Embarques de produtos paranaenses
cresceram mais que as importações no 1.º bimestre, o que não ocorria desde 2006

Infladas pela antecipação dos embarques
de soja, as exportações de produtos paranaenses somaram US$ 2,38 bilhões no
primeiro bimestre deste ano, valor 26% superior ao do mesmo intervalo de 2011.
Foi a primeira vez desde 2006 que as vendas do Paraná a outros países cresceram
em ritmo superior ao das importações – estas aumentaram 23%, para US$ 3,03
bilhões.
O crescimento das exportações foi
disseminado: de 91 grupos de produtos monitorados pelo Ministério do
Desenvolvimento, 57 faturaram mais neste ano. Mas a expansão não teria sido a
mesma sem a soja. Apesar da quebra da safra estadual – que deve ser 23% menor
que a do ano passado, segundo projeção da Expedição Safra Gazeta do Povo –, os
embarques do grão foram multiplicados por dez em relação aos registrados nos
dois primeiros meses de 2011, atingindo 735 mil toneladas, vendidas por US$ 335
milhões. Sem a soja, as exportações do estado teriam crescido somente 10%.
A explicação para o fenômeno está no
crescimento da demanda externa, que elevou preços e “prêmios” do grão,
estimulando os produtores locais a vender mais cedo sua produção. Segundo
algumas corretoras, nos últimos dias os importadores têm oferecido “extras” de
mais de US$ 0,60 por bushel (27,2 kg) para a soja embarcada por Paranaguá, algo
incomum em época de colheita. Esse prêmio equivale a quase 5% da cotação atual
do grão no mercado internacional.
Outros destaques do primeiro bimestre
foram as exportações de veículos e peças, que cresceram 52%; de açúcar, que
aumentaram 65%; e de combustíveis, que quase duplicaram em relação ao acumulado
dos dois primeiros meses de 2011. As vendas de veículos e combustíveis contaram
com colaboração da Argentina, que, embora tenha erguido novas barreiras
protecionistas, elevou as compras desses produtos.
Déficit
O crescimento mais rápido das
exportações não evitou que o saldo da balança paranaense ficasse negativo pelo
sétimo mês seguido, muito embora em fevereiro a diferença entre exportações e
importações tenha sido de apenas US$ 3,4 milhões. No bimestre, o déficit
comercial somou US$ 649 milhões, bem superior ao de US$ 567 milhões do começo
do ano passado.
O maior importador do período foi o
setor automotivo, que, entre veículos prontos e componentes, trouxe do exterior
US$ 597 milhões no primeiro bimestre, quase o dobro do que faturou com suas
vendas a outros países.
Argentina compra mais carros e
combustíveis
A entrada em vigor de novas barreiras
comerciais na Argentina, em 1.º de fevereiro, não impediu que as exportações
do Paraná ao país vizinho fechassem o mês com forte crescimento. Os argentinos
compraram US$ 194 milhões em mercadorias paranaenses no mês passado, 35% a mais
que em janeiro e 53% acima do valor de fevereiro do ano passado. Em ambos os
casos, a expansão foi superior ao crescimento médio das vendas totais do
Paraná, de 11% e 22%, respectivamente.
Mas o aquecimento do comércio com a
Argentina concentrou-se em apenas duas categorias de produtos. As exportações
de combustíveis – principalmente diesel e óleo combustível – e veículos e peças
somaram US$ 144 milhões, três quartos do total, valor bem superior ao de
janeiro (US$ 84 milhões) e fevereiro do ano passado (US$ 75 milhões).
Desconsiderando esses dois grupos, os embarques paranaenses à Argentina teriam
recuado 16% em relação a janeiro e 3% sobre fevereiro de 2011.
Não há explicação clara para essa forte
expansão. Uma possibilidade é que em fevereiro foram realizadas exportações que
já haviam sido contratadas e autorizadas anteriormente pelo governo argentino –
que no mês passado passou a exigir das empresas locais, entre outros papéis,
uma declaração juramentada dos produtos que pretendem importar.
Outra hipótese é que as montadoras de
veículos que têm grande poder de articulação, filiais na Argentina e ainda a
proteção do regime automotivo entre os dois países – não tenham enfrentado as
mesmas dificuldades que outros setores e principalmente empresas de pequeno
porte passaram a enfrentar.
De 70 categorias de produtos que os
argentinos habitualmente compram do Paraná, 47 tiveram em fevereiro resultados
piores que os de janeiro – destas, 13 reduziram suas vendas a zero no mês
passado. No confronto com o mesmo mês de 2011, 35 grupos perderam receita em
fevereiro, e sete deles não conseguiram exportar um dólar sequer ao país
vizinho.
Entre as empresas que sofreram quedas
expressivas nas duas comparações estão fabricantes de papel (baixa de 49% nas
exportações em relação a janeiro e de 37% sobre fevereiro de 2011); plásticos
(-28% e -22%, respectivamente); madeira (-69% e -40%); produtos químicos (-40%
e -47%); e chocolates (-86% e -77%). (FJ)
Por Fernando Jasper
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