Caso da doença nos EUA deve fazer os importadores rever
suas opções. Embarques brasileiros recuaram 11% no ano passado e a meta é
reverter essa queda
Trabalhador manipula carne na Califórnia. Animal doente não foi
vendido,
conforme os Estados Unidos
Apesar de o mercado internacional considerar que o caso de doença da vaca louca confirmado anteontem pelos Estados Unidos foi isolado e está sob controle, o Brasil pretende ganhar espaço nas exportações de carne bovina a partir do episódio. Os embarques brasileiros caíram 11% em 2011, para 1,09 milhão de toneladas. Os representantes do setor acreditam que, diante da ocorrência, a qualidade sanitária da carne brasileira deve ser mais reconhecida.
“Os Estados Unidos vendem muito para a Rússia e para a
Europa, que sempre impõem restrições ao produto brasileiro. No contexto
internacional, se um grande exportador tem um problema de vaca louca, com
certeza algo pode prejudicá-lo. E ganham os outros exportadores”, avaliou o
presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles
Salazar.
O setor não aposta em embargos contra os EUA, mas
considera que os importadores vão rever suas opções. O Brasil expandiu suas
vendas de bovinos diante da crise do mal da vaca louca nos anos 1980 e 90, e as
de frango diante do temor da gripe aviária na última década.
“Isso aconteceu porque estávamos preparados para fornecer
carne de qualidade”, disse o economista Antonio Poloni , assessor da Federação
da Agricultura do Paraná (Faep). Em sua avaliação, os projetos do estado – como
a criação da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) – convergem neste sentido.
O estado tenta retomar as exportações de carne bovina, interrompidas no ano
passado após o fechamento de um frigorífico em Maringá.
A União Europeia, o Canadá, o México e o Japão
confirmaram ontem que continuarão importando carne dos EUA. Duas redes
sul-coreanas suspenderam a distribuição da carne norte-americana, isoladamente.
A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) informou que não vai rebaixar
os Estados Unidos, que é área de “risco controlado” em relação à vaca louca.
Essa é a mesma categoria do Brasil, apesar de o país
nunca ter registrado a doença. O país espera que a OIE eleve seu status para
“risco insignificante” em maio.
A preocupação sanitária brasileira, neste momento, é com
a aftosa – principal termômetro internacional de qualidade sanitária. Os EUA
não registram aftosa desde 1929.
A doença da vaca ganhou repercussão na década de 1980. Os
animais doentes apresentam disfunções no sistema nervoso central e acabam
morrendo. Houve registro de 3,5 mil casos por mês no auge da epidemia, entre
1992 e 93. Atualmente, ocorrem menos de 50 casos ao ano. A ingestão da carne
doente pode causar disfunções também no ser humano.
Por José Rocher, com agências

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