Comercialização acelerada cria fila de
51 navios em Paranaguá. Espera chega a um mês, o dobro do tempo necessário para
atravessar o Atlântico

O aumento de 67% na exportação de soja
em grão no primeiro quadrimestre, em relação ao mesmo período do ano passado,
está obrigando o Porto de Paranaguá a trabalhar no limite para atender a alta
demanda internacional. O terminal por onde escoa um quarto de toda a oleaginosa
brasileira registra filas de mais de 50 navios aguardando para atracar. Sem a
estrutura necessária para atender aos contratos internacionais em curto prazo,
o tempo de espera para embarcar o produto é, em média,
Ontem, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa)
registrava 16 navios atracados, 51 ao largo – quando a embarcação está
esperando para chegar ao cais. Outros 23 são esperados para as próximas 48
horas. Quase metade das embarcações na fila aguarda por um lugar no corredor de
exportação de soja em grão e farelo de soja.
“Navio parado é navio com prejuízo. As embarcações precisam
cumprir um calendário de chegada em outros portos do mundo conforme estipulado
em contrato”, aponta Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da
Federação de Agricultura do Paraná (Faep). “Acima de 15 dias, os navios já
querem ir embora.”
Além das perdas financeiras dos embarcadores, a estimativa de três
semanas de espera para o início da operação de embarque estaria fazendo com que
alguns exportadores excluíssem Paranaguá do roteiro. A opção é desviar os
navios para outros portos como o de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
Apesar do período considerado longo, o diretor técnico do Porto de
Paranaguá, Paulinho Dalmaz, acredita que a espera não irá afastar novos
negócios do litoral paranaense. Segundo o executivo, o período está “dentro do
histórico” da Appa. “No ano passado, a espera era de 25 dias. O histórico do
porto mostra que sempre ocorre um grande período de espera nesta época do ano”,
diz. “Fizemos melhorias significativas na estrutura e logística e, após anos,
os exportadores estão voltando”, rebate.
O gerente do terminal portuário Cotriguaçu – que faz parte do corredor
de exportação de Paranaguá –, Rodrigo Buffara Coelho, reconhece a melhoria
logística que ocorreu no último ano. Porém, destaca que é preciso investir para
aumentar os negócios. “Hoje [o Porto de Paranaguá] está operando no limite. A
disciplina logística imposta pela administração melhorou as coisas. Mas é
preciso investir na infraestrutura para dar um salto maior”, explica.
Exportação
De acordo com dados da Appa, o Porto de Paranaguá embarcou 2,9
milhões de toneladas de soja em grão e 1,7 milhão de toneladas de farelo da
oleaginosa para o exterior no primeiro quadrimestre, crescimento de 67% e 22%
em relação aos primeiros quatro meses de 2011.
A alta nas exportações é reflexo da valorização da oleaginosa no
mercado internacional. Com a saca de soja beirando os R$ 60, os produtores
estão vendendo de forma acelerada, principalmente para a China, maior comprador
mundial da commodity.
Os preços internos são melhores devido também à valorização do
real frente ao dólar. Parte dos produtores está antecipando inclusive a venda
da safra 2012/13. Se a comercialização antecipada se repetir, o mesmo quadro de
concentração do escoamento no início do ano será enfrentado em 2013.
“É uma equação de vários fatores. O dólar alto, preço bom, fatores
climáticos que estão ajudando e permitem o carregamento, Paranaguá escoando
parte das safras de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, isso tudo forma o cenário
ideal para exportação”, aponta Coelho.
Drama coletivo
Santos (SP) e Rio Grande (RS) também enfrentam filas e lentidão
Santos (SP) e Rio Grande (RS) também enfrentam filas e lentidão
Nos outros dois mais importantes portos exportadores de soja do
Brasil, Santos (SP) e Rio Grande (RS), as embarcações com contrato para
carregar esperam menos tempo do que em Paranaguá para realizar o serviço e
seguir viagem. A diferença chega a uma semana.
Ontem, no site da autoridade portuária de Santos era possível
verificar 34 navios atracados e 126 esperados nos próximos 30 dias, sendo a
maioria para carregar contêineres, principal carga movimentada na autarquia. A
administração do Porto não soube informar qual o tempo médio de espera. Porém,
com base nas informações do site, as embarcações para embarque de soja estão
esperando, em média, 12 dias.
A espera nos terminais privados da autarquia do litoral paulista é
ainda menor. Os navios com contrato aguardam, no máximo, cinco dias para levar
a carga. “A fila é pequena e estamos cumprindo os contratos firmados no início
do ano”, diz Marcos Khalil, gerente de operações do Terminal de Granéis do
Guarujá (TGG), que exportou 6 milhões de toneladas em 2011, incluindo soja,
milho e farelo de soja. “Difícil saber agora quanto será exportado esse ano”,
complementa.
Concentração
No Porto de Rio Grande, no litoral gaúcho, não foi possível
estimar quantos dias aos navios esperam para carregar soja. O site da administração
portuária não traz a informação e a assessoria de comunicação apenas informou
que “30 navios atracaram no porto para realizar a exportação de soja em grão e
farelo no primeiro trimestre”. Segundo informações, foram exportadas 293 mil
toneladas de soja em grão nos três primeiros meses do ano, com crescimento de
44,64% em relação a 2011.
Por Carlos Guimarães Filho
Por Carlos Guimarães Filho
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