Entre os problemas, a desobediência à
restrição ao uso de garrafas de vidro e o número reduzido de banheiros
químicos. Segundo a PM, foram registradas duas ocorrências por perturbação do
sossego durante a madrugada

As pessoas dedicaram a maior parte do tempo para conversar e fazer novas amizades
Queima de fogos de artifício, brindes com
espumante, pessoas vestidas de branco se abraçando e desejando feliz ano novo
uns aos outros. Esse foi o clima do Réveillon Fora de Época que reuniu cerca de 25 mil
pessoas entre a noite de sábado (3) e a madrugada de domingo na Praça da
Espanha, no Batel. A maioria dos participantes recebeu convites (ou
simplesmente ficou sabendo sobre o evento) via redes sociais. A proposta era
celebrar à meia-noite – cada um à sua maneira – o “verdadeiro” início de ano,
seguindo o ditado popular de que no Brasil ele só se inicia depois do Carnaval.
Se em sua primeira edição, realizada em 2011,
foram aproximadamente quatro mil pessoas que compareceram ao evento, neste ano
o público foi seis vezes maior, segundo estimativa da Polícia Militar. E,
diferentemente do ano passado, o local contou com uma estrutura mais
apropriada. Policiais militares e guardas municipais fizeram a segurança de toda
a praça, enquanto banheiros químicos foram instalados pela Prefeitura de
Curitiba para atender os participantes.
Sem nenhuma programação cultural, o evento se
resumia a grupos de pessoas bebendo, conversando e ouvindo música nos carros. À
meia-noite, como no ano novo tradicional, houve queima de fogos e alguns
participantes mais exaltados se banharam no chafariz da praça. Para a
professora Danieli Fernandes, que acompanhou o evento pela primeira vez, a
iniciativa foi válida. “É uma celebração da diversidade, com pessoas de classes
sociais e tribos diferentes”, avaliou. “A partir do momento que as pessoas se
mobilizam para um evento como esse, também podem se unir para brigar por coisas
melhores”, acrescentou a gerente de vendas Bárbara Pilato.
Até a uma hora da manhã de domingo, a PM e a
Guarda Municipal não haviam registrado nenhuma ocorrência no evento. Um dos
problemas verificados no local, contudo, foi a não restrição a garrafas de
vidro. Algumas pessoas procuravam atendimento após cortar o pé em cacos dessas
garrafas. Também gerou reclamação o número pequeno de banheiros químicos, dez
ao todo, disponibilizados em apenas um ponto da praça. “É muito pouco para todo
esse pessoal que veio”, afirmou o estudante Ricardo Alvarez enquanto aguardava
numa longa fila.
Nas primeiras horas da festa, alguns
comerciantes se mostravam mais tranquilos com o aparato de segurança e a
organização do trânsito na região. Ruas do entorno foram interditadas para
facilitar o deslocamento dos participantes e evitar transtornos aos motoristas.
Segundo a Polícia Militar (PM) não houve
registros de problemas durante a festa. Apenas duas ocorrências foram
registradas, entre 2h30 e 3h30, nas ruas Ângelo Sampaio e Vicente Machado, nas
imediações da praça. A reclamação era de perturbação do sossego e viaturas da
corporação foram deslocadas para verificar os problemas.
Polêmica
O evento deste fim de semana não teve uma
organização formal e as pessoas foram convidadas a participar da festa por meio
das redes sociais. A ideia desse réveillon, segundo um porta-voz que só deu
entrevistas por e-mail, sem ser identificado, era mobilizar a população para um
evento divertido e inusitado. Por isso mesmo, o grupo não se comprometeu a
levar música, bebidas ou fogos de artifício, deixando a responsabilidade por
conta dos participantes. Somente pelo Facebook, 56 mil pessoas foram convidadas
a participar da festa. No fim da tarde de sábado (3), já passavam de 17 mil os
que haviam confirmado presença.
Na versão de 2011, o réveillon fora de época
deixou a Praça da Espanha com muito lixo no chão, carros com som alto e
desrespeito ao meio ambiente. Os comerciantes sofreram também com a procura por
banheiros nos seus estabelecimentos, sem que as pessoas consumissem algo no
local.
A prefeitura não foi notificada oficialmente
do evento, mas concordou em garantir a estrutura, apesar de afirmar que não
apoia a festa. O órgão ainda ressaltou que a praça não comporta um evento desse
porte.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) também
participou da discussão. O órgão enviou ofício à Secretaria municipal de Meio
Ambiente solicitando que o Executivo agisse para “impedir que este evento se
realize sem o mínimo de condições e estrutura”.
Praça Espanha na manhã de sábado (3), antes do evento...

... e depois da festa que reuniu 25 mil pessoas.
Por Anderson Gonçalves | Fotos Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

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