Há um carro para
cada 1,3 habitante; Ippuc diz que trânsito é bom na cidade.
Para especialista talvez seja hora de se repensar a sociedade e não o trânsito.
Para especialista talvez seja hora de se repensar a sociedade e não o trânsito.

O aposentado Ivo Jorge Palu considera que falta
respeito no trânsito de Curitiba
(Foto: Arquivo pessoal)
respeito no trânsito de Curitiba
(Foto: Arquivo pessoal)
O trânsito já se
tornou reclamação constante na boca do curitibano e um dos motivos pode ser a
quantidade de carros nas ruas da cidade. De acordo com dados do Departamento
Nacional de Trânsito (Denatran) e do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a capital do Paraná tem a quarta maior proporção entre
pessoas e automotores. Existe um veículo para cada 1,3 habitante. Isso
significa que são 1.746.896 curitibanos para 1.315.305 veículos. Diante de
tantos carros, o tráfego intenso acaba sendo inevitável.
Em horário de rush, usuários do transporte coletivo esperam fora das estações tubo
(Foto: Luis Antônio de Andrade Silva)
Na avaliação do
professor de Urbanismo do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Paulo Rolando de Lima, os
congestionamentos e a demora no deslocamento diário vão continuar crescendo.
“Este é o preço que se vai pagar por ter optado pelo transporte individual.
Todos reclamam, mas querem ir à padaria de carro”. Aliado a isso, destacou o
docente, tem-se a melhoria da renda da população e o crescimento da chamada
Classe C, que consome cada vez mais e a partir de agora pode concretizar o
sonho do carro próprio.
Parte deste problema, que também pertence a realidade da outras grandes cidades, pode ser solucionada com investimentos no transporte público a ponto de torná-lo confortável para aqueles usuários que não têm outra opção e atrativo para aqueles que possuem carro. A ideia é que o carro não faça parte do dia a dia. "O cidadão precisa entender que ele faz parte do funcionamento do trânsito", afirmou Paulo de Lima.
Parte deste problema, que também pertence a realidade da outras grandes cidades, pode ser solucionada com investimentos no transporte público a ponto de torná-lo confortável para aqueles usuários que não têm outra opção e atrativo para aqueles que possuem carro. A ideia é que o carro não faça parte do dia a dia. "O cidadão precisa entender que ele faz parte do funcionamento do trânsito", afirmou Paulo de Lima.
Este cenário pouco animador do urbanista também é
percebido pelo aposentado Ivo Jorge Palu, de 58 anos, que desde 1977 dirige
pela capital paranaense. Ele avalia o trânsito da cidade como caótico a
qualquer hora do dia. “O investimento no transporte público está atrasado uns
dez anos. Deixaram de investir e por isso a população pegou o carro”, disse
Ivo.
Segundo o aposentado, já não há mais diferença sair nos horários de maior movimento ou sair nos horários intermediários. " Para o meu lazer eu saio de Curitiba antes da 6h", comentou.
Segundo o aposentado, já não há mais diferença sair nos horários de maior movimento ou sair nos horários intermediários. " Para o meu lazer eu saio de Curitiba antes da 6h", comentou.
Para Ivo falta também educação. “Eu acho que as pessoas
perderam a noção do perigo, perderam a educação, não respeitam mais ninguém”,
comentou. Para ele também é preciso que os motoristas de carro e os motoqueiros
aprendam a conviver melhor no trânsito.
Ele mora no bairro Novo Mundo e comentou que quando precisa ir ao Centro opta pelo ônibus, entretanto, o trajeto que fica cerca de dez minutos mais rápido acaba sendo tão sofrido quanto o deslocamento de carro. “As pessoas sofrem muito para fazer uma coisa de primeira necessidade que é ir trabalhar”, avaliou o aposentado. O bairro Novo Mundo e o Centro ficam a uma distância média de nove quilômetros.
Ao contrário de Ivo, a recepcionista Tânia Mara da Silva Ferreira, de 34 anos, sentiu que nos últimos anos o transporte coletivo melhorou. “Antes era mais lotado, demorava mais o ônibus, agora está melhor do que era há cinco anos”, disse. Ela mora em Colombo, na Região Metropolitana, e trabalha no bairro Bigorrilho, a aproximadamente 25 quilômetros de distância. Ela leva de uma hora e meia a duas horas para chegar ao emprego. O expediente começa às 9h e a recepcionista acorda às 6h30 para pegar o primeiro dos quatro ônibus às 7h30.
Ele mora no bairro Novo Mundo e comentou que quando precisa ir ao Centro opta pelo ônibus, entretanto, o trajeto que fica cerca de dez minutos mais rápido acaba sendo tão sofrido quanto o deslocamento de carro. “As pessoas sofrem muito para fazer uma coisa de primeira necessidade que é ir trabalhar”, avaliou o aposentado. O bairro Novo Mundo e o Centro ficam a uma distância média de nove quilômetros.
Ao contrário de Ivo, a recepcionista Tânia Mara da Silva Ferreira, de 34 anos, sentiu que nos últimos anos o transporte coletivo melhorou. “Antes era mais lotado, demorava mais o ônibus, agora está melhor do que era há cinco anos”, disse. Ela mora em Colombo, na Região Metropolitana, e trabalha no bairro Bigorrilho, a aproximadamente 25 quilômetros de distância. Ela leva de uma hora e meia a duas horas para chegar ao emprego. O expediente começa às 9h e a recepcionista acorda às 6h30 para pegar o primeiro dos quatro ônibus às 7h30.
De acordo com o professor Paulo Rolando de Lima, a estrutura
do transporte coletivo de Curitiba já funcionou bem, mas hoje, com o
crescimento da cidade, o deslocamento para algumas regiões é difícil. “Só para
o Centro está resolvido, mas precisa ampliar e melhorar as linhas que ligam os
bairros”, afirmou. “É necessário dar eficiência e velocidade no percurso”,
acrescentou.
Conforme análise do professor, poderia se criar canaletas
exclusivas para o ônibus Interbairros e para o Ligeirinho, por exemplo. “Tem
que ser mais eficiente, confortável, seguro e barato. Se você tiver que sair de
casa com duas pessoas é mais barato ir de carro do que de ônibus”, declarou o
professor. Atualmente a tarifa do transporte coletivo é de R$ 2,60.
A questão dos táxis que rodam pela cidade também deve ser
avaliada para que haja melhoras no trânsito. Contudo, na opinião do professor,
deve-se pensar em medidas direcionadas para os táxis como a utilização de
faixas exclusivas. O professor considera, inclusive, alguns incentivos do
governo para que o serviço fique mais barato. “Isso tiraria muito carros de
circulação das ruas para deslocamentos diários, como levar os filhos na escola
e ir ao trabalho”, comentou.
Atualmente, a proporção de táxis em Curitiba é de um carro para cada 775 habitantes. São, ao todo, 2.252 veículos autorizados a prestar o serviço. No Rio de Janeiro, onde a 32 mil veículos disponíveis, a proporção fica em um taxi para cada 197 habitantes. Em Porto Alegre, que é menor que Curitiba, a proporção é de um carro para cada 359 moradores. Os dados são das prefeituras e do IBGE. A Câmara Municipal de Vereadores aprovou o projeto de lei que permite o número de taxis nas ruas aumente entre 200 e 1.200. O projeto foi encaminhado para sanção do prefeito Luciano Ducci (PSB).
Atualmente, a proporção de táxis em Curitiba é de um carro para cada 775 habitantes. São, ao todo, 2.252 veículos autorizados a prestar o serviço. No Rio de Janeiro, onde a 32 mil veículos disponíveis, a proporção fica em um taxi para cada 197 habitantes. Em Porto Alegre, que é menor que Curitiba, a proporção é de um carro para cada 359 moradores. Os dados são das prefeituras e do IBGE. A Câmara Municipal de Vereadores aprovou o projeto de lei que permite o número de taxis nas ruas aumente entre 200 e 1.200. O projeto foi encaminhado para sanção do prefeito Luciano Ducci (PSB).
O metrô que para muitos pode amenizar o trânsito e o
problema do transporte público não é visto da mesma maneira pelo professor da
UTFPR. “Como o metrô veio para substituir a linha dos Expressos (ônibus que
circulam em vias exclusivas, chamadas de canaletas), ele vai resolver pouco.
Mas, como é um fato consumado, é necessário fazer algumas coisas para
aperfeiçoar o deslocamento como criar um sistema de alimentação, que leva as
pessoas para as estações de metrô com o mesmo grau de eficiência que o metrô”,
explicou.
O ideal é que se tenha também bicicletários e estacionamentos, para que as pessoas possam se for o caso, fazer parte do trajeto de carro. Estes aspectos estão previstos no projeto elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbanos de Curitiba (Ippuc) e aprovado pelo Ministério das Cidades.
A primeira fase, chamada de Linha Azul, vai ligar a região Sul à Norte. De acordo com a prefeitura, este eixo opera atualmente com 400 mil usuários por dia. Serão 13 estações, da Cidade Industrial de Curitiba (CIC-Sul) à Rua das Flores, no Centro da cidade. As estações estarão cerca de um quilômetro de distância uma da outra e o metrô deve levar seis minutos para percorrer o trecho de aproximadamente 14 quilômetros.
Segundo Paulo de Lima, Curitiba pode atuar para melhorar o que se tem hoje e também para evitar que os problemas no trânsito ganhem proporções ainda maiores. E chama atenção para outra discussão. "Todas as escolas mesmo horário, todos os shoppings, talves as melhores soluções não estejam no trânsito e sim no funcionamento das cidades".
O ideal é que se tenha também bicicletários e estacionamentos, para que as pessoas possam se for o caso, fazer parte do trajeto de carro. Estes aspectos estão previstos no projeto elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbanos de Curitiba (Ippuc) e aprovado pelo Ministério das Cidades.
A primeira fase, chamada de Linha Azul, vai ligar a região Sul à Norte. De acordo com a prefeitura, este eixo opera atualmente com 400 mil usuários por dia. Serão 13 estações, da Cidade Industrial de Curitiba (CIC-Sul) à Rua das Flores, no Centro da cidade. As estações estarão cerca de um quilômetro de distância uma da outra e o metrô deve levar seis minutos para percorrer o trecho de aproximadamente 14 quilômetros.
Segundo Paulo de Lima, Curitiba pode atuar para melhorar o que se tem hoje e também para evitar que os problemas no trânsito ganhem proporções ainda maiores. E chama atenção para outra discussão. "Todas as escolas mesmo horário, todos os shoppings, talves as melhores soluções não estejam no trânsito e sim no funcionamento das cidades".

Ippuc avalia que trânsito de Curitiba tem retenções,
mas flui bem (Foto: Bibiana Dionísio/ G1 PR)
mas flui bem (Foto: Bibiana Dionísio/ G1 PR)
Para Ippuc, apesar da quantidade de carros, trânsito em Curitiba flui bem
Na avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbanos de Curitiba (Ippuc), Cléver Almeida, o trânsito na cidade
está em boas condições. "O nosso trânsito tem algumas retenções, mas é um
trânsito que flui".
Segundo ele, ainda que haja muitos carros na cidade, 45% da população utiliza os ônibus coletivos. Almeida destaca que o poder público prioriza o transporte público e, por isso, é utilizado não só por quem necessita mas também quem tem a opção do transporte individual.
Segundo ele, ainda que haja muitos carros na cidade, 45% da população utiliza os ônibus coletivos. Almeida destaca que o poder público prioriza o transporte público e, por isso, é utilizado não só por quem necessita mas também quem tem a opção do transporte individual.
A Linha Verde (antiga BR-476), alvo de muitas
reclamações, de acordo com Almeida, é uma das obras voltadas para o transporte
público que criou um novo eixo de desenvolvimento integrado à cidade. O
presidente acrescentou que com a Linha Verde aqueles que utilizam a linha
Boqueirão tiveram o tempo de viagem reduzido e a frota disponível é moderna e
confortável. Segundo ele, a prefeitura adquiriu 557 novos ônibus que são menos
poluentes e também possuem capacidade para transporte mais passageiros.
Segundo o presidente do Ippuc, a Rede Integrada de
Transporte (Rit) é ampla. “A gente tem uma rede de transporte com várias
possibilidades de deslocamento e ele [o usuário] escolhe como fica mais fácil
para ele do ponto de vista da origem e do destino”. De acordo com Almeida, em
toda a cidade em, no máximo, 500 metros há uma linha do transporte coletivo.
Ele ressaltou a linha Inter 2 que diante do crescimento da demanda recebeu
novos veículos com maior capacidade e teve as estações tubo ampliadas.
Cléver Almeida destacou ainda que o metrô estará ligado
com toda a rede de transporte coletivo assim como hoje ocorre nos terminais e
que a prefeitura também está investindo em obras para facilitar a mobilidade da
população como construção de trincheiras, pavimentação e a implantação do Anel
Viário com 25 quilômetros de extensão. Esta obra visa, como declarou Almeida,
retirar parte do trânsito do Centro da cidade e desta forma facilitar o
deslocamento das pessoas.
Por Bibiana
Dionísio
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