Ao lado do presidente do PT, Rui
Falcão, Lula tem sido um dos principais incentivadores da CPI. A presidente
teme que as investigações respinguem em seu governo

A conversa
entre Lula e Dilma teve início às 15h10 e terminou às 17h50.
Desta vez, o
ex-presidente é que foi se encontrar com Dilma,
no gabinete de trabalho da
presidente em São Paulo
A presidente Dilma Rousseff reuniu-se
nesta sexta por duas horas e quarenta minutos na subsede da Presidência, na
Avenida Paulista, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir a
ele que tenha cautela ao incentivar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Cachoeira - que investigará laços de políticos e agentes privados com o
contraventor Carlos Augusto Ramos, acusado de comandar uma rede de jogos
ilegais. A presidente teme que as investigações respinguem em seu governo.
Ao lado do presidente do PT, Rui Falcão,
Lula tem sido um dos principais incentivadores da CPI do Cachoeira. Eles
entendem que com a CPI será possível provar que não houve o mensalão - maior
escândalo do governo do PT, ocorrido em 2005, em que parlamentares da base
aliada votavam a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto em troca
de uma remuneração mensal, conforme o relatório da CPI dos Correios.
Embora não tenha se manifestado
publicamente sobre a CPI, há informações de bastidores do governo de que Dilma
acha que existe uma possibilidade forte de a CPI prejudicar sua administração.
A visão é compartilhada por petistas mais comedidos, que temem a utilização da
CPI como palco de vingança política.
Essa ideia foi reforçada depois da
volta de Dilma dos Estados Unidos. Recados do governador do Rio de Janeiro,
Sérgio Cabral (PMDB), do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), do líder
do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e do senador Delcídio Amaral (PT-MS)
que chegaram à presidente classificam a CPI como “de alto potencial
destrutivo”.
“O alcance dessa CPI é inimaginável. Só
a empresa Delta Construções (que aparece nas gravações telefônicas feita pela
Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e recebeu R$ 4,13 bilhões do governo
federal por obras do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC) - está
presente em quase todo o País, principalmente na construção e reforma de
estradas”, disse o senador Delcídio. “Eu já fiz vários alertas sobre isso.
Estão brincando com fogo”, afirmou ainda o senador petista.
Delcídio foi o presidente da CPI dos
Correios, que apurou o escândalo do mensalão, e sabe que, uma vez em
funcionamento, o desdobramento das investigações é algo incontrolável.
A conversa entre Lula e Dilma teve
início às 15h10 e terminou às 17h50. Desta vez, o ex-presidente é que foi se
encontrar com Dilma, no gabinete de trabalho da presidente em São Paulo.
Para auxiliares da presidente, ela quis
falar com Lula para demonstrar a preocupação com a CPI e com a agitação
política que pode ocorrer no Senado, que ainda tem de votar projetos de
interesse do governo. Entre eles, a flexibilização da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), o que permitirá a mudança no indexador que corrige as dívidas dos
Estados com a União.
Conforme bastidores do Planalto, a
presidente tem recebido as informações sobre a CPI do Cachoeira sem mudar a
expressão do rosto. Não faz comentários, apenas ouve. Os que a conhecem bem já
conseguem interpretar a reação. Sempre que se mostra impassível, Dilma está
dizendo que não gostou do que ouviu.
Entre os auxiliares mais próximos,
Dilma deixou a impressão de que está aborrecida com a forma como o PT está se
comportando em relação à CPI.
Primeiro, não concorda que as
investigações possam servir para que o partido tente se vingar de uma parte dos
meios de comunicação; segundo, acha que a agenda do governo tem caminhos
próprios que envolvem acordos com a oposição e não é a mesma do PT; terceiro,
não quer paralisar o Congresso.
“A CPI não tem nenhum objetivo de
vingança, de acerto de contas. É um instrumento do Congresso para apurar
circunstâncias que envolvam agentes políticos, agentes públicos ou privados”,
disse Rui Falcão nesta sexta, em Belo Horizonte. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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