acesso que desligassem e ligassem novamente o computador e modem para garantir
que a navegação fosse normalizada. Clientes podem esclarecer dúvidas pelo
telefone 103 25, da Central de Atendimento. Segundo a Claro, em nota, “uma
instabilidade causada por uma falha na rede de transmissão de um fornecedor
pode ter afetado parte de seus assinantes no Paraná a partir das 13h25 de
ontem.
Por Elisa Lopes, Breno
Baldrati e Rodrigo Batista