Wulff era visto como uma escolha controversa de
Merkel,
já que ele tinha uma carreira política ativa -
o cargo da
presidência na Alemanha é basicamente cerimonial
O mais
jovem dos presidentes da Alemanha, o conservador moderno Christian Wulff,
anunciou nesta sexta-feira sua renúncia depois que a Procuradoria pediu o fim
de sua imunidade por causa de uma série de casos de corrupção que o levaram às
primeiras páginas dos jornais.
"A confiança dos cidadãos foi afetada. Portanto, não posso seguir exercendo minha função. Por isso renuncio", declarou Wulff.
Na noite
de quinta-feira, a Procuradoria de Hannover (norte) havia reclamado que sua
imunidade fosse suspensa por suspeitas de corrupção por ele ter obtido várias
vantagens de amigos empresários.
A chanceler Angela Merkel, a promotora da eleição de Wulff, cancelou de última hora sua visita à Itália, onde deveria se reunir com o primeiro-ministro Mario Monti, para fazer uma declaração na qual pediu consenso para designar o próximo presidente alemão.
Desde
meados de dezembro, Wulff, de 52 anos, é alvo de críticas dos meios de
comunicação alemães que o acusam de ter tentado abafar um caso de crédito
privado obtido da esposa de um amigo industrial quando era chefe do governo regional
da Baixa Saxônia.
Desde
então, não há uma semana em que não apareça em um novo caso do mesmo tipo. Em
meados de janeiro, o endereço de seu ex-porta-voz, destituído no dia 22 de
dezembro, foi revistado. Este último é suspeito de corrupção por fatos
ocorridos entre 2007 e 2009, quando era o porta-voz de Wulff.
O
presidente alemão sempre rejeitou estas acusações e em meados de janeiro havia
excluído uma renúncia.
Na
Alemanha, as funções do presidente são essencialmente honoríficas, mas deve ser
uma autoridade moral.
Wulff
sempre projetou uma imagem de conservador moderno e sem problemas até os
escândalos o levarem às primeiras páginas da imprensa. Elegante, sorridente,
Wulff foi eleito presidente em 30 de junho de 2010 através do grande empenho de
Merkel, depois da surpreendente renúncia de seu antecessor Horst Köhler. Ele só
foi eleito depois da terceira rodada de uma votação em que bastava a maioria
simples, o que constituiu uma humilhação para a chanceler.
Até a
explosão dos escândalos, o presidente, considerado sem maior relevância,
mantinha excelentes relações com a imprensa, mas os vínculos que estabeleceu
com empresários quando dirigia o Estado regional da Baixa Saxônia (norte),
entre 2003 e 2010, foram fatais a ele.
Antes dos
recentes escândalos, em que chegou a ameaçar o chefe de redação do poderoso
tabloide Bild e meses depois de chegar à presidência, este católico praticante
provocou polêmica nas fileiras conservadoras quando afirmou que o Islã fazia
parte da Alemanha, durante a celebração do vigésimo aniversário da
Reunificação, em 3 de outubro de 2010.
Também
surpreendeu em agosto passado ao criticar a compra pelo Banco Central Europeu
(BCE) de obrigações de países em dificuldade, em plena crise do euro. Levando
em conta o apego da Alemanha ao princípio da independência dos bancos centrais,
essa intromissão do presidente em assuntos monetários foi algo inesperado.
Em
setembro passado, antes da visita do Papa Bento XVI, Wulff, divorciado e casado
novamente, afirmou que a Igreja católica deveria ser mais compreensiva com os
divorciados.
EFE

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