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terça-feira, 8 de maio de 2012

A rotina que faz bem às crianças

Há quem pense que horários definidos servem para colocar as crianças nos eixos, mas a sua utilidade vai além disso. O hábito é importante para o bom desenvolvimento dos jovens

Daniel Castellano / Gazeta do Povo / André e Sandra Barbian têm horários definidos a serem seguidos pelos filhos Luanna e André Júnior
André e Sandra Barbian têm horários definidos a serem seguidos 
pelos filhos Luanna e André Júnior


Ensinar uma criança a ter autonomia, segurança e estabilidade e levar isso para a vida adulta não é tarefa fácil. A rotina mostra-se uma grande aliada de pais e educadores que têm esse objetivo. No entanto, enquanto as escolas costumam ter organizados os horários para todas as atividades, em casa, a organização de tempo costuma deixar muito a desejar.

Sem horário definido para acordar, para a alimentação, higiene ou lazer, é comum a criançada apresentar quadros com algum grau de ansiedade e insegurança. Isso acontece porque a infância é a fase da vida em que muitas transformações cena e a instabilidade já se apresenta internamente. “O mundo externo tem de ser organizado para que o potencial biológico da criança se desenvolva [bem]”, diz a pedagoga Sandra Dias Costa, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Competências
É preciso tentar manter o imprevisível dentro da previsibilidade. “As crianças chegam sem maturidade neurológica ou psicológica em um mundo social já construído. É a rotina que passa segurança e estabilidade e permite que meninos e meninas construam as próprias referências e desenvolvam autonomia”, diz Sandra. Além de questões do desenvolvimento cognitivo, uma rotina bem estabelecida também contribui para estimular competências sociais. Aí entram a pontualidade e a organização nos estudos ou no trabalho, por exemplo.

Para a psicóloga Manuela Christ Lemos, a rotina é essencial também para que a palavrinha mais falada nos últimos tempos relacionada à educação seja assimilada: limites. O hábito seria a base para estruturar os limites. Por meio da rotina, a criança aprende que não tem acesso a tudo o que quer, na hora que bem entende. “Assim ela vai aprendendo a vivenciar as frustrações e percebendo o que é realidade e possível e o que é fantasia ou desejo”, afirma a psicóloga, que é especialista em Terapia Cognitiva Comportamental.

Desde bem pequenos, Luanna e André, 11 e 9 anos, respectivamente, aprenderam com os pais que os compromissos não podem ser deixados para depois, como conta sua mãe, Sandra Mara Barbian, 44 anos. Enquanto André sofre para acordar cedo para as aulas de futebol, Luanna tem a semana dividida entre escola, natação, catequese e aulas de inglês. Mas há espaço para ajustes em alguns horários. “Eles reclamam quando estão cansados para estudar e pedem para continuar no dia seguinte. Às vezes paramos para relaxar e retomamos depois. Mas eles estão bem cientes de que não têm outro caminho: é preciso estudar”, diz.

É preciso afeto e flexibilidade
A palavra rotina não deve estar ligada à disciplina rígida e não pode ser estabelecida de forma severa. A pedagoga Sandra Dias Costa explica que a definição de horários e compromissos deve ser feita com afetividade e flexibilidade, de forma que a criança sempre se sinta em um ambiente organizado e possa entender que a rotina pode ser modificada. “Muitas crianças têm agendas cheias de atividades que nem sempre são desejadas. A família precisa conversar e se organizar. Todos devem falar a mesma língua, lembrando que o exemplo dos pais vale muito”, diz.

Para avaliar se a rotina está adequada à criança, alguns sinais podem ser observados. “O cansaço, o ritmo de sono e a alimentação e como a criança está respondendo a isso podem mostrar se ela está conseguindo se adaptar ou não. Às vezes, ela pode apresentar também problemas de retenção de fezes e dificuldades em usar o banheiro”, lembra a psicóloga Manuela Christ Lemos.


Por Adriana Czelusniak

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