Captação de
recursos na Bolsa de Valores viabilizaria a construção de estrutura esportiva e
de convivência
O projeto de desenvolvimento da nova via está sendo analisado pela Comissão de Valores Mobiliários
A projeção de
aplicar R$ 1,5 bilhão em obras ao longo da Linha Verde depende agora da
aprovação, pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), do projeto da prefeitura
de Curitiba para a venda de potencial construtivo na Bolsa de Valores. Desde
que entregou o projeto, no dia 9 de março, a prefeitura está impedida de falar
sobre o assunto para não influenciar o mercado. Assim que a análise for
concluída pela CVM, investidores e empresas do setor imobiliário poderão
comprar o direito de ampliar edificações em terrenos antes de uso mais
restrito. O dinheiro deverá ser aplicado para financiar várias intervenções no
local, como trincheiras. O destaque, contudo, seria o projeto de uma Vila
Olímpica, idealizado há 17 anos, que pode sair da prancheta com o aporte de
recursos.
No ano passado,
quando a ideia de venda do potencial construtivo foi anunciada, a previsão era
de que a comercialização começasse em março, mas o andamento do projeto indica
que antes de maio nada será negociado. A proposta está no chamado período de
silêncio, estimado em 60 dias. Em breve, os investidores poderão consultar
detalhes da oferta. O leilão dos títulos será em lotes, mas não foram
divulgadas informações como quantidade de títulos ou valores prévios dos
Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs).
Fábio Tadeu Araújo,
consultor da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no
Estado do Paraná (Ademi-PR), diz creditar que o potencial construtivo ofertado
pela prefeitura será bem recebido pelo mercado. O fato de que o dinheiro
captado com a venda dos títulos deve obrigatoriamente ser aplicado na Linha
Verde é bem visto. “Assim, a região se valoriza. O crescimento será induzido”,
diz. O prazo de conclusão das obras é de até 30 anos.
Para o urbanista
Luiz Henrique Cavalcanti Fregomeni, que também é professor da Universidade
Federal do Paraná, a lei de zoneamentos, que fixa restrições a construções, é
uma técnica que busca formas harmoniosas de ocupação do espaço urbano. “Esta é
uma forma de a população ter retorno com a mais valia gerada para os
empreendimentos a partir dos investimentos que já foram feitos”, diz. O
professor lamenta que um novo eixo de transporte foi projetado e recebe
recursos antes de outros projetos de desenvolvimento que tinham previsão de
adensamento sejam concluídos, como a linha estrutural norte.
Espaço reunirá
diversas estruturas esportivas
A recente
divulgação do estudo de impacto ambiental da chamada Operação Urbana
Consorciada – que é o pacote de obras adicionais previstos para a Linha Verde –
revelou que a concretização da Vila Olímpica de Curitiba é a principal obra a
ser financiada pela venda de Certificados de Potencial Adicional de Construção
(Cepacs). O arquiteto Luiz Hayakawa, que já foi presidente do Ippuc, conta que
não há estimativa de quanto a obra vai custar.
A Vila Olímpica foi
idealizada há 17 anos, ainda na época do governador Jaime Lerner, que queria um
espaço de integração entre as várias estruturas esportivas já existentes na
região do Tarumã, como o ginásio, o estádio do Pinheirão, o Jóquei Clube, a
hípica, o Colégio Militar e até, um pouco mais a frente, o autódromo. “Será uma
alameda ambiental”, resume Hayakawa. Deve ter aproximadamente 40 metros de
largura e quase um quilômetro de extensão, acompanhando o comprimento do Jóquei
Clube. “A intenção é recuperar uma área subutilizada, fazer o alargamento de
vias e criar um espaço de convívio”, relata.
Também podem ser
viabilizadas, a partir da venda de Cepacs, nove passagens, que ganharam o nome
de trincheiras ecológicas por não priorizarem os veículos e sim o trânsito de
pedestres. Hayakawa comenta que nas imediações dos terminais projetados para a
Linha Verde Norte, a distância de um quilômetro cada, serão construídas praças
dos dois lados da rua. Assim, as pessoas passariam por uma área verde,
cruzariam a Linha por baixo, com segurança, e concluiriam a travessia chegando
em outra área de lazer.
Por Katia Brembatti

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