Espadista paranaense vence rival
argentino na semifinal do Pré-Olímpico e alcança feito inédito

Athos Schwantes conseguiu a classificação
para a Olimpíada após decidir
treinar na Europa
“Ufa, consegui”. Alívio, conta o
esgrimista Athos Schwantes, foi a primeira sensação que teve ao vencer o
argentino José Domínguez na semifinal do Torneio Pré-Olímpico disputado no
Chile, na semana passada. Ele perdeu a final, mas o resultado foi suficiente
para que o curitibano de 27 anos conquistasse um feito inédito: é o primeiro
paranaense a defender o Brasil em Jogos Olímpicos na esgrima.
O torneio era a última chance de
carimbar o passaporte para Londres. No duelo decisivo, conta, colocou na ponta
da espada a rivalidade com os hermanos.
“Tecnicamente, temos outros adversários
mais fortes, mas, nas categorias de base da esgrima, Brasil e Argentina são
rivais assim como no futebol e levei isso comigo para a disputa”, conta.
Mas a vontade de vencer não seria
suficiente sem a mudança radical que ele fez no último ano. Depois de ficar de
fora dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, foi para Roma, na Itália, onde
mora com a esposa e treina com o técnico Filippo Lombardo, junto do atual
campeão mundial na espada, Paolo Pizzo, e com sabrista brasileiro classificado
para os jogos na capital inglesa Renzo Agresta. “Estou com os melhores do
mundo, o que me deu um ótimo ganho técnico e, em pouco tempo, maior confiança
nas competições.”
Entre os feitos recentes, Athos
conseguiu sua melhor colocação em uma etapa do Grand Prix (26.º lugar),
vencendo o campeão mundial de 2009, o que o colocou na 63.ª posição do ranking
mundial.
Pela distância do top 10 na modalidade
é de se concluir que o curitibano está longe de ser o favorito entre os 40
esgrimistas que disputarão o ouro olímpico. Mas o espadista afirma que vai usar
o lado psicológico dos adversários. “Com o apoio do Marco Ferreira [psicólogo
esportivo], tenho feito isso cada vez melhor. No Pré-Olímpico mantive o
controle da luta contra o Domínguez na semifinal da forma que meu técnico
orientou: precisava baixar a adrenalina dele, que vinha de uma vitória importante,
sobre o 26.º do ranking mundial. Consegui”, comemora.
O apoio financeiro que o curitibano
conseguiu nos últimos anos, que bancam sua estada permanente na Itália, também
tornaram a classificação inédita possível. Ele recebe o soldo do Exército, onde
é sargento formado para competir. Também recebe a Bolsa Atleta (programa do
Ministério do Esporte) e o apoio da Petrobras, que desde o ano passado
patrocina o esgrima, o tae kwon do, levantamento de peso, remo e boxe. A
empresa estatal investirá, até 2016, R$ 100 milhões em atletas de alto
rendimento nesses cinco esportes.
“Esse recurso é essencial para competir
internacionalmente, fazer estágios. Os resultados virão, incentivando cada vez
mais as empresas privadas a também investirem no esporte”, fala Athos.
No nome e no sangue
Até 2011, a meta a curto prazo do
curitibano era igualar o feito do pai, Ronaldo, medalhista de bronze na espada
nos Jogos Pan-Americanos de 1975. Mas levou o pai às lágrimas com a
classificação olímpica com o feito inédito no Paraná.
“Foi emocionante quando cheguei no
aeroporto na volta do Chile. Pensei que só minha mãe estaria lá, mas estavam
todos da família, amigos, com cartazes para me receber”, fala Athos, que não
recebeu este nome por acaso.
“Sim, foi por causa do personagem do
livro [Os três Mosqueteiros]”, fala o curitibano. “Meu pai leu todos os livros
do [Alexandre] Dumas e escolheu este nome para mim para me influenciar a seguir
no esporte. Não me obrigou a fazer esgrima, mas ficou muito feliz em ter toda a
família seguindo seus passos”, completa.
Os outros irmãos Schwantes também são
esgrimistas. Lorana compete como amadora e Ivan também é técnico de paratletas.
Por Adriana Brum
Nenhum comentário:
Postar um comentário