Reivindicada desde 2005 por moradores
da Vila São Judas Tadeu, conclusão de obra depende de duas prefeituras e do
governo estadual

Finalização depende da construção de aterros:
prefeitura de Curitiba
prevê entrega em até 45 dias
Uma reivindicação antiga dos moradores
da Vila São Judas Tadeu, em São José dos Pinhais, tem esbarrado na
burocracia do poder público. Desde 2005 os habitantes da região pedem uma ponte
sobre o Rio Iguaçu, que ligue a localidade a Curitiba, sem a necessidade de
passar pela BR-277. A ponte, que está em fase final de construção, depende do
trabalho das prefeituras dos dois municípios, além da participação do governo
do estado. Por envolver diversas esferas públicas, a obra sofre paralisações
constantes, segundo moradores.
A vila fica às margens da BR-277, que
ainda é a principal via de acesso entre o local e Curitiba. Na região vivem
cerca de 500 famílias, em torno de 1,5 mil pessoas, segundo a prefeitura de São
José dos Pinhais. A reivindicação só foi atendida em 2010, quando as duas
prefeituras iniciaram os trabalhos no empreendimento e o governo do estado
cedeu vigas de superestrutura.
Passados dois anos do início dos
trabalhos, a construção da ponte está parada desde o fim do ano passado. A
estrutura da ligação entre os municípios está pronta, mas falta fazer o aterro
nas cabeceiras para que veículos e pessoas possam transitar entre as cidades
sem passar pela BR-277. Enquanto a ponte não fica pronta, as famílias têm de
fazer um retorno pela rodovia, no cruzamento com a Avenida Rui Barbosa, o que
aumenta o tempo de viagem de quem está de carro ou a pé.
Caminho difícil
Hoje, o trajeto de carro até a capital
leva 15 minutos quando o trânsito não está congestionado. “Em horários de pico
a gente demora até 40 minutos para atravessar a divisa com Curitiba”, comenta
Denilson Primo, vice-presidente da associação de moradores do bairro. Unidades
de saúde, creches e estabelecimentos comerciais são o destino de muitos dos que
utilizam o caminho.
Primo ainda revela que seria melhor
para a população da região que os ônibus passassem pela Rua Antônio Leandro de
Souza, onde fica a ponte. Alguns habitantes do local reclamam que, como as
linhas metropolitanas passam pela rodovia federal, o acesso é perigoso por
causa da alta velocidade dos veículos e da violência na região. “Com o ônibus
dentro do bairro isso melhoraria”, diz o motorista Robson dos Santos, que mora
no local.
Procurada, a prefeitura de São José dos
Pinhais disse que a parte que dependia do município em relação a obra já foi
concluída em 2011. O poder público da cidade não informou sobre a possibilidade
da passagem de linhas de ônibus na nova ponte. A prefeitura de Curitiba disse
que a finalização da construção depende somente dos aterros para a ligação das
ruas com a estrutura já montada. O município vai utilizar o material restante
de outras obras para concluir o trabalho. O prazo para a finalização, segundo a
prefeitura de Curitiba, é de até 45 dias. Ninguém foi encontrado para falar
sobre o caso no governo do estado.
Comunidade reclama do isolamento
A construção da ponte entre São José dos Pinhais e Curitiba é
apenas uma das reivindicações da população. No bairro, não há creches nem
unidades de saúde. Os serviços mais próximos, no município, estão em bairros
distantes. A opção é utilizar unidades de saúde e escolas localizadas em
Curitiba, no bairro Cajuru. Segundo o vice-presidente da associação dos moradores,
Denilson Primo, tudo funciona no improviso. “O presidente da associação cedeu
espaço para a creche e uma igreja deixou a gente usar um espaço para o posto de
saúde.”
A prefeitura de São José dos Pinhais informou que não pode
construir creches e postos de saúde no bairro, pois as famílias estão em uma
Área de Preservação Permanente (APP), que fica próxima ao Rio Iguaçu. A
intenção, segundo a prefeitura, é retirar as famílias da região, pois apenas
20% delas estão em situação regular e o restante está em áreas de invasão. No
último dia 27 de março, representantes da Secretaria de Habitação de São José
dos Pinhais, da Companhia de Habitação do Paraná e da Coordenação da Região
Metropolitana de Curitiba estiveram no bairro para fazer o levantamento da situação
e avaliar a possibilidade da compra de todos os terrenos e realocação das
famílias.
Por Rodrigo
Batista
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