Eleitores egípcios lotaram os locais de votação no segundo e último
dia da primeira eleição presidencial nesta quinta-feira, num momento histórico
para o país que escolhe livremente o seu líder pela primeira vez em seis
décadas.
Quinze meses
depois da revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak, os 50 milhões de
eleitores têm a chance de eleger um político islâmico para governar o país
pelos próximos quatro anos, mas candidatos laicos, como o ex-chanceler Amr
Moussa e o ex-premiê Ahmed Shafiq também têm chances.
Eleições
parlamentares concluídas no começo de 2012 deram maioria ao partido Irmandade
Muçulmana, e alguns eleitores já manifestam frustração com a atuação dos novos
deputados, que não conseguiram enfrentar problemas como a criminalidade, a desordem
e as dificuldades econômicas.
Por isso, muitos
preferem que o governo seja ocupado por alguém com experiência militar ou em
cargos públicos, mesmo que o escolhido tenha vínculos com o regime deposto.
Sob sol forte,
grandes filas se formaram em frente às seções eleitorais, já que muitos
eleitores estão dispostos a não perderem a chance de participar do primeiro
turno. O governo decretou feriado na quinta-feira para permitir que
funcionários públicos compareçam às urnas.
"Vim ontem,
achei muito lotado, então vim hoje", disse o engenheiro Khaled Abdou, de
25 anos, que votava no Cairo. "Preciso participar na escolha do
presidente, e espero que isso leve a uma estabilidade e à mudança
necessária."
A votação foi
tranquila na quarta-feira, exceto por um incidente em que Shafiq, ex-comandante
da Força Aérea e último premiê do regime Mubarak, foi alvo de pedradas e
sapatadas, sem se ferir.
Outros
candidatos importantes incluem Mohamed Mursi, 60 anos, da Irmandade Muçulmana;
Abdel Moneim Abol Fotouh, 60 anos, político islâmico independente; Moussa, 75,
que foi chanceler do governo Mubarak nos anos 1990, e depois dirigiu a Liga
Árabe; e o esquerdista Hamdeen Sabahy, 57.
Não há pesquisas
confiáveis para indicar o ganhador, mas essa incerteza, ao invés de afligir os
egípcios, marca o fim de uma época em que os resultados eleitorais eram
conhecidos de antemão.
"Esta é a
primeira vez que voto na minha vida toda. Não participei das eleições
anteriores porque sabíamos quem seria o presidente. Esta é a primeira vez que
não sabemos", disse o engenheiro Mohamed Mustafa, 52 anos, no bairro de
Zamalek, no Cairo.
Dificilmente
algum dos 12 candidatos obterá maioria absoluta, o que levará à realização de
um segundo turno nos dias 16 e 17 de junho. O resultado deve ser conhecido até
sábado, embora a apuração oficial só deva terminar na terça-feira.
A Irmandade
Muçulmana disse que Mursi liderou no primeiro dia da votação. A campanha de
Moussa também pôs Mursi na liderança, com seu candidato em segundo lugar. Essas
estimativas não puderam ser confirmadas.
Por Samia
Nakhoul e Tom Perry
(Reportagem
adicional de Edmund Blair)
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