'Dia dos Mártires' levou manifestantes para avenida
interditada a protestos.
Ato pedia direito a manifestações no local; cenas lembram revolta em 2011.
Ato pedia direito a manifestações no local; cenas lembram revolta em 2011.

Manifestante chuta de volta uma lata de gás lacrimogêneo atirada
pela
polícia para conter protesto em Túnis (Foto: Hassene Dridi/AP)
A comemoração do "Dia dos Mártires" nesta
segunda-feira (9) na Tunísia foi marcada por violência no centro da capital,
Túnis. Os policiais lançaram uma chuva de gás lacrimogêneo nos manifestantes,
que tentavam protestar na simbólica Avenida Bourguiba, interditada às
manifestações.
Os tunisianos incrédulos assistiram cenas de violência
que não viam há tempos: centenas de policiais reprimindo o ato, manifestantes
sendo atacados e presos brutalmente.
Os manifestantes se reuniram às 10h, após um apelo
lançado nas redes sociais, para celebrar o "Dia dos Mártires" e para
exigir a reabertura da avenida, interditada desde 28 de março pelo ministério
do Interior.
"Fomos nós que libertamos a Tunísia, eles não têm o
direito de interditar manifestações pacíficas", declarou o manifestante
Mohsen Ben Henda.
No início da ação policial, a multidão começou a correr e
se refugiar em lojas da avenida, mas alguns grupos conseguiram rapidamente se
reagrupar na Avenida Mohamed V, paralela à Bourguiba. As pessoas gritavam:
"Fora! Fora!", o mesmo slogan da revolução.
"É um absurdo o que está acontecendo hoje",
afirmou uma advogada. "Nós somos pacíficos. Eles nos interditaram a
Avenida Bourguiba enquanto liberaram para os salafistas", disse.
Já no sábado (7), uma manifestação de diplomados
desempregados, que tentavam acessar a avenida, foi violentamente dispersada.
"Estou chocado. As pessoas que a revolução trouxe ao
poder são aquelas que nos impedem de nos manifestarmos hoje", disse o
ex-presidente da Liga Tunisiana dos Direitos Humanos, Mokhtar Trifi.
Dois jornalistas, a correspondente da revista "Le
Point" e a editora do site Kapitalis, foram agredidos pela polícia.
O porta-voz do ministério do Interior, Khaled Tarrouche,
reiterou a interdição de manifestação. "Não iremos deixar que o caos se
espalhe. As pessoas podem se manifestar em outro lugar que não na avenida
Bourguiba" , disse.
De acordo com ele, ao lançar gás lacrimogêneo, as forças
de ordem "queriam evitar confrontos mais graves", os manifestantes
atiraram pedras e uma coquetel molotov destruiu um carro da polícia.
O protesto desta segunda-feira foi convocado nas redes
sociais para comemorar o "Dia dos Mártires" em memória da sangrenta
repressão por tropas francesas de uma manifestação em 9 de abril de 1938.
Cerimônias oficiais, com a presença do primeiro-ministro
Hamadi Jebali e do líder do partido islâmico Rached Ghannouchi, estão
programadas para a tarde desta segunda-feira. Enquanto isso, confrontos
esporádicos continuaram no centro da cidade.
AFP
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