Atual prefeito
era candidato a vice de Richa quando comitê de dissidentes do PRTB, que apoiou
a reeleição do tucano, deixou de registrar supostos gastos eleitorais. Beto já
havia sido excluído da ação em 2010

Ducci: autores da ação contra o prefeito podem recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral
A Justiça
Eleitoral do Paraná considerou ontem que o prefeito de Curitiba, Luciano
Ducci (PSB), não teve qualquer envolvimento com a suposta prática de caixa 2 na
campanha eleitoral de 2008 envolvendo o Comitê Lealdade, formado por
dissidentes do PRTB. Na época, Ducci era candidato a vice na chapa do então
prefeito Beto Richa (PSDB), que concorria à reeleição e que foi apoiado pelo
comitê.
O juiz da 1.ª
Zona Eleitoral de Curitiba, Marcelo Wallbach Silva, julgou improcedente o
processo movido pelo próprio PRTB e também pelo PT, PMDB, PCdoB e PSC. Os
partidos pediam a cassação do mandato e dos direitos políticos de Ducci. Cabe
recurso da decisão de primeira instância ao Tribunal Regional Eleitoral do
Paraná (TRE-PR).
O governador
Beto Richa (PSDB), que era candidato à reeleição em 2008, já havia sido
retirado do processo em 2010, quando deixou o cargo de prefeito para concorrer
ao Palácio Iguaçu. Na ocasião, a Justiça entendeu que, como ele não era mais
prefeito, houve perda do objeto do processo.
Investigação
prossegue
Apesar da
decisão de ontem, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal
(PF) continuam a investigar suposto caso de caixa 2 na campanha de 2008. O juiz
eleitoral Wallbach Silva afirma, no despacho, que há fortes indícios da prática
– que consiste em não contabilizar recursos financeiros na prestação de contas
do candidato, configurando crime eleitoral.
“Não se pode
olvidar [esquecer], evidentemente, que há nos autos indícios veementes de que
houve distribuição de recursos não declarados a ex-candidatos, o que deve ser
objeto de investigação e apenamento, desde que comprovado.”
Os ex-candidatos
a que se refere o juiz são os dissidentes do PRTB, que deixaram de concorrer ao
cargo de vereador para apoiar a campanha de Richa por meio do Comitê Lealdade.
O PRTB, naquela eleição, estava formalmente coligado ao PTB do então candidato
à prefeitura Fabio Camargo.
Em 2009,
reportagens da Gazeta do Povo e do programa Fantástico, da Rede Globo de
Televisão, mostraram vídeos de 23 dissidentes do PRTB recebendo cada um, na
sede do Comitê Lealdade, até R$ 1,6 mil das mãos de Alexandre Gardolinski, que
era presidente do comitê. As imagens foram feitas pelo ex-servidor da
prefeitura de Curitiba Rodrigo Oriente, que integrava do comitê.
Como o dinheiro,
supostamente usado para financiar despesas eleitorais, não apareceu na
prestação de contas da eleição, levantou-se a suspeita de caixa 2.
Mas o juiz
eleitoral Wallbach Silva entendeu que nenhuma das provas juntadas no processo
apontaram qualquer envolvimento de Ducci. Todos os depoimentos prestados, cita
o juiz na sentença, indicaram para o fato de que em nenhum momento Ducci esteve
no Comitê Lealdade ou teve contato com qualquer dos envolvidos.
A Gazeta do Povo
tentou falar ontem com Luciano Ducci sobre a decisão judicial. Mas a assessoria
de imprensa do prefeito afirmou que ele não iria se manifestar.
Entenda o caso
O suposto caixa 2 ocorreu em 2008, na eleição para a
prefeitura de Curitiba. Saiba mais:
Racha no PRTB
Em junho de 2008, durante a campanha eleitoral, o pequeno
PRTB rachou. Oficialmente, o partido apoiava Fabio Camargo, do PTB, para a
prefeitura de Curitiba. Mas uma ala lança candidatura própria.
Desistência em massa
A ala dissidente do PRTB abandona a campanha de Fabio
Camargo em julho. Dos candidatos a verador pelo partido, 23 desistem e passam a
apoiar a candidatura à reeleição de Beto Richa (PSDB), que tem Luciano Ducci
(PSB) como vice na chapa.
Eleitos
Em outubro, Richa e Ducci são eleitos. O grupo dissidente
do PRTB emplaca Manassés de Oliveira como secretário municipal de Assuntos
Metropolitanos.
Denúncia
Em junho de 2009, a Gazeta do Povo publica reportagem
mostrando que dissidentes do PRTB receberam dinheiro dentro do Comitê Lealdade,
formado para apoiar a eleição de Richa. O prefeito demite Manassés e mais dois
funcionários do grupo ao ser informado pela reportagem de que eles apareciam em
um vídeo recebendo o dinheiro de Alexandre Gardolinski, chefe do comitê.
Na Justiça
Cinco partidos de oposição entram com ação judicial
pedindo a cassação de Richa em 26 de junho de 2009. A alegação é de que os
gastos do Comitê Lealdade não foram incluídos na contabilidade entregue pela
campanha de Beto à Justiça Eleitoral, o que configuraria caixa 2.
Renúncia
Richa renuncia à prefeitura de Curitiba em abril de 2010
para disputar o governo do estado. Como a punição para o possível caixa 2 era a
perda do cargo, a Justiça entende que Richa não faz mais parte da ação. Ducci
passa a ser o prefeito e continua no processo.
Decisão
Depois de a defesa de Ducci ter ido ao Tribunal Superior
Eleitoral e parado o processo por meses, o caso volta ao primeiro grau. Ontem,
o juiz Marcelo Wallbach Silva, da 1ª Zona Eleitoral de Curitiba, decidiu pela
absolvição de Ducci. Cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral.
Por Karlos
Kohlbach
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